*Trechos de DADOS BIOGRÁFICOS:
1899 - Nasce [David Martyn Lloyd-Jones] em Cardiff, Gales do Sul, em 20 de dezembro.
1916-21 - Estudante de Medicina no Hospital S. Bartolomeu.
1921 - Torna-se Assistente do Médico da Corte, Sir Thomas Horder.
1925-26 - Conflitos sobre o chamado para pregar.
1927 - Casa-se com
Bethan Phillips, e se torna Ministro de Sandfields, Aberavon, Porto Talbot.
1938 - Depois de 11 anos de pastorado em Sandfields, torna-se assistente temporário do pr. G. Campbell Morgan, na Capela de Westminster, Londres.
1939 - A Segunda Guerra Mundial começa na véspera do dia em que M. Lloyd-Jones foi formalmente recebido como co-pastor da Capela de Westminster. Lloyd-Jones se torna presidente da Associação Inter-Varsity de Estudantes (Inter-Varsity Fellowship of Students).
1943 - O pr. Campbell Morgan se aposenta, e Lloyd-Jones assume o pastoreio da Capela de Westminster.
1945 - Inauguração da Biblioteca Evangélica de Londres, que tem M. Lloyd-Jones como apoiador.
1947 - M. Lloyd-Jones se torna presidente da Associação Internacional de Estudantes Evangélicos (International Fellowship of Evangelical Students - IFES).
1950 - Dá início à série sobre o Sermão do Monte.
1953 - Lloyd-Jones é atacado no Semanário Britânico (Br'itish Weekly) pela publicação do seu discurso à Associação Inter-Varsity: "Mantendo a Fé Evangélica Hoje".
1968 - Após 3 décadas de ministério na Capela de Westminster, M. Lloyd-Jones se aposenta, com sua tricentésima septuagésima segunda (#372) exposição no livro de Romanos.
1969 - Última visita aos Estados Unidos [da América], com palestras sobre "Pregação", posteriormente publicadas em "
Pregação e Pregadores" ("
Preachers and Preaching").
1970 - Publicação do primeiro volume da sua série sobre "
Romanos" ("
Romans").
1971 - Última visita ao Continente, com discurso em favor da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (IFES): "Que é um Evangélico?".
1980 - M. Lloyd-Jones prega pela última vez, em junho.
1981 - Falece em Ealing, em primeiro de março.
*Trechos da INTRODUÇÃO [Iain H. Murray, Edimburgo, setembro de 1994]:
'Hoje o Dr. Lloyd-Jones é bem conhecido no mundo por seus livros e, todavia, o último papel em que ele jamais pensou para si foi o de escritor. Quando um artigo sobre a sua vida foi publicado em 1939, ele considerou esse fato com muito humor. Ele verdadeiramente pensava a seu respeito como "um mero pregador". Nunca usou uma máquina de escrever e escrevia muito pouco. Nenhum de seus trabalhos publicados veio à luz com esse fim em vista. Eles foram publicados como sermões ou palestras, e nunca teriam sido impressos, não fossem as transcrições taquigráficas e as gravações que sobreviveram, tornando isso possível. A comparação da data em que a mesma matéria [sermão/palestra] era proferida pela primeira vez, com a data da sua primeira impressão, quase sempre dez ou vinte anos mais tarde, torna isso muito claro. Pelo menos uma razão pela qual ele nunca atendia ao pedido de uma autobiografia era que sentar-se para escrever estava fora dos seus hábitos a vida toda. Sabe-se que a sua dedicação era ao púlpito, acrescentando-se, porém, que ele sempre teve grande entusiasmo pelo recurso da palavra falada, seja na conversação pessoal ou pelo telefone. Ambos desempenharam importante papel em sua vida. Em contraparte, a caneta era seu último recurso.
[...] O fato é que havia muitos fatores que constantemente anulavam a sua relutância em pegar a caneta. O primeiro era a sua intensa afeição por sua esposa e por sua família. Se ele ficava longe de Bethan por mais de um dia ou dois, ele sempre escrevia, e geralmente com alguma extensão. Ela era, em todos os sentidos, uma companheira em tudo o que ele fazia. Não obstante ser uma médica, ela alegremente dedicou sua vida a ajudá-lo na pregação e a cuidar do lar. A mãe dele também recebeu muitas cartas suas. Ele sempre mantinha contato com ela quando ela estava fora do seu lar em Londres, geralmente em sua amada Cardiganshire. Nessas ocasiões ele, em geral, escrevia a ela semanalmente. Desde os seus primeiros anos de vida, as suas filhas Elizabeth e Ann recebiam bilhetes dele quando ele estava fora, e quando elas se tornaram estudantes em Oxford, elas recebiam cartas praticamente cada semana. Isso continuou para Elizabeth, quando ela se casou em 1954, e se mudou para o norte da Inglaterra. Quarenta anos mais tarde, ela recorda como ficava esperando pela terça-feira, o dia em que sua carta chegava. Tenho muita esperança em que essas cartas, incluídas neste livro, revelem quanto todas essas relações familiares significavam para ele. Qualquer negligência de ministros e missionários, para com as suas famílias, ele considerava como uma falta contra o cristianismo bíblico.'
Um coração de pastor era outro fator que constantemente tornava a correspondência uma necessidade para ele. Como as páginas seguintes mostram, simpatia e interesse pelas pessoas, fossem quem fossem, transparecem em muitas de suas cartas. Ele estava sempre dando orientação e conselho, e creio que ele nunca deixou de atender a nenhum pedido dessa espécie. E, de nenhum modo, o seu aconselhamento era estereotipado. Quando ele [Lloyd-Jones] conhecia o indivíduo preocupado, a opinião que dava era sempre sabiamente relacionada com o seu agudo conhecimento da personalidade da pessoa. Ele sempre elogiava tão generosamente os pontos em que ele percebia força [no destinatário com quem estava se correspondendo] que constantemente dava às pessoas a certeza de que os seus problemas e dificuldades seriam superados.
[...] Ao longo desta coleção, [estão incluídos] extratos das quase setenta cartas que subsistiram daquelas que o Dr. Lloyd-Jones escreveu a [rev.] Philip Hughes. Conquanto não haja nenhuma coleção paralela da sua pena a ninguém mais, estas e outras que constam no presente volume [livro] são típicas das muitas que foram motivadas pelo zelo em ajudar colegas e animar os jovens. Em toda a Grã-Bretanha, e fora dela, havia homens no ministério cuja obra e constância se devia mais do que eles poderiam dizer à amizade que ele [Lloyd-Jones] lhes proporcionava. A maior parte do seu ministério, neste aspecto, era feito por meio de entrevistas pessoais e telefonemas, mas um bom número das cartas aqui impressas dá-nos uma permanente indicação da razão pela qual o seu aconselhamento significava tanto para muitos.
Na maioria, as cartas ora publicadas foram escritas à mão. Só em 1946 ele começou a fazer uso dos serviços de um secretário de tempo parcial. Aos poucos, daquela data em diante, ele passou a ditar as cartas; nunca as cartas para a família, e só de vez em quando para os amigos chegados. Não se pode deixar de admitir que, em termos de legibilidade, há um mundo de diferença entre as cartas que ele redigia e as que ele ditava! Não obstante, o seu punho era muito apreciado por seus correspondentes, entre outras coisas por causa do alto senso de realização pessoal por parte dos que dominavam, ou julgavam dominar, os seus manuscritos! Conta-se que a esposa de um ministro de Gales primeiramente tomou uma nota quase indecifrável, que lhe chegou pelo correio, como sendo um recado da lavanderia chinesa. Um exame mais cuidadoso revelou que vinha do Dr. Lloyd-Jones informando a hora em que ele ia chegar para cultos que seriam realizados celebrando um aniversário...
[...] Devo esclarecer que esta é apenas uma seleção representativa da correspondência ainda existente. Deliberadamente não utilizei todas as suas cartas já publicadas em sua biografia, todavia este volume [livro] ficaria muito empobrecido se algumas das mais importantes não fossem incluídas aqui. Ao fazer a seleção, procurei mostrar a amplitude dos seus interesses. Há, por exemplo, considerável contraste entre o conteúdo das cartas à sua mãe [que amava sua terra natal], com sua prosa sobre pessoas, lavouras, fazendas e cavalos, e as cartas enviadas a correspondentes que desejavam saber coisas como a sua opinião sobre [Karl] Barth ou [Reinhold] Niebuhr! Sempre se renova a impressão que me causa o quanto do seu caráter como cristão transparece de tantas maneiras incidentais nessas cartas. Em parte, é por essa razão que essas cartas são inalteráveis. Embora se pudesse tirar algumas sentenças sem nenhum prejuízo, preferi deixar isso ao juízo do leitor. As cartas, diversamente das biografias, prestam-se para a inclusão de coisas comuns, mas, em alguns aspectos, isso é vantagem para nós [leitores], pois, como diz Pascal: "Não se julga a virtude de um homem pelas grandes ocasiões, e sim, por sua vida comum".
Nos sermões e palestras do Dr. Lloyd-Jones, já publicados, vê-se uma prontidão à firmeza e, se necessário, a ficar sozinho pela verdade, à semelhança de [Martinho] Lutero. No entanto, aqui se vêem, de mil modos, indicações da atração exercida pela sua humanidade na vida diária, e especialmente da sua bondade e consideração para com os outros. Esta última característica chega a explicar porque tantas vezes ele conservou a amizade e a estima até daqueles dos quais divergia. O leitor verá, por exemplo, nestas páginas, uma carta em que fez críticas ao [...] professor Donald MacKay. Foi o próprio professor MacKay que nos forneceu essa carta, anexando-lhe o seu testemunho de quanto significava para ele o ministério de Martyn Lloyd-Jones.
[...] Há também nessas cartas a presença adicional de informações de considerável significado histórico. Nada teve maior impacto sobre mim [Iain H. Murray], quanto à diferença entre os dias do escritor [Martyn Lloyd-Jones] e os nosso dias, do que as referências aos cultos de meio de semana que ele dirigia em muitas partes da Grã-Bretanha. Tais cultos de meio de semana, frequentados por centenas, e às vezes, milhares de pessoas, desapareceram. Razões sociais podem explicar parcialmente a mudança, porém, fundamentalmente, a diferença está relacionada com um declínio do interesse pela pregação da Palavra de Deus. Foi-se uma era. Mas essas cartas nos fazem lembrar que quando Deus levanta um homem cujo coração está cheio de amor e cujos lábios foram tocados pelo fogo celestial, sempre haverá prontidão para ouvir...'
Glória somente a Deus por tudo, sempre!