[Luís Vaz de Camões, séc. XVI]
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode o seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode o seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"
[Paulo de Tarso, inspirado pelo Espírito Santo, séc. I]
"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba... Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor."
(1Coríntios 13:1-8a,13)
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REFLEXÃO:
Será que ambos os "poetas" estão falando do mesmo tipo de amor?
O amor que é "fogo que arde sem se ver", pode ser o mesmo que é "paciente, benígno, e que não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece"?
A curiosa comparação das poesias serve, pelo menos, para a nossa reflexão pessoal.
Um livro interessante, intitulado "Os quatro amores", e escrito por C.S. Lewis, pode trazer alguma iluminação sobre este tema.
Saudações cristãs, com amor fraterno, caro leitor.
P.S.: eu, particularmente, prefiro a poesia do "pequeno" (Paulus, em latim) poeta de Tarso...