"Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor [Iēsous Christos Kyrios], para glória de Deus Pai." (Filipenses 2:9-11)
"Vós me chamais o Mestre e o Senhor [Kyrios] e dizeis bem; porque eu o sou" (João 13:13; nas palavras do próprio Senhor Jesus Cristo)
Os cristãos da igreja primitiva, aos olhos do império romano, eram considerados "ateus" ["atheos": partícula de negação "a" + "theos" que significa Deus ou deuses], pois não criam nos muitos deuses que eram adorados no panteão romano da época, assim como também não criam na divindade do imperador romano. Na língua grega, um cristão poderia confessar a sua fé dizendo "Christos Kyrios" ("Cristo é Senhor") ou "Iēsous Kyrios" ("Jesus é Senhor"). O fundamento bíblico pode ser encontrado na carta do Apóstolo Paulo aos filipenses (Fp 2:9-11). Contudo, o império romano requeria a confissão da divindade do imperador, "Kaiser Kyrios" ("César é Senhor"). De acordo com os historiadores, os romanos abominavam o "ateísmo" dos cristãos, pois acreditavam que a falta de adoração deles aos deuses da cultura romana poderia ser a causa de algumas dificuldades pelas quais estivesse atravessando o império, naquela época, como se fosse resultado de um julgamento desses [falsos] deuses. Um exemplo de imperador romano que exigia ser idolatrado como deus foi Julius Caesar, que era chamado de Divus Julius. A resistência à idolatria no Culto Imperial romano causou o martírio de cristãos que se recusaram a fazer reverência e a adorar ["prestar culto"] ao imperador como um deus. Há um conhecido relato do martírio de Policarpo de Esmirna (discípulo direto do apóstolo João segundo testemunhos de Ireneu de Lyon e Tertuliano), que foi interrogado pelo procônsul romano da sua época, exigindo que "abençoasse a Caesar" (imperador romano) e "amaldiçoasse a Cristo". A resposta de Policarpo foi a seguinte: “A oitenta e seis anos eu sirvo a Ele (Cristo), e Ele nunca me fez nada de errado. Como eu posso blasfemar do meu Rei, que me salvou?”. O procônsul insistiu, dizendo “jure pela 'boa sorte' (fortune) de Caesar”, mas Policarpo respondeu: “Se você supõe, em vão, que devo jurar pela fortuna de Caesar, como você diz, e fingir que você não sabe quem eu sou, ouça claramente: eu sou um cristão. Mas, se você deseja aprender o ensino do Cristianismo, marque um dia e me dê audiência [para a pregação do Evangelho]”.