"De fato, está completamente fora do alcance das criaturas o que a Escritura atribui ao Espírito: e nós mesmos aprendemos uma certa experiência da piedade. Ele é aquele que, difuso em todas as partes, a tudo sustenta, vigora e vivifica, no céu e na terra. Por isso mesmo, excede a todas as criaturas, visto não ser cincunscrito por nenhum fim, mas transfundido em tudo o seu vigor, inspira neles a essência, a vida e o movimento, o que claramente é divino."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIII, parágrafo 14)
"Os vocábulos Pai, Filho e Espírito certamente insinuam uma distinção, para que ninguém considere que sejam meros epítetos pelos quais Deus seja designado por suas obras, mas é uma distinção, não uma divisão."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIII, parágrafo 17)
"Com perspicácia, Agostinho explica a causa dessa diversidade noutro lugar, quando fala: 'O Cristo é dito Deus quanto a si; quanto ao Pai, é dito Filho. E, em contrapartida, o Pai quanto a si é dito Deus; quanto ao Filho, é dito Pai. O que é dito Pai quanto ao Filho não é o Filho, o que é dito Filho quanto ao Pai, não é o Pai, o que é dito Pai quanto a si e Filho quanto a si, é o mesmo Deus'."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIII, parágrafo 19)
"De fato, de que modo a mente humana, quanto à sua medida, definiria a imensa essência de Deus se nem pode estatuir ao certo qual seja o corpo do Sol, ao qual, no entanto, vê cotidianamente com os olhos? Ou melhor, de que modo, por si só, penetrará no exame da substância de Deus aquela que minimamente alcança a sua própria? Portanto, deixemos livre para Deus o conhecimento de si. Na verdade, somente Ele, como diz Hilário [Hilário,'Sobre a Trindade', I], é o único testemunho de si, o qual não é conhecido a não ser por Si."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIII, parágrafo 21)