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05 maio 2013

Cristãos ateus

Sobre o monoteísmo cristão...

Cristãos ateus

Os cristãos da antiguidade, aos olhos do império romano, eram considerados ateus, pois não criam nos muitos deuses que eram adorados na época, assim como também não criam na divindade do imperador romano.
Na língua grega, um cristão poderia confessar a sua fé dizendo “Christos Kurios” (“Cristo é o Senhor”) ou “Iesous Kurios” (“Jesus é o Senhor”). O fundamento bíblico pode ser encontrado na carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses (2:9-11). Mas o império romano requeria a confissão da divindade do imperador, “Kaiser Kurios” (“César é o Senhor”).
De acordo com os historiadores, os romanos abominavam o “ateísmo” dos cristãos, pois acreditavam que a falta de adoração deles aos deuses da cultura romana poderia ser a causa de algumas dificuldades pelas quais estivesse atravessando o império, naquela época, como se fosse resultado de um julgamento desses seus deuses.
A palavra “ateu” tem origem na língua grega (“atheos”), onde “a” é uma partícula de negação e “theos” significa deus. Portanto, um ateu seria alguém que nega a deus.
Segundo o ponto de vista cristão, um ateu é aquele que não crê no Deus único e verdadeiro, o Senhor presente nas Sagradas Escrituras: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).
Um dos relatos mais significativos, registrados neste período, foi o de um patriarca da igreja cristã, chamado Policarpo de Esmirna, que foi martirizado pelo império romano. Segundo o relato histórico, a autoridade romana (proconsul) presente no martírio de Policarpo ordenou que ele fizesse reverência a Cesar, o imperador romano, e que amaldiçoasse a Cristo, para não ser martirizado. Mas a resposta de Policarpo foi: “A oitenta e seis anos eu sirvo a Ele (Cristo), e Ele nunca me fez nada de errado. Como eu posso blasfemar do meu Rei, que me salvou?”. Em seguida, ele sofreu o martírio.
Nos dias de hoje, parece que a acusação mais típica do mundo contra os cristãos, não é mais o seu aparente “ateísmo”, como foi no império romano, mas sim é o seu “monoteísmo”. O fato dos cristãos crerem em um Deus Único e Verdadeiro (João 14:6), sem relativizações ou sincretismos pós-modernos, é o que faz com que os discípulos do Senhor Jesus Cristo, que procuram proclamar publicamente “Christos Kurios”, normalmente tenham que enfrentar o martírio imposto pelo mundo, de diversas formas... algumas vezes mais sutis e veladas, enquanto outras, mais brutais e escarnecedoras...


Ver aqui o link para o livro "Early Christian Fathers", editado por Cyril Richardson, com o relato sobre Policarpo. Veja, nos respectivos links, a resposta de Policarpo ao proconsul, que o mandou "amaldiçoar a Cristo". A oração de Policarpo, antes do martírio, pode ser encontrada neste link.