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23 junho 2015

Ide ótica

Pensamentos sobre a fé e a visão...



Ide ótica

O autor da carta aos Hebreus define o que é fé da seguinte maneira:
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus 11:1).
O apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, também demonstra, de forma lógica e racional, o conceito da esperança na fé, quando aguardamos com paciência o que não vemos:
“Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos” (Romanos 8:24-25).
O mesmo apóstolo Paulo, ainda na carta aos Romanos e também em sua epístola ao jovem pastor Timóteo, também deixa claro os “atributos invisíveis de Deus”, como espírito:
“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Romanos 1:20).
“Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (1Timóteo 1:17).
Contudo, em um dado momento da história da humanidade (cerca de 2000 anos atrás), e com um propósito específico (redentivo), Deus se fez visível através do Verbo (“Logos”, no original grego):
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:1,14).
Em outras palavras, a “imagem do Deus invisível” tornou-se visível através do Verbo que “se fez carne e habitou entre nós”, ou seja, o próprio Senhor Jesus Cristo:
“Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Colossenses 1:15-16).

Diante disto, talvez os cristãos possam também ser conhecidos como aqueles que estão acostumados à postura do “ide ótica”, ou seja, “ide visível”, ou ainda: “que venha a fé e a convicção nos 'fatos que se não vêem', e que vá a ótica e a visão, 'pois o que alguém vê, como o espera?'”.

Talvez algum antagonista da fé cristã argumente que é “idiótica” a postura do “ide ótica”, pois segundo a cosmovisão humanista e materialista (ou, ainda, naturalista), o ser humano só deve crer naquilo que o seu cérebro material e palpável consegue ver. Mais ainda, com sua visão tipicamente reducionista ao extremo, para tudo o que existe, incluindo o próprio ser humano como sendo constituído apenas por um grande conjunto de átomos e moléculas, este materialista pode acreditar (ou seja, pode crer ou ter fé) apenas no que o seu cérebro (visível e material) consegue registrar através dos mecanismos bioquímicos e fisiológicos. 
Podemos perguntar, portanto, como o cérebro tangível e material do materialista consegue acreditar (ou, ter fé) que sua consciência imaterial está confirmando, como uma realidade, de fato, o que ele está vendo ou observando?
Podemos também perguntar como o coração material do materialista consegue ver ou enxergar um sentimento como o amor? Por exemplo, o amor por um ente querido, como um filho ou um cônjuge. Como este materialista, que só acredita no que enxerga, consegue enxergar e confiar no amor recíproco deste ente querido, tendo certeza e crendo que este sentimento, apesar de não material e não tangível, é tão real quanto qualquer outro aspecto da realidade pode ser?
Em um nível de visão mais simples e humana, sem o auxílio de aparelhos ou equipamentos, mas apenas a “olho nú”, como podemos acreditar (ou, ter fé) na existência do ar que respiramos, se não o vemos? Como podemos ter fé na existência dos átomos e moléculas, se também não os vemos neste nível (a “olho nú”)? Obviamente, nestes dois exemplos, o ar que respiramos pode ser percebido de outras formas, através de manifestações do seu cheiro, da pressão que ele exerce, e até mesmo do tato (quando movimentamos um braço muito rápido, por exemplo). Da mesma forma, os átomos ou moléculas não pode ser enxergados a “olho nú”, mas eles podem ser observados através da manifestação (ou, da revelação) deles, por exemplo, através da visualização (a “olho nú”) das substâncias que os contém (água, sal, açúcar, etc...).
Caso você seja um cristão ou uma cristã, leitor(a), lembre-se de não se irar com a acusação de ser “idiótica” a sua postura de “ide ótica”, pois o próprio Senhor Jesus Cristo, no sermão do monte, nos ensinou: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5:11-12).
Lembre-se também, caro irmão ou irmã em Cristo, da mensagem de esperança e perseverança do autor da carta aos Hebreus, que nos faz lembrar que o próprio Senhor Jesus, Autor e Consumador da nossa fé, “suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia”. Será, então, que nós, como Seus discípulos, deveríamos fazer “caso da ignomínia”, ou seja, deveríamos nos importar com a humilhação ou o menosprezo por causa da nossa postura “ide ótica”, que é frequentemente acusada de “idiótica”?
“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma” (Hebreus 12:1-3).

Adicionalmente, caro cristão ou cristã, como não lembrar da lição motivadora do apóstolo Paulo, que conhecia bem a perseguição e a tribulação, e andava segundo a fé, e não segundo a visão: “Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2Coríntios 6:6-7).
Precisamos também lembrar o testemunho do apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, fazendo referência ao que aconteceu no “monte da transfiguração” (Mateus 17:1-8; Marcos 9:2-8; Lucas 9:28-36a),  que de tão importante que é este registro, ele aparece relatado nos três evangelhos, além da epístola de Pedro:
“Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo. Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo. Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” (2Pedro 1:15-19).
Que privilégio indizível participar de um acontecimento como este e ser “testemunha ocular” da majestade do Senhor Jesus Cristo! Contudo, o próprio apóstolo Pedro deixa claro, em suas palavras, uma exortação para aqueles que querem acreditar (ou, ter fé) em Jesus por intermédio da visão, e não por fé (ou seja, pela postura “ide ótica”). O porquê desta exortação? Nós podemos não ter, pelo menos de forma ordinária, o mesmo privilégio que o apóstolo teve em ser “testemunha ocular” da glória do Senhor, por intermédio da visão direta, mas nós temos a Sua “palavra profética”, ou seja, as Escrituras Sagradas (a Bíblia), para que esta Palavra de Deus, “viva e eficaz” (ver Hebreus 4:12), brilhe em lugar tenebroso (como o coração humano, por exemplo), até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em nosso coração. Lembre-se que o próprio Senhor Jesus se define, no livro de Apocalipse, como “a brilhante Estrela da manhã” (Apocalipse 22:16). O texto da carta de Pedro deixa bem claro, “e fazeis bem em atendê-la”, ou seja, dizendo que fazemos muito bem em atender (ou, ter fé, acreditar) nesta Palavra.
E quanto a você, caro leitor(a) antagonista da fé cristã, se você acha “idiótica” a confiança que os cristãos têm no relato Bíblico, ou seja, na “candeia” citada pelo apóstolo Pedro, então é bem provável que a “estrela da alva” ainda não nasceu em seu coração. Rogo para que o Senhor ainda faça nascer em seu coração “a brilhante Estrela da manhã”, pois esse é o Evangelho da salvação: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele" (João 3:16-17).

Adicionalmente, se você acha que quem crê na Bíblia como regra de fé e prática, precisa da visão (ou da ótica) para ter acesso à Palavra de Deus, você está muito enganado(a), pois, como diz o apóstolo Paulo: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17). O Evangelho da Salvação, ao longo da história, sempre foi anunciado de forma verbal. O “Verbo que se fez carne” sempre foi anunciado de forma verbal, principalmente nos tempos antigos, quando poucas pessoas tinham acesso à leitura. Além disso, nos dias de hoje, existem ministérios mundiais (como, por exemplo, “A fé vem pelo ouvir” ou “Faith comes by hearing”), que disponibilizam versões da Palavra de Deus, em vários idiomas, para serem ouvidas na forma de arquivos de áudio. Sem falar, obviamente, do importante trabalho das sociedades bíblicas, em todo o mundo, que se preocupam em imprimir a Bíblia também em braile, para atender a demanda dos deficientes visuais, que querem ter acesso à Palavra de Deus, como cristãos.
Graças à Deus por nos proporcionar acesso à sua maravilhosa Palavra, fonte de vida e edificação para os seus filhos e filhas. Façamos então, como os de Beréia, que examinaram as Escrituras todos os dias (ver Atos 17:10-12).

Contudo, caro leitor(a), se você deseja ver ou enxergar o “Deus invisível” a “olho nú” com seus próprios olhos humanos, como o apóstolo Pedro no  “monte da transfiguração”, pois você ainda não está convencido (somente com a postura “ide ótica”) da Sua existência e da Sua soberania sobre tudo o que existe, por exemplo através das Suas manifestações ou revelações (Romanos 1:20, e todos os milagres relatados, e não relatados, na Bíblia - ver João 21:25, por exemplo), fique tranquilo e tenha fé e esperança, pois você tem esta promessa registrada no livro de Apocalipse, onde o próprio Senhor Jesus Cristo revelou para o apóstolo João, que se encontrava aprisionado na Ilha de Patmos, o que irá acontecer no “fim dos tempos”. Outros relatos sobre o “fim dos tempos” podem ser encontrados na Bíblica, por exemplo no livro do profeta Daniel, localizado no Antigo Testamento.
  
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo. João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! [Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram]. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém! Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.” (Apocalipse 1:1-8, ênfases acrescentadas em [...])

“Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus! A graça do Senhor Jesus seja com todos.”
(Apocalipse 22:20-21, os 2 últimos versículos, do último capítulo, do último livro da Bíblia)

***Caso não tenha ficado muito claro para alguns leitores, é bom ressaltar que o último versículo do último livro da Bíblia, termina com uma bênção, por meio da graça do Senhor Jesus Cristo!!!

Soli Deo Gloria (SDG)