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07 julho 2015

Aprendizado piedoso 108

("A Believer's Last Day His Best Day", Thomas Brooks)
 
A maioria das pessoas pensa sobre sua própria morte como uma perspectiva temível, mas o título de um famoso sermão fúnebre puritano oferece uma alternativa agradável: "o último dia de um crente na terra é o seu melhor dia".
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Quando Thomas Brooks [pastor puritano] pregou um sermão no funeral da Sra. Martha Randall, na Igreja de Cristo, em Londres, em 28 de junho de 1651, ele escolheu um título genial. Ao chamar o último dia de um crente na terra de "o seu melhor dia", Brooks demoliu, de uma vez, a visão convencional da morte como uma calamidade terrena. O trecho a seguir reúne algumas passagens-chave do sermão:

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A morte é uma mudança de nossas imperfeitas e incompletas alegrias em Deus, para uma apreciação mais completa e perfeita dele. Como nenhum crente tem uma visão clara de Deus aqui, então nenhum crente tem uma visão completa e perfeita de Deus aqui. Em Jó 26:14, quão pequena é a porção que se ouve dele - falando de Deus - e, desta parte que é ouvida, quão pequena é a porção que é compreendida! É uma excelente expressão que Agostinho [de Hipona] usa: "As coisas gloriosas do céu são tantas, que ultrapassam os números; tão preciosas, que excedam estimativas; tão grandes, que excedam as medidas!" Bernardo [de Claraval] diz: "Cristo estar com Paulo foi a maior segurança [para o apóstolo], mas Paulo estar com Cristo foi a felicidade suprema!"...

Quando a morte desfere o golpe fatal, haverá uma troca da terra pelo céu; de alegrias imperfeitas pelo perfeito deleite em Deus; em seguida, a alma deve ser tomada de um pleno desfrutar de Deus; nenhum canto da alma deve ser deixado vazio, mas tudo deve ser preenchido com a plenitude de Deus. Aqui, neste mundo presente, eles recebem graça sobre graça, mas no céu eles receberão glória sobre glória. Deus guarda o melhor vinho para o fim [ver João 2:1-10]; o melhor de Deus, Cristo, e o céu, está além deste mundo presente. Aqui, temos alguns "goles", algumas "degustações" de Deus; a plenitude é reservada para o estado glorioso. Aquele que contempla a maior parte de Deus aqui na terra, não vê nada senão as Suas costas [ver Êxodo 33:18-23]; Seu rosto é uma jóia de tal resplendor e glória, que nenhum olho pode contemplar, exceto somente um olho glorificado.

Até os melhores cristãos são capaz de apreciar apenas um pouco de Deus; seus corações são como a "botija" da viúva [ver 1Reis 17:12-16], que poderia conter apenas um pouco de óleo. O pecado, o mundo, e as criaturas ocupam tanto espaço até mesmo nos melhores corações, que Deus concede a Si mesmo de pouco em pouco, como os pais concedem doces a seus filhos. Mas, no céu, Deus irá comunicar a Si mesmo totalmente, de uma única vez, para a alma! A graça será então absorvida pela glória! (ver 2Coríntios 5:4)...

A morte é um outro Moisés: ela livra os crentes da escravidão, e de fazer tijolos no Egito (ver Êxodo 1:14). [A morte] é um dia ou ano do jubileu [ver Levítico 25:10-15] para um espírito gracioso - o ano em que ele se libertará de todos aqueles capatazes cruéis, sob o domínio dos quais ele [espírito gracioso] gemia... A morte é o dia da coroação de um crente; é o dia do seu casamento. É um descanso do pecado, um descanso da tristeza, um descanso das aflições e das tentações. A morte, para um crente, é a entrada para o "seio de Abraão" [ver Lucas 16:22], para o paraíso, para a "nova Jerusalém" [ver Apocalipse 21:2]... é a entrada "no gozo" do seu Senhor (ver Mateus 25:21; Lucas 23:43)...

Ah, cristãos! O que é toda a sua vida, senão um dia para se preparar para a hora da morte? Qual é o seu grande propósito neste mundo, senão o de se preparar e estar apto para o mundo eterno? Foi um triste discurso o de César Bórgia, que, estando em seu leito de morte, disse: "Quando eu vivi, eu me preparei para tudo, exceto para a morte! Agora, eu devo morrer, e não estou preparado para morrer." Ah, cristãos! Vocês precisam orar todos os dias como Moisés: "Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio" (ver Salmos 90:12)...

Certifique-se de que Cristo seja o seu Senhor e Mestre... e então o dia da sua morte será, para você, como o dia da colheita para o agricultor, como o dia da libertação para o prisioneiro, como o dia da coroação para o rei, e como o dia do casamento para a noiva. O dia da sua morte será um dia de triunfo e exaltação, um dia de liberdade e de consolação, um dia de descanso e satisfação!

(Tradução de trechos de um artigo da revista Christianity Today, intitulado "O último dia de um crente, seu melhor dia", que pode ser encontrado neste link)
 
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Obs.: A perspectiva correta e bíblica deste sermão fúnebre do pr. Thomas Brooks considera que o Senhor é o "Autor da Vida" [ver Atos 3:15], e portanto é Ele quem concede a vida [ver Gênesis 2:7], e é Ele quem a tira [ver Jó 1:18-22].

"Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão do Espírito de Jesus Cristo, me redundará em libertação, segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.
Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.
Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher.
Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne.
E, convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé, a fim de que aumente, quanto a mim, o motivo de vos gloriardes em Cristo Jesus, pela minha presença, de novo, convosco."
(Filipenses 1:19-26, ênfases acrescentadas)