É possível facilmente encontrar um pensamento normalmente atribuído a Agostinho de Hipona na obra Confissões:
"As pessoas costumam amar a verdade quando esta as ilumina, porém tendem a odiá-la quando as confronta."
Vivemos dias maus. Nem é necessário defender este argumento, nem tampouco apresentar as inúmeras evidências que sustentam e suportam esta afirmação, pois é de conhecimento geral e irrestrito, pelo menos para aqueles que aguardam o retorno glorioso do nosso Senhor e Salvador, continuamente repetindo Maranata!
Contudo, o ponto central e propósito primário deste presente texto é apontar para o fato de que vivemos dias maus não somente na sociedade civil, e nos desmandos e despropósitos de uma humanidade egocêntrica, mesquinha, imatura, desonesta, idiossincrática, incoerente e malévola... em outras palavras, "a sociedade a posteriori de Gênesis 3"... na verdade, vivemos dias maus também na "igreja militante", aqui na terra.
Uma das características mais desconcertantes, que causa mais perplexidade nestes "dias maus" em que vivemos, parece ser justamente a constância (permanência, estabilidade, consistência) da inconstância (intermitência, instabilidade, inconsistência) das pessoas, ao longo de curtos ou longos intervalos de tempo e convívio com outras pessoas. Talvez não haja exemplo maior desta difícil realidade do que o profundo desamor que é possível se encontrar, particularmente dentre aqueles que professam pertencer à Cristo. O apóstolo Paulo nos exorta: "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei." (Rm 13:8)
A palavra constância aparece algumas vezes na versão ARA da Bíblia em português, em textos como 2Ts 1:4; 2Ts 3:5; 1Tm 6:11; Tt 2:2, e em todos estes casos exemplificados aqui, é a tradução da palavra grega hypomone, que significa: constância, perseverança, paciência e resistência perseverantes. Esta é a mesma palavra, no original, que o apóstolo Paulo usa em Rm 5:3, e que na Bíblia ARA é traduzida por perseverança.
Nesse ponto do texto, rumando para a conclusão, poderíamos nos perguntar: "Há esperança para os nossos dias?". E a resposta surge, ressurge e se repete nas Escrituras, como por exemplo nas claras e alvissareiras palavras do apóstolo João, inspiradas pelo Espírito:
"Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós." (1Jo 1:8-10)
Graças sejam dadas ao Deus eterno, e verdadeiramente constante, apesar das nossas inconstâncias. Ao Senhor, toda a glória, o louvor e a honra, desde agora e para sempre! Amém.