"Sensus divinitatis" foi um termo cunhado por João Calvino, que significa algo como "senso da divindade" ou "sentimento da divindade", como foi traduzido para o português em uma de suas principais obra (Institutas). Para Calvino, existe uma consciência da divindade, ou seja, da existência de Deus, que está intrinsecamente implantada em cada ser humano.
"Está fora de discussão que é inerente à mente humana, certamente por instinto natural, algum sentimento da divindade... Não obstante, nenhuma nação, afirma o gentio, é tão bárbara, nenhum povo é tão selvagem que não se convença da existência de um Deus [Cícero, 'Sobre a natureza dos deuses']. E mesmo aqueles que, em outras parte da vida, parecem diferir muito pouco das feras, sempre possuem, no entanto, certa semente de religião: essa assunção geral ocupa de forma tão profunda o espírito que é tenazmente indissociável das víceras de todos."
(João Calvino, Institutas da Religião Cristã, livro 1, Cap. III, parágrafo 1)
"Não se encontra ninguém que manifestasse em mais audaz ou mais desenfreado combate à deidade que Caio Calígula; no entanto, ninguém tinha mais temor quando algum sinal da ira divina se manifestava e, assim, temia involuntariamente o Deus ao qual zelava combater [Suetônio. Caligula, 51]. Vemos que isso acontece por toda parte a vossos semelhantes. Com efeito, tanto maior a audácia com que alguém combate a Deus, tanto mais profundamente se abala até mesmo com o ruído de uma folha caindo... Portanto, até mesmo os próprios ímpios são exemplo de que sempre vigora na alma de todos os homens alguma noção de Deus."
(João Calvino, Institutas da Religião Cristã, livro 1, Cap. III, parágrafo 3)
O texto das Institutas, em inglês, pode ser observado neste link.