Divinizando as coisas e coisificando o Divino
A sociedade do consumo desenfreado tem divinizado as coisas, endeusando os objetos, ao mesmo tempo em que também tenta tipicamente coisificar o divino, dessacralizando experiências religiosas, muitas vezes, em respostas apenas pragmáticas.
O vazio existencial do ser humano é o que tipicamente o leva a buscar uma alegria momentânea em adquirir e possuir coisas. Porém, como essa alegria é muito efêmera e transiente, esta busca precisa ser repetida muitas e muitas vezes nos atos de consumo, só contribuindo para aumentar a sensação de vazio, sem nunca saciar a verdadeira inquietação existencial do indivíduo que se encontra neste círculo vicioso. A questão levantada aqui não reside nas coisas materiais em si, nem na quantidade delas que alguém adquiri ou possui, mas sim no uso que se faz delas e no grau de divinização devotado a estes objetos. O que demanda mais da nossa atenção e exige mais do nosso comprometimento, no dia-a-dia, é o que se encontra em nossos corações.
Segundo os ensinamentos do próprio Senhor Jesus Cristo: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:19-21).
Devemos nos lembrar também das palavras encontradas no livro do profeta Jeremias, que nos ensina que “enganoso é o coração” do homem (Jeremias 17:9-10).
Tentar preencher um vazio espiritual com uma fuga material é uma grande ilusão. É uma busca sem propósito e, portanto, sem chance de alcançar êxito. É como comer para aplacar o sono, ou dormir para saciar a fome. É como cheirar uma flor para matar a sede, ou beber água para combater o frio. É como semear a terra com pedras, pensando em colher grãos. É como vestir uma armadura protetora feita de papel de seda, e calçar os pés com folhas de bananeira para caminhar sobre a lava de um vulcão em erupção.
O caminho mais rico e excelente é o da busca pela sabedoria. Mas não a sapiência humana, e sim a sabedoria divina, pois como está escrito: “Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! E mais excelente, adquirir a prudência do que a prata!” (Provérbios 16:16).
Rogamos a Ti, Senhor, que nos conceda da tua fonte de sabedoria eterna! Amém.