“A Bondade do Redentor para com
uma Alma Crente”
(Sermão #8 de Robert Murray
M’Cheyne - RMM)
Cântico dos Cânticos [de Salomão] 8:5-7
Coro
5Quem é esta que sobe do deserto
e vem encostada ao seu amado?
Esposo
Debaixo da macieira te despertei,
ali esteve tua mãe com dores;
ali esteve com dores aquela que te
deu à luz.
[*Esposa*]
6Põe-me como selo sobre o teu coração,
como selo sobre o teu braço,
porque o amor é forte como a morte,
e duro como a sepultura, o ciúme;
as suas brasas são brasas de fogo,
são veementes labaredas.
7As muitas águas não poderiam apagar o amor,
nem os rios, afogá-lo;
ainda que alguém desse todos os bens
da sua casa pelo amor,
seria de todo desprezado.
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“Quem é esta que vem subindo do deserto, apoiada em
seu amado? Debaixo da macieira eu a despertei; ali a sua mãe teve dores de
parto, ali esteve com dores aquela que o deu à luz. Ponha-me como selo sobre o
seu coração, como selo sobre o seu braço, porque o amor é tão forte como a
morte, e o ciúme é tão duro como a sepultura. As suas chamas são chamas de
fogo, são labaredas enormes. As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os
rios, afogá-lo. Ainda que alguém oferecesse todos os bens da sua casa para comprar
o amor, receberia em troca apenas desprezo” (Ct 8:5-7)
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Introdução ao livro “Cântico dos
Cânticos” [de
Salomão]
Bíblia ESV:
- “De acordo com a interpretação mais comum, o Cântico
dos Cânticos é uma coletânea de poemas de amor entre um homem e uma
mulher, celebrando o relacionamento amoroso [intimidade] que Deus planejou para
o casamento. Deus estabeleceu o casamento, incluindo a união física entre
marido e mulher (Gn 2:18-25), e a literatura sapiencial
israelita valoriza esse aspecto do casamento como a expressão apropriada da
sexualidade humana (Pv 5:15-20). O Cântico dos Cânticos também
tem sido entendido como uma ilustração do amor mútuo de Cristo e sua igreja. É
possível que Salomão (século X a.C.) seja o autor (1:1).
No entanto, este versículo pode significar que o Cântico foi dedicado a Salomão
ou foi escrito sobre ele e, portanto, muitos estudiosos consideram o livro
anônimo.”
Bíblia de Estudo da Reforma (ed. R.C. Sproul):
- O título do livro em hebraico é melhor traduzido
como Cântico dos Cânticos, uma construção que expressa o
superlativo (cf. ‘Senhor dos senhores’). Em outras palavras, este é ‘O
Melhor Cântico’. O livro recebe alguns nomes diferentes. Um deles é ‘Cantares
de Salomão’, que permite a hipótese de Salomão ser o autor ou o destinatário.
- Em certo sentido, o livro inteiro é um único poema
de amor, daí o título “O Cântico [singular] dos Cânticos
[plural]”. Mas o Cântico também pode ser visto como uma coletânea de
poemas menores.
- Alguns leem o Cântico como um drama com dois
personagens, a sulamita e o rei/pastor, mas parece que estamos em
terreno mais seguro ao ler o Cântico como uma antologia de poemas de
amor (românticos).
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Mensagem
baseada no Sermão 8 de RMM (Dundee, 1840)
- Neste texto somos apresentados ao grande Redentor e
a uma alma crente, e podemos ouvir uma conversa entre eles.
I. A postura da igreja
1. O texto diz que ela estava no “deserto”:
- Para um filho de Deus, este mundo é um deserto.
- Em primeiro lugar: porque tudo
que há aqui está perecendo. Aqui nada é duradouro. As pessoas são como a
erva: “Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como a flor do campo,
assim ele floresce; pois, soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá,
daí em diante, o seu lugar.” (Sl 103:15-16)
- Frequentemente, os confortos deste mundo são como a aboboreira
(“planta”) de Jonas (4:6 em diante),
que cresceu e fez sombra para sua cabeça a fim de refrescá-lo do calor intenso.
No dia seguinte, Deus preparou um verme, e a planta secou. Assim como Jonas “pediu
para si a morte”, nós também nos desesperamos da própria vida.
- “não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a
que há de vir” (Hb 13:14)
- “Levantai-vos e ide-vos embora, porque não é
lugar aqui de descanso; ide-vos por causa da imundícia que destrói, sim, que
destrói dolorosamente” (Mq 2:10)
- “não atentando nós nas coisas que se vêem, mas
nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem
são eternas” (2Co 4:18)
- Em segundo lugar: porque
tudo neste mundo está contaminado com o pecado.
- “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro
jaz no Maligno” (1Jo 5:19)
- “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do
corpo desta morte?” (Rm 7:24)
2. O texto também diz que ela estava “subindo do
deserto”:
- Almas não convertidas estão descendo para o deserto,
para perecerem ali. Todos os cristãos estão saindo dele [do deserto].
- Todo cristão verdadeiro deveria estar progredindo, “subindo
do deserto”.
- Sul da Rússia: vastas planícies que vão gradualmente
se elevando, dos Montes Urais até ao sopé das Montanhas do Cáucaso.
- Durante uma viagem, jamais pensamos em construir uma
casa no deserto.
- Todos os nossos esforços devem ser empregados em “avançar
na jornada”.
3. O texto ainda diz que ela estava “apoiada
(encostada) em seu amado”:
- Não há mais ninguém neste cenário, além da noiva e
do seu amado, em um vasto deserto. Ela não está se apoiando nele com um braço,
e em outra pessoa, com o outro braço. Ela está se apoiando somente no seu
amado!
- Isso acontece com a alma ensinada por Deus. Ela
sente que está sozinha, com Cristo, neste mundo, então ela se apoia
completamente em Cristo, como se não tivesse mais ninguém no universo. Ela
coloca todo o seu peso sobre o seu marido!
- Quando uma pessoa é salva de um afogamento, ela
coloca todo o seu peso sobre o seu salvador. Quando a ovelha perdida foi
encontrada, ela foi colocada sobre os ombros do pastor (“Parábola da
ovelha perdida”, Lc 15:3-7).
- Lance o fardo das coisas temporais e a preocupação
de sua alma sobre Cristo.
- “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm
8:31b).
- “mas os que esperam no SENHOR renovam as suas
forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se
fatigam” (Is 40:31).
- A águia sobe tão diretamente para cima, que os
poetas têm imaginado que ela tem o sol como seu alvo. Assim faz a alma que
espera em Cristo!
II. A palavra de Cristo para a
alma que se apoia nela
1. “Eu a despertei”. Cristo lembra ao crente de seu
estado natural.
- Toda alma que agora está em Cristo era como um “bebê
abandonado” (Ez 16).
- “Então, vos lembrareis dos vossos maus caminhos e
dos vossos feitos que não foram bons; tereis nojo de vós mesmos por causa das
vossas iniqüidades e das vossas abominações” (Ez 36:31).
- “Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e
dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR. Assim diz o SENHOR Deus a
estes ossos: Eis que farei entrar o espírito em vós, e vivereis. Porei tendões
sobre vós, farei crescer carne sobre vós, sobre vós estenderei pele e porei em
vós o espírito, e vivereis. E sabereis que eu sou o SENHOR” (Ez
37:4-6).
2. Ele lembra você do amor dele: “Eu a
despertei”.
- O próprio Cristo é a macieira, que espalha os seus
galhos em todas as direções e proporciona sombra e frutos. “Eu a despertei”,
Cristo não apenas abriga, mas atrai para o abrigo, “debaixo da macieira”
(Ct 8:5).
III. A alma apoiada clama por
graça contínua
- A alma diz: “Põe-me como selo” (Ct 8:6).
Uma das evidências mais seguras de que recebemos a graça divina é desejar
mais graça!
- Se você estiver contente em permanecer onde está,
sem se aproximar mais de Deus ou sem ser mais santo, então essa é uma indicação
de que você não possui nenhuma graça. A alma que recebeu a graça de Deus
diz a ele: ‘Esconda-me mais profundamente, amarre-me mais firmemente e
leve-me mais completamente’.
1. O amor de Cristo é forte como a morte.
- A morte é terrivelmente forte! Quando atinge
alguém, ela o derruba. Assim é o amor de Cristo!
2. O amor de Cristo é duro, ou implacável, como a
sepultura.
- A sepultura não abrirá mão de seus mortos e nem
Cristo abrirá mão daqueles que lhe pertencem. As chamas desse amor são
veementes e inextinguíveis como as chamas do Inferno!
- Assim, queridos amigos, vocês devem escolher entre dois fogos eternos:
“Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8:35a).
- As “muitas águas” (Ct 8:7a),
como sinal de “obstáculos”, não poderiam apagar esse amor! Tampouco
os obstáculos das aflições o podem!
3. O amor de Cristo não pode ser comprado.
- “ainda que alguém desse todos os bens da sua casa
pelo amor, seria de todo desprezado” (Ct 8:7b).
- Você deve receber o amor de Cristo de graça, ou não
o receberá de modo algum!
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Aplicações:
“Cântico é mais do que amor e intimidade: é sobre amor e intimidade redimidos” (R.C. Sproul)
- O lar cristão: marido e mulher (Ef
5:22-33)
- No lar cristão, o marido como reflexo de
Cristo, e a esposa como reflexo da igreja.
- “1Que diremos,
pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? 2De
modo nenhum!” (Rm 6:1-2)
- Superabundante graça: “Graças a
Deus pelo seu dom inefável!” (2Co 9:15)
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Conclusão:
Provérbios 5:15–20
15Bebe a
água da tua própria cisterna
e das correntes do teu poço.
16Derramar-se-iam
por fora as tuas fontes,
e, pelas praças, os ribeiros de águas?
17Sejam para
ti somente
e não para os estranhos contigo.
18Seja
bendito o teu manancial,
e alegra-te com a mulher da tua mocidade,
19corça de
amores e gazela graciosa.
Saciem-te os seus seios em todo o tempo;
e embriaga-te sempre com as suas carícias.
20Por que,
filho meu, andarias cego pela estranha
e abraçarias o peito de outra?
Cântico dos Cânticos
8:14
Esposa
14Vem depressa, amado meu,
faze-te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela,
que saltam sobre os montes aromáticos.