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28 julho 2022

pequeno ou GRANDE

 

Segundo informações da NASA (“Solar System Portrait”, JPL, Caltech), esta imagem colorida é parte do primeiro “retrato” do sistema solar feito pela sonda espacial Voyager 1 na década de 1990, e foi registrada a uma distância de mais de 6 bilhões de quilômetros da Terra, que foi apelidada de “Pálido Ponto Azul”, sendo um mero ponto luz do tamanho de apenas 0,12 pixels.

Um popular astrofísico, conhecido por seu trabalho como divulgador científico na televisão do final do século XX, escreveu um livro com o mesmo título da imagem da Voyager 1, que consta entre os livros mais vendidos de 1995. Isto mostra a sua popularidade na época.

Nos dias atuais (século XXI), onde a divulgação científica se tornou praticamente instantânea com os recursos da internet, outro popular astrofísico tem “herdado a missão” do anterior (século passado), influenciando uma legião de novos fãs, conduzindo-os através de uma cosmovisão condizente com o humanismo, o naturalismo filosófico (ateísmo) e o reducionismo materialista, declarando que tudo que existe pode ser reduzido a matéria e energia.

Em um vídeo registrando uma de suas palestras na internet, este popular astrofísico do século XXI responde a uma pergunta feita por um garoto de apenas 6 anos de idade: “Qual o propósito ou o sentido da vida?”. Essencialmente, a resposta deste conhecido astrofísico, de acordo com a sua cosmovisão notoriamente humanista, materialista e ateísta, foi que o ser humano não precisa ter necessariamente um propósito externo para a sua vida, mas ele mesmo pode criar, estabelecer ou fabricar o propósito ou o objetivo para a sua própria vida. Apesar de ter mostrado “consistência interna”, ou seja, concordância com as próprias declarações da sua cosmovisão materialista, vamos analisar a resposta deste astrofísico, que inclusive é uma declaração muito comum entre os ateus humanistas, em comparação com a resposta Bíblica segundo a cosmovisão cristã.

Segundo o cético ateu, o ser humano seria pequeno quando comparado com a imensidão do cosmos, sendo formado apenas de “poeira cósmica” constituída de elementos químicos reciclados das estrelas, e habitando em um “Pálido Ponto Azul” do vasto universo. Contudo, segundo o entusiasmado humanista, o ser humano seria GRANDE quando vislumbrado a partir da sua própria lente, por causa dos “grandes feitos” que considera terem sido realizados ao longo da história da humanidade.

Será que compreendemos bem o ponto de vista do naturalista filosófico (ateu)? Vamos continuar analisando sua lógica e racionalidade?

Então, de acordo com o que tenta declarar o naturalista filosófico (ateu), segundo a sua visão de mundo alicerçada no reducionismo materialista, o ser humano seria pequeno e insignificante, pois não passaria de um conjunto de células, moléculas, átomos e partículas subatômicas. Além disso, o ser humano seria GRANDE na sua autossuficiência, pois poderia até mesmo criar um significado para a sua própria vida, segundo o humanista ateu.

Mas, afinal de contas, o ser humano é pequeno ou GRANDE, segundo a cosmovisão do ateu? Eles precisam considerar as opções e tomar uma decisão definitiva!

O que será que exalta e enGRANDEce mais o ser humano?

Seria o reducionismo materialista da cosmovisão naturalista, que considera o ser humano apenas como um conjunto estruturado de partículas subatômicas, que sobreviveu à sorte aleatória da seleção natural darwiniana, e que teria similaridade genética com um símio?

Ou será a cosmovisão cristã? Nesta visão de mundo, o ser humano é considerado como mais do que um conjunto de células, afirmando que ele possui corpo e alma, e que foi criado como criatura especial (Sl 8:1-5), feito à imagem e semelhança (Gn 1:26-27) de um Deus Criador, que também criou todo o universo.

A grande lacuna de coerência da cosmovisão materialista e reducionista dos ateus não está apenas em responder, de maneira lógica e satisfatória, à pergunta “Qual o propósito ou o sentido da vida?”. Existem pelo menos mais quatro perguntas fundamentais como esta, que juntas devem ser respondidas de forma honesta, lógica e coerente com seus pressupostos, para constituir e estruturar a cosmovisão de qualquer ser humano, mesmo que esta pessoa não tenha uma consciência clara de que possui uma cosmovisão.

1) Origem: De onde viemos?

2) Identidade: Quem somos?

3) Propósito: Por que estamos aqui?

4) Ética: Como devemos viver?

5) Destino: Para onde vamos?

Podemos resumir as respostas destas duas visões de mundo na seguinte tabela:

Pergunta

Resposta ateísta típica

Resposta cristã bíblica

Origem

Partículas fundamentais se organizaram em átomos, que se organizaram em moléculas, que se organizaram em estruturas bioquímicas, que se organizaram em células, que se organizaram em seres vivos, que evoluíram e, um dia, surgiu o ser humano.

O Criador do universo e de tudo o que nele existe, também criou o ser humano como uma criatura especial (Sl 8:3-5), à Sua imagem e semelhança (Gn 1:26-27).

Identidade

A identidade do ser humano é autodefinida. Cada um define o que deseja ser, em um ato volitivo que considera o “absoluto da relativização” na era pós-moderna.

Deus nos criou e tem um relacionamento individual com cada uma de suas criaturas. Quem nos define é quem nos criou (Rm 9:20-24).

Propósito

Carpe diem (frase de um poema de Horácio), que significa “aproveite o momento”, pois é tudo o que existe. Ou então, o homem é tão auto-suficiente, que pode fabricar ou definir para si mesmo um propósito para a sua vida.

O propósito supremo e principal do homem é glorificar a Deus e desfrutar Dele para sempre, como por exemplo pode ser encontrado na resposta da primeira pergunta do Catecismo Maior de Westminster (CMW), e suas respectivas referências bíblicas.

Ética

A ética é relativa. Cada um define, por conta própria, o que é certo e errado. O que é certo para uma pessoa, pode ser errado para outra, e vice-versa. Não há absolutos nem referenciais.

Deus requer do homem a obediência à sua vontade revelada, que pode ser encontrada de forma resumida nos seus mandamentos (ver, por exemplo, a partir da pergunta 91 do CMW, e suas respectivas referências bíblicas).

Destino

A morte é a estação final da vida. Depois da morte, o ser humano é desintegrado em um conjunto de moléculas e átomos, e simplesmente deixa de existir, obviamente em paralelo com o desaparecimento da consciência da sua existência.

Há vida após a morte. Os filhos de Deus habitarão com Ele para sempre (Ap 21 e caps. XXXII e XXXIII da Confissão de Fé de Westminster). A breve jornada de peregrinação do cristão por este mundo atual, muitas vezes com sofrimentos (Rm 8:18), não se compara à eternidade com o glorioso Senhor Jesus Cristo, em toda sua plenitude.

Nas palavras de Erwin Schrödinger, prêmio Nobel em física de 1933: “Eu estou muito atônito em perceber que a visão científica do mundo real à minha volta é muito deficiente. Ela dá um monte de informações factuais, coloca toda a nossa experiência numa ordem magnificamente consistente, mas é assustadoramente silenciosa sobre toda a diversidade que está muito perto do nosso coração, o que realmente importa para nós... De onde eu vim, para onde eu vou? A ciência não pode nos dizer uma palavra sobre porque a música nos encanta, e como uma velha canção pode nos levar às lágrimas”.

Outro premiado cientista corrobora as palavras acima. Sir Peter Medawar, ganhador do Nobel em fisiologia/medicina de 1960, faz a seguinte declaração no livro Advice to a Young Scientist: “Não há caminho mais rápido para um cientista trazer descrédito sobre si mesmo e sobre a sua profissão do que veementemente declarar - particularmente quando nenhuma declaração de nenhum tipo foi requisitada - que a ciência conhece, ou dentro em breve irá conhecer, as respostas para todas as questões que valem a pena perguntar... A existência de um limite para a ciência é, contudo, exposto pela sua inabilidade em responder questões pueris e elementares sobre as primeiras e últimas coisas, como por exemplo: ‘Como tudo começou?’ ‘Para que todos estamos aqui?’ ‘Qual é o sentido da vida?’...”.

O propósito e a esperança que podem ser encontrados nas respostas cristãs e bíblicas para algumas das perguntas mais importantes que um ser humano pode fazer, podem preencher e “fazer sossegar” a alma, o coração e a mente de qualquer filho ou filha de Deus com tal profundidade, que pode fazê-lo(a) salmodiar como o rei Davi:

SENHOR, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim.Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo. Espera, ó Israel, no SENHOR, desde agora e para sempre.” (Sl 131)

No âmbito destas questões, o ateu é conduzido pela incerteza, enquanto o cristão é conduzido pela certeza. Para o ateu, que acredita que a morte é a “estação final” da vida, a incerteza de não saber quando a sua morte ocorrerá, o faz buscar, muitas vezes, por uma vida comprometida com o hedonismo, cujo lema principal é carpe diem (“aproveite o momento”), pois é tudo o que há.

Para o verdadeiro cristão, que crê na inerrância e na autoridade das Escrituras, a certeza das promessas, da aliança e da suficiência e eficácia da obra redentora do Senhor Jesus Cristo é o bastante para manter a certeza, por fé, de um mundo vindouro, de uma vida após a morte, onde o próprio Senhor “lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4).

Rogamos a Deus que o menino de apenas 6 anos de idade que ouviu a resposta do astrofísico quanto ao “propósito ou sentido da vida”, também tenha a oportunidade de ouvir a resposta cristã e bíblica para esta pergunta.

Quem é verdadeiramente Grande? Veja a clara resposta, por exemplo, nos Salmos:

Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus” [48:1]

“O teu caminho, ó Deus, é de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deus?” [77:13]

“Pois tu és grande e operas maravilhas; só tu és Deus!” [86:10]

“Porque o SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses” [95:3]

“Porque grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses” [96:4]

“eu sei que o SENHOR é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses” [135:5]

Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado; a sua grandeza é insondável” [145:3]

Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir” [147:5]

 Soli Deo Gloria