Ide ótica
O autor da carta aos Hebreus
define o que é fé da seguinte maneira:
“Ora, a fé é a certeza de
coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus 11:1).
O apóstolo Paulo, na carta
aos Romanos, também demonstra, de forma lógica e racional, o conceito da
esperança na fé, quando aguardamos com paciência o que não vemos:
“Porque, na esperança,
fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê,
como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos”
(Romanos 8:24-25).
O mesmo apóstolo Paulo, ainda
na carta aos Romanos e também em sua epístola ao jovem pastor Timóteo, também
deixa claro os “atributos invisíveis de Deus”, como espírito:
“Porque os atributos
invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria
divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso,
indesculpáveis” (Romanos 1:20).
“Assim, ao Rei eterno,
imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos.
Amém!” (1Timóteo 1:17).
Contudo, em um dado momento
da história da humanidade (cerca de 2000 anos atrás), e com um propósito
específico (redentivo), Deus se fez visível através do Verbo (“Logos”,
no original grego):
“No princípio era o Verbo,
e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e
habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória
como do unigênito do Pai” (João 1:1,14).
Em outras palavras, a “imagem
do Deus invisível” tornou-se visível através do Verbo que “se fez carne e
habitou entre nós”, ou seja, o próprio Senhor Jesus Cristo:
“Este é a imagem do Deus
invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as
coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos,
sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio
dele e para ele” (Colossenses 1:15-16).
Diante disto, talvez os
cristãos possam também ser conhecidos como aqueles que estão acostumados à
postura do “ide ótica”, ou seja, “ide visível”, ou ainda: “que venha a fé e a
convicção nos 'fatos que se não vêem', e que vá a ótica e a visão, 'pois o que
alguém vê, como o espera?'”.
Talvez algum antagonista da
fé cristã argumente que é “idiótica”
a postura do “ide ótica”, pois
segundo a cosmovisão humanista e materialista (ou, ainda, naturalista), o ser
humano só deve crer naquilo que o seu cérebro material e palpável consegue ver.
Mais ainda, com sua visão tipicamente reducionista ao extremo, para tudo o que
existe, incluindo o próprio ser humano como sendo constituído apenas por um
grande conjunto de átomos e moléculas, este materialista pode acreditar (ou
seja, pode crer ou ter fé) apenas no que o seu cérebro (visível e material)
consegue registrar através dos mecanismos bioquímicos e fisiológicos.
Podemos perguntar, portanto,
como o cérebro tangível e material do materialista consegue acreditar (ou, ter
fé) que sua consciência imaterial está confirmando, como uma realidade, de
fato, o que ele está vendo ou observando?
Podemos também perguntar como
o coração material do materialista consegue ver ou enxergar um sentimento como
o amor? Por exemplo, o amor por um ente querido, como um filho ou um cônjuge.
Como este materialista, que só acredita no que enxerga, consegue enxergar e
confiar no amor recíproco deste ente querido, tendo certeza e crendo que este
sentimento, apesar de não material e não tangível, é tão real quanto qualquer
outro aspecto da realidade pode ser?
Em um nível de visão mais
simples e humana, sem o auxílio de aparelhos ou equipamentos, mas apenas a
“olho nú”, como podemos acreditar (ou, ter fé) na existência do ar que
respiramos, se não o vemos? Como podemos ter fé na existência dos átomos e
moléculas, se também não os vemos neste nível (a “olho nú”)? Obviamente, nestes
dois exemplos, o ar que respiramos pode ser percebido de outras formas, através
de manifestações do seu cheiro, da pressão que ele exerce, e até mesmo do tato
(quando movimentamos um braço muito rápido, por exemplo). Da mesma forma, os
átomos ou moléculas não pode ser enxergados a “olho nú”, mas eles podem ser
observados através da manifestação (ou, da revelação) deles, por exemplo,
através da visualização (a “olho nú”) das substâncias que os contém (água, sal,
açúcar, etc...).
Caso você seja um cristão ou
uma cristã, leitor(a), lembre-se de não se irar com a acusação de ser
“idiótica” a sua postura de “ide ótica”, pois o próprio Senhor Jesus Cristo, no
sermão do monte, nos ensinou: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa,
vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim
perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5:11-12).
Lembre-se também, caro irmão
ou irmã em Cristo, da mensagem de esperança e perseverança do autor da carta
aos Hebreus, que nos faz lembrar que o próprio Senhor Jesus, Autor e Consumador
da nossa fé, “suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia”. Será, então, que
nós, como Seus discípulos, deveríamos fazer “caso da ignomínia”, ou seja, deveríamos
nos importar com a humilhação ou o menosprezo por causa da nossa postura “ide
ótica”, que é frequentemente acusada de “idiótica”?
“Portanto, também nós,
visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas,
desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia,
corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria
que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que
suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos
fatigueis, desmaiando em vossa alma” (Hebreus 12:1-3).
Adicionalmente, caro cristão
ou cristã, como não lembrar da lição motivadora do apóstolo Paulo, que conhecia
bem a perseguição e a tribulação, e andava segundo a fé, e não segundo a visão:
“Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos
ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2Coríntios
6:6-7).
Precisamos também lembrar o
testemunho do apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, fazendo referência ao
que aconteceu no “monte da transfiguração” (Mateus 17:1-8; Marcos 9:2-8;
Lucas 9:28-36a), que de tão
importante que é este registro, ele aparece relatado nos três evangelhos, além
da epístola de Pedro:
“Mas, de minha parte,
esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da
minha partida, conserveis lembrança de tudo. Porque não vos demos a conhecer o
poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente
inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois
ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa
lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte
santo. Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em
atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia
clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” (2Pedro 1:15-19).
Que privilégio indizível
participar de um acontecimento como este e ser “testemunha ocular” da majestade
do Senhor Jesus Cristo! Contudo, o próprio apóstolo Pedro deixa claro, em suas
palavras, uma exortação para aqueles que querem acreditar (ou, ter fé) em Jesus
por intermédio da visão, e não por fé (ou seja, pela postura “ide ótica”). O
porquê desta exortação? Nós podemos não ter, pelo menos de forma ordinária, o
mesmo privilégio que o apóstolo teve em ser “testemunha ocular” da glória do
Senhor, por intermédio da visão direta, mas nós temos a Sua “palavra
profética”, ou seja, as Escrituras Sagradas (a Bíblia), para que esta Palavra
de Deus, “viva e eficaz” (ver Hebreus 4:12), brilhe em lugar tenebroso (como o
coração humano, por exemplo), até que o dia clareie e a estrela da alva nasça
em nosso coração. Lembre-se que o próprio Senhor Jesus se define, no livro de
Apocalipse, como “a brilhante Estrela da manhã” (Apocalipse 22:16). O texto da
carta de Pedro deixa bem claro, “e fazeis bem em atendê-la”, ou seja, dizendo
que fazemos muito bem em atender (ou, ter fé, acreditar) nesta Palavra.
E quanto a você, caro
leitor(a) antagonista da fé cristã, se você acha “idiótica” a confiança que os
cristãos têm no relato Bíblico, ou seja, na “candeia” citada pelo apóstolo
Pedro, então é bem provável que a “estrela da alva” ainda não nasceu em seu
coração. Rogo para que o Senhor ainda faça nascer em seu coração “a brilhante
Estrela da manhã”, pois esse é o Evangelho da salvação: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por ele" (João 3:16-17).
Adicionalmente, se você acha
que quem crê na Bíblia como regra de fé e prática, precisa da visão (ou da
ótica) para ter acesso à Palavra de Deus, você está muito enganado(a), pois,
como diz o apóstolo Paulo: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação,
pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17). O Evangelho da Salvação, ao longo da
história, sempre foi anunciado de forma verbal. O “Verbo que se fez carne”
sempre foi anunciado de forma verbal, principalmente nos tempos antigos, quando
poucas pessoas tinham acesso à leitura. Além disso, nos dias de hoje, existem
ministérios mundiais (como, por exemplo, “A fé vem pelo ouvir” ou “Faith comes
by hearing”), que disponibilizam versões da Palavra de Deus, em vários idiomas,
para serem ouvidas na forma de arquivos de áudio. Sem falar, obviamente, do
importante trabalho das sociedades bíblicas, em todo o mundo, que se preocupam
em imprimir a Bíblia também em braile, para atender a demanda dos deficientes
visuais, que querem ter acesso à Palavra de Deus, como cristãos.
Graças à Deus por nos
proporcionar acesso à sua maravilhosa Palavra, fonte de vida e edificação para
os seus filhos e filhas. Façamos então, como os de Beréia, que examinaram as
Escrituras todos os dias (ver Atos 17:10-12).
Contudo, caro leitor(a), se
você deseja ver ou enxergar o “Deus invisível” a “olho nú” com seus próprios
olhos humanos, como o apóstolo Pedro no
“monte da transfiguração”, pois você ainda não está convencido (somente
com a postura “ide ótica”) da Sua existência e da Sua soberania sobre tudo o
que existe, por exemplo através das Suas manifestações ou revelações (Romanos
1:20, e todos os milagres relatados, e não relatados, na Bíblia - ver João
21:25, por exemplo), fique tranquilo e tenha fé e esperança, pois você tem esta
promessa registrada no livro de Apocalipse, onde o próprio Senhor Jesus Cristo
revelou para o apóstolo João, que se encontrava aprisionado na Ilha de Patmos,
o que irá acontecer no “fim dos tempos”. Outros relatos sobre o “fim dos
tempos” podem ser encontrados na Bíblica, por exemplo no livro do profeta Daniel,
localizado no Antigo Testamento.
“Revelação de Jesus
Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve
devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao
seu servo João, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus
Cristo, quanto a tudo o que viu. Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que
ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo
está próximo. João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós
outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete
Espíritos que se acham diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, a Fiel
Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que
nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu
reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos
séculos dos séculos. Amém! [Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá,
até quantos o traspassaram]. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre
ele. Certamente. Amém! Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é,
que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.” (Apocalipse 1:1-8, ênfases
acrescentadas em [...])
“Aquele que dá testemunho
destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus! A
graça do Senhor Jesus seja com todos.”
(Apocalipse 22:20-21, os 2
últimos versículos, do último capítulo, do último livro da Bíblia)
***Caso
não tenha ficado muito claro para alguns leitores, é bom ressaltar que o último
versículo do último livro da Bíblia, termina com uma bênção, por meio da graça
do Senhor Jesus Cristo!!!
Soli Deo
Gloria (SDG)