Translate

Print Friendly and PDF

16 março 2020

Gênesis: uma visão Reformada dos 6 dias de criação

Um artigo maravilhoso e bastante detalhado, repleto de referências, foi escrito pelo Dr. Joel Beeke, a respeito do que Os Reformadores Acreditavam sobre a Idade da Terra, ou seja, sobre a leitura literal de Gênesis e sobre os dias ordinários de 24 horas no relato Bíblico.

O artigo original pode ser encontrado no portal web do ministério answeringenesis.org:


Soli Deo Gloria

----------------------------

No que os Reformadores Acreditavam sobre a Idade da Terra?
por Dr. Joel R. Beeke em 02/10/2017; última atualização em 31/10/2019

Todos os Cristãos acreditam que Deus o Pai Todo-Poderoso é o Criador dos céus e da terra. Esta crença é como um grande rio que corre através da história Cristã. Ela distingue o Cristianismo de outras formas de espiritualidade. Entretanto, dentro deste rio existem duas correntezas de pensamento sobre como compreender Gênesis: a leitura alegórica e a leitura literal[1].
A Reforma dos séculos XVI e XVII marcou um retorno à leitura literal das Escrituras. Os Reformadores ensinaram que Deus revelou em Gênesis que Ele criou todas as coisas em seis dias ordinários, a cerca de seis mil anos atrás.
Neste artigo, eu vou esboçar estas duas correntes de pensamento, descrevendo os ensinamentos dos Reformadores, e mostrar como estes ensinamentos cristalizaram nas suas confissões de fé.
Duas Visões sobre Gênesis 1 na História Cristã
Houve muitos Cristãos, ao longo da história, que acreditaram na interpretação literal de Gênesis 1. Basílio de Cesareia (329-379 d.C.) escreveu que no contexto de “manhã” e “tarde”, um “dia” em Gênesis 1 se referia a um dia de “vinte e quatro horas”[2]. Ambrósio (c. 339-397 d.C.) escreveu nos seus comentários sobre Gênesis, “A extensão de um dia é vinte e quatro horas”[3]. O historiador e teólogo Inglês Beda (c. 672-735 d.C.) comentou em Gênesis 1:5 que o primeiro dia foi “sem dúvida um dia de vinte e quatro horas”[4].
Por outro lado, outros Cristãos leem Gênesis 1 como uma alegoria ou uma estória simbólica. Orígenes (c. 185-254 d.C.) receitou a interpretação literal de Gênesis 1[5]. O grande teólogo Agostinho de Hipona (354-430 d.C) acreditava que os seis dias não eram períodos de tempo, mas o modo como Deus ensinou os anjos sobre a criação[6]. Porque eles acreditavam nisto? Em primeiro lugar, eles foram influenciados por um antigo livro de sabedoria judaica que não faz parte da Bíblia, compreendendo erroneamente que Deus havia criado todas as coisas em um instante[7].
Em segundo lugar, eles tentavam reconciliar o Cristianismo com a filosofia Grega, tanto quanto o escritor Judeu Fílon de Alexandria (20 a.C. – 50 d.C.) tinha tentado fazê-lo, enquanto não rejeitavam a grande doutrina bíblica de que um Deus criara todas as coisas.
A abordagem alegórica para a Bíblia prevaleceu na Idade Média, mas alguns importantes teólogos ainda favoreceram a leitura literal de Gênesis 1. Pedro Lombardo (c. 1096-1164 d.C.) reconheceu as duas maneiras pelas quais os cristãos haviam compreendido os dias de Gênesis 1, mas assumiu a visão que ele acreditava que se ajustava melhor à Gênesis, a saber, de que Deus havia criado todas as coisas à partir do nada e havia moldado tudo até a sua forma perfeita, em um período de “seis dias”[8]. Lombardo ensinou que os dias de Gênesis 1, definidos por manhãs e tardes, deveriam ser compreendidos como “o espaço de vinte e quatro horas”[9]. Boaventura (1221-1274 d.C.) argumentou que Deus criou “no espaço de seis dias” – uma frase que irá aparecer posteriormente nos escritos Reformados[10].
Embora eles tenham interpretado Gênesis 1 de maneiras diferentes, praticamente todos estes cristãos ainda acreditavam que o mundo tinha apenas alguns milhares de anos, em contraste com a visão filosófica Grega de um mundo eterno ou quase eterno. Eles não viam a criação como um processo que abrangia longas eras, mas como um evento relativamente curto, tendo Deus a completado em um instante ou em seis dias comuns[11].

A Reforma e a Interpretação de Gênesis
Quando Deus trouxe a Reforma para a igreja no século XVI, um grande efeito foi o retorno ao sentido literal da Bíblia. Durante séculos, a igreja havia turvado as águas da interpretação bíblica, atribuindo a cada texto quatro significados, como se a Bíblia consistisse inteiramente de parábolas espirituais. William Tyndale (c. 1494–1536 d.C.) afirmou: “As Escrituras têm apenas um sentido, que é o sentido literal”[12]. Ele não negou que a Bíblia use parábolas e figuras de linguagem, assim como falamos e escrevemos hoje. Contudo, nós descobrimos o significado das Escrituras, lendo-as cuidadosamente no contexto[13]. Não transformamos história em alegoria.
Como resultado dessa abordagem da Bíblia, os reformadores adotaram uma visão literal de Gênesis. Martinho Lutero (1483-1546 d.C.) escreveu: “Sabemos, por Moisés, que o mundo não existia antes de 6.000 anos atrás”[14]. Ele contava com os registros bíblicos para calcular a idade da terra, estimando que em 1540 d.C. o mundo tivesse 5.500 anos de idade[15]. Ele reconheceu que algumas pessoas seguiram a visão de Aristóteles de que o mundo sempre existira, ou a visão de Agostinho de que Gênesis 1 era uma alegoria. Mas Lutero acreditava que Moisés escreveu Gênesis em um sentido claro. Ele disse,
“Portanto, como diz o provérbio, ele ‘chama uma pá de pá’, ou seja, ele emprega os termos ‘dia’ e ‘tarde’ sem alegoria, assim como costumamos fazer... Moisés falou no sentido literal, não alegoricamente ou figurativamente, ou seja, que o mundo, com todas as suas criaturas, foi criado dentro de seis dias, conforme as palavras lidas. Se não compreendermos a razão disso, permaneçamos alunos e deixemos o trabalho de professor para o Espírito Santo”[16].

O conselho de Lutero é sábio. Quando a Bíblia fala de Deus criando Adão no sexto dia, ensinando a Adão Suas ordens sobre as árvores e trazendo os animais para ele, estas não são apenas parábolas espirituais ou princípios eternos, mas “todos esses fatos se referem ao tempo e à vida física”[17]. Gênesis se apresenta a nós não como um poema ou alegoria, mas como um relato da história real. Devemos aceitá-lo como tal, mesmo que não possamos responder a todas as perguntas que possam ser levantadas sobre as origens do universo. As palavras da Bíblia são infalivelmente concedidas pelo Espírito Santo (2 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:21). Deus é o professor, e devemos ser Seus alunos.
Lutero entendeu que o mundo consideraria Gênesis como um "conto de fadas tolo"[18]. Quando ele comentou sobre a criação de Adão em Gênesis 2, ele disse: “Se Aristóteles ouvisse isso, cairia na gargalhada e concluiria que, embora esta não seja uma narrativa desagradável, é, no entanto, um das mais absurdas”[19]. Mas Lutero disse que, na realidade, Gênesis não é tolice, mas sabedoria, pois a ciência só pode investigar do que as coisas são feitas, mas a Palavra de Deus pode revelar como elas foram feitas e para qual finalidade[20].

Calvino sobre o Tempo da Criação
Embora Deus tenha trabalhado através de muitos reformadores contemporâneos e posteriores a Lutero, nenhum é tão conhecido como João Calvino (1509-1564 d.C.). Como Lutero, ele leu Gênesis como "a história da criação". Ele acreditava que “a duração do mundo... ainda não atingiu seis mil anos”[21]. Ele também rejeitou a crença de Agostinho de que a criação foi concluída em um momento[22], escrevendo: “Diz respeito à mesma razão o que narra Moisés: que o trabalho de Deus não foi feito em um momento, mas em seis dias”[23].
Os reformadores não eram ingênuos; eles também enfrentavam céticos ateístas. Não devemos pensar que somente nesta era moderna as pessoas tentaram explicar a origem do universo e da vida biológica sem dar glória ao Criador. Calvino sabia que o ensino da Bíblia sobre a idade relativamente jovem da terra provocaria alguns a risada e zombaria, mas percebeu que homens profanos iriam zombar de quase todos os principais ensinamentos do cristianismo[24]. Ele sabia que algumas pessoas ensinariam que “o mundo veio à existência por acaso”, enquanto “pequenos objetos caindo ao redor” formaram as estrelas, a terra, os seres vivos e os seres humanos. Calvino acreditava que a excelência e a maestria das menores partes do corpo humano mostravam que tais teorias da criação aleatória eram ridículas[25]. Deus revelou que Ele criou o mundo em seis dias, cerca de seis mil anos atrás, para proteger a Igreja de fábulas pagãs sobre nossas origens, para glorificar a Si mesmo como o único Criador e Senhor, e para nos chamar a submeter nossa mente à vontade e à Palavra de Deus[26].
Calvino considerava os primeiros capítulos de Gênesis como “a história da criação do mundo”, e se deleitava com eles porque a criação é “o esplêndido espelho da glória de Deus”[27]. Certamente, a Bíblia não revela todos os fatos que podem ser descobertos pela astronomia - embora Calvino tenha dito que a astronomia é “agradável” e “útil” para os cristãos[28]. As escrituras registram a criação em palavras que as pessoas comuns podem entender, e não em linguagem científica técnica[29]. Ainda assim, a Bíblia é verdadeira e Gênesis é história real. Homens tolos podem ridicularizar os caminhos de Deus, mas os humildes conhecem melhor: "Como a vontade dele é o princípio de toda a sabedoria, devemos nos contentar apenas com isso"[30].
Se alguém se opõe que Moisés não estava vivo durante a criação e só pode escrever fábulas sobre isso, Calvino respondeu que Moisés não estava escrevendo pensamentos que inventou ou descobriu por si mesmo, mas "é o instrumento do Espírito Santo". Esse mesmo Espírito permitiu que Moisés predissesse eventos que aconteceriam muito depois de sua morte, como o chamado dos Gentios a Cristo. Além disso, o Espírito ajudou Moisés a fazer uso das tradições transmitidas por Adão, Abraão e outros[31].
Outra pessoa pode contestar que não faz sentido que Deus tenha criado luz no primeiro dia antes de Deus ter criado o sol no quarto dia. Aqui também, Calvino nos ajuda dizendo que Deus tem uma lição importante para nós nisso: “O Senhor, pela própria ordem da criação, testemunha que ele tem na mão a luz que ele é capaz de nos transmitir sem o sol e a lua”[32]. Assim, a ordem da semana da criação revela que Deus pode suprir todas as nossas necessidades, mesmo sem os meios naturais que ele ordinariamente usa.
Calvino tinha consciência que algumas pessoas diziam que os seis dias de Gênesis 1 eram uma metáfora. Contudo, ele acreditava que isso não fazia justiça ao texto das Escrituras. Ele escreveu: “Pois é uma argumentação (sofismática) muito violenta (objeção) afirmar que Moisés distribui a obra que Deus aperfeiçoou de uma só vez em seis dias, com o simples propósito de transmitir instruções. Vamos concluir que o próprio Deus ocupou o espaço de seis dias, com o objetivo de acomodar suas obras à capacidade dos homens”. Ele continuou explicando que Deus “distribuiu a criação do mundo em porções sucessivas, para que ele pudesse fixar nossa atenção e nos compelir, como se tivesse colocado a mão sobre nós, a fazer uma pausa e refletir”[33]. Joseph Pipa escreve: “O compromisso de Calvino com seis dias e a ordem dos dias contrasta ousadamente com as teorias modernas, como a hipótese da estrutura (framework) e a visão analógica de Gênesis 1. Ele enfaticamente insiste na ordem dos seis dias como vantajosa para o homem e também instrutiva sobre o caráter de Deus”[34].

Outros Reformadores Importantes
Outros importantes reformadores concordaram com Calvino sobre os seis dias da criação, e os três primeiros dias em particular. Embora exemplos possam ser multiplicados, mencionarei apenas quatro. Wolfgang Musculus (1497-1563 d.C.), um astuto teólogo Reformado que Calvino estimava muito, escreveu que os seis dias da criação foram "dias naturais". Falando dos três primeiros dias da criação, ele escreveu: "Pois os dias naturais são compostos dessas partes - tarde e manhã - para que possamos entender corretamente o período de três dias como tendo cessado no espaço de três noites e dias"[35]. Para Musculus, o quarto dia não iniciou uma nova cronologia; antes, todos os seis dias da criação foram vistos por ele como consistindo de vinte e quatro horas[36].
Pietro Martire Vermigli (1499-1562 d.C.), um Reformador Italiano e um dos contemporâneos mais influentes de Calvino, também acreditava em uma terra jovem. Em sua teologia sistemática, ele levanta a questão de que alguns se opõem ao relato bíblico da criação, exigindo que Deus pudesse ter criado o mundo "muito antes" do que Gênesis 1 defende. Quanto ao porquê Deus teria criado “tão tarde”, Martire responde: “Essa é uma pergunta arrogante e perversa, em que as curiosidades do homem não podem ser satisfeitas; mas derrotando sua insanidade. Pois, mesmo se eu te concedesse que o mundo foi criado antes, em qualquer momento do tempo que você pudesse imaginar; no entanto, ainda assim você poderia reclamar que o mesmo foi feito recentemente, se você referir seu pensamento (meditação) à eternidade de Deus; portanto, como devemos, aqui, lidar de maneira piedosa, e não com essa curiosidade de homens e mulheres”[37]. Ele também adverte contra a crença de que Gênesis 1:2 estava falando de um “caos eterno e não criado, ou amontoado confuso”, que era “existente antes” da criação de Deus, e Deus criou mais tarde a partir de coisas que foram “misturadas” neste caos[38]. Martire acrescenta: “Mas nós dizemos que esse mesmo amontoado também foi feito na primeira data”[39] - uma data que durou apenas vinte e quatro horas e foi o primeiro de seis dias. Em outros lugares, o Martire ensinou que "a tarde e a manhã foram feitas nos primeiros dias, do ajuntamento e difusão da luz, antes do surgimento do sol". Ele, então, acrescentou: “Quando falamos da criação das coisas, não produzimos uma coisa à partir de outra, à maneira de Aristóteles, mas afirmamos que todas as naturezas, assim como corpos sem corpo [ou seja, anjos], devem ter sido criados do nada, pela palavra de Deus”[40].
Heinrich Bullinger (1504-1575 d.C.) foi um Reformador Suíço que sucedeu Ulrico Zuínglio como líder da igreja de Zurique. Ele rivalizou com Calvino, em influência, por toda a Europa no século XVI, e produziu cerca de 150 tratados, sendo o mais famoso deles chamado As Décadas, que consistiam em cinquenta sermões nos quais ele pregou através de uma teologia sistemática. No primeiro sermão da primeira década de sermões, Bullinger defende uma Terra jovem, afirmando que uma leitura cuidadosa de Gênesis e Êxodo afirma que desde a criação em Gênesis 1 até a morte de Moisés passaram-se 2.488 anos[41]. Seis sermões depois, Bullinger escreve “Se você juntar em partes, e cuidadosamente examinar o que ele fez naqueles seis dias, e em que ordem, e com que beleza, e com grande conveniência (comodidade) para a humanidade e, finalmente, com que quase sem trabalho ele os trouxe à existência, como está claramente escrito por Moisés no primeiro (capítulo) de Gênesis, você será obrigado a se surpreender com a boa vontade e o poder de Deus”[42].
Zacharias Ursinus (1534-1583 d.C.), um teólogo Reformado Alemão que serviu como autor principal do catecismo de Heidelberg, adotou de maneira semelhante uma visão jovem da Terra. Em seus Comentários sobre o Catecismo de Heidelberg, ele escreveu em 1616: “De acordo com a avaliação (contagem) comum, contando a partir deste 1616 de Cristo, fazem agora 5.534 anos desde a criação do mundo”[43]. Ele, então, cita Melâncton, que teria acreditado que o mundo em 1616 teria 5.579 anos de idade; Lutero, 5.576 anos; os teólogos de Genebra, 5.559 anos; e Beroaldo, 5.545 anos. Depois de consultar esses teólogos, Ursinus conclui "que o mundo foi criado por Deus pelo menos não muito mais do que a 5.559 ou 5.579 anos atrás"[44].
Tanto quanto pude constatar, a interpretação aceita pelos Reformadores que abordaram esses assuntos é que eles, em sua grande maioria, acreditavam (1) em uma Terra jovem de cerca de 6.000 anos em termos de nossa cronologia moderna do século XXI, (2) que Deus criou todas as coisas em seis dias de vinte e quatro horas, e (3) que não houve intervalos de tempo na semana da criação. O fato de muitos Reformadores não terem abordado essas questões diretamente ou apenas por pouco tempo não parece ser porque elas não eram significativas para eles, mas porque havia pouca ou nenhuma controvérsia sobre elas, pois eles se mantinham unidos em que os dias da criação deveriam ser compreendidos literalmente[45]. No que diz respeito aos Reformadores, a historicidade literal de Gênesis 1 não estava em debate; “Para eles, a criação em seis dias significava uma criação em seis dias”, que por sua vez significava uma Terra jovem[46].

Luteranos e as Confissões Reformadas Primitivas a respeito da Criação
A Reforma foi uma época de tremendas redescobertas da verdade bíblica. Para mostrar sua fidelidade às Escrituras e transmitir essas verdades às gerações futuras, os evangélicos publicaram suas crenças em confissões e catecismos.
A doutrina da criação não era um ponto importante de discordância entre a Igreja Católica Romana e as igrejas evangélicas da Reforma. Portanto, não recebeu muita atenção nas confissões Luteranas, exceto brevemente afirmar que um Deus havia criado todas as coisas[47]. As principais confissões Reformadas do século XVI ofereceram declarações mais desenvolvidas sobre a criação do mundo, dos anjos e da humanidade, mas não abordaram o tempo da criação[48]. A Confissão Belga (artigo 14) diz que “Deus criou o homem do pó da terra”[49]. Assim, confessou uma compreensão literal de Gênesis 2:7, que contradiz logicamente a noção do mundo moderno de que o homem evoluiu por um processo natural de outras formas de vida ao longo de milhões de anos.
Girolamo Zanchi (1516-1590 d.C.) foi um professor de Antigo Testamento e teologia que ensinou em Estrasburgo e Heidelberg. Alguns anos antes de morrer, Zanchi publicou uma confissão de fé detalhada, que dizia que Deus criou o mundo "no espaço de seis dias"[50]. Ele também publicou um livro maciço intitulado Concerning the Works of God in Creation during the Space of Six Days (“Relativo as Obras de Deus na Criação durante o Espaço de Seis dias”), no qual ele argumentou que Gênesis 1 diz claramente que Deus criou o mundo em seis dias literais[51].
James Ussher (1581-1656 d.C.), bispo de Armagh, é agora mais conhecido por sua história bíblica do mundo, na qual ele calculou a data da criação em 4004 a.C. Em 1615, ele liderou uma reunião de líderes da igreja em Dublin para adotar os Artigos Irlandeses, que dizem: “No começo dos tempos, quando nenhuma criatura existia, Deus somente por Sua Palavra, no espaço de seis dias, criou todas as coisas”[52]. Essas palavras vêm diretamente dos Principles of Christian Religion (“Princípios da Religião Cristã”), de Ussher, que ele escreveu por volta de 1603[53]. Ussher foi convidado para participar da Assembleia de Westminster e, apesar de ter recusado, seus escritos ainda influenciavam bastante os documentos ali escritos.

Os Padrões de Westminster sobre a Criação
Reunidos de 1643 a 1649, os teólogos Reformados Britânicos escreveram a Confissão de Fé de Westminster (CFW), o Breve Catecismo (BCW) e o Catecismo Maior (CMW). Os Padrões de Westminster continuam a servir como declarações confessionais de muitas igrejas Presbiterianas em todo o mundo. O Catecismo Maior (Q. 17) ensina uma visão literal de Gênesis 1-2, afirmando: “Depois de ter feito todas as demais criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea; formou o homem do pó, e a mulher da costela do homem”[54]. A confissão e os dois catecismos afirmam que Deus criou o universo no “espaço de seis dias”[55]. Esta mesma linguagem também foi transmitida para as confissões dos Congregacionais e dos Batistas, quando adaptaram a Confissão de Westminster para o uso em suas próprias igrejas[56].
O que os Padrões de Westminster e as suas confissões “filhas” querem dizer com criação no "espaço de seis dias"? Por que eles não disseram simplesmente "em seis dias"? Em primeiro lugar, ao usarem a palavra "espaço", eles deixaram claro que estavam falando sobre um período de tempo definido, e não apenas uma metáfora com seis partes. Outros livros do século XVII usaram as palavras “o espaço de seis dias” para se referir à duração de seis dias comuns (ordinários)[57]. Assim, por exemplo, um livro impresso em 1693 fala sobre como um rei conquistou uma região inteira “no espaço de seis dias[58].
Em segundo lugar, ao adotar a linguagem do “espaço de seis dias”, a Assembleia de Westminster declarou que estava com os teólogos prévios, ao afirmar uma criação literal em seis dias. A expressão tem suas raízes em pelo menos quatro teólogos anteriores, que os teólogos de Westminster conheciam. Como vimos, as palavras “no espaço de seis dias” aparecem nos escritos de Boaventura, Calvino, Zanchi e Ussher[59]. As Confissões de Zanchi podem ter influenciado os teólogos de Westminster, pois foi um excelente exemplo das primeiras confissões ortodoxas Reformadas, que poderia ser usada como fonte[60]. Certamente os Artigos Irlandeses de Ussher influenciaram a Confissão de Westminster[61].
Pesquisas sobre os escritos de vários membros da Assembleia de Westminster confirmaram que eles acreditavam em uma Terra relativamente jovem e em uma criação literal em seis dias[62]. Em 1674, Thomas Vincent escreveu o seguinte em sua obra de explicação do Breve Catecismo de Westminster: “Em que tempo Deus criou todas as coisas? Deus criou todas as coisas no espaço de seis dias. Ele poderia ter criado todas as coisas juntas em um momento, mas levou seis dias para realizar o trabalho”[63]. Assim, temos boas razões para concluir que a Confissão de Westminster, o Catecismo Maior e o Breve Catecismo nos ensinam a considerar Gênesis 1 como uma semana real na história.
Alguns homens piedosos, que amam a Confissão de Westminster, discordam de mim, argumentando que "o espaço de seis dias" é ambíguo e que apenas pretendia excluir a ideia de criação em um instante[64]. Mas os Padrões de Westminster fazem mais do que rejeitar a criação instantânea. Eles também afirmam a criação durante um período de tempo especificado: "o espaço de seis dias".


Conclusões
Embora todos os Cristãos acreditem que Deus criou o mundo, uma leitura literal de Gênesis competiu com uma leitura alegórica, ao longo da história da Igreja. Na Reforma, Lutero, Calvino[65] e outros importantes Reformadores adotaram a leitura literal de Gênesis, com o resultado de que eles acreditavam em uma criação em seis dias, cerca de seis mil anos atrás. Também encontramos evidências da visão literal na Confissão Belga, na Confissão de Fé de Zanchi, nos Artigos Irlandeses e na Confissão de Fé de Westminster.
Contudo, nesta era moderna, um número crescente de Cristãos evangélicos e Reformados está voltando ao antigo erro de abraçar uma visão simbólica de Gênesis, embora muitas vezes sob novas formas. Acredito que enfrentamos um duplo perigo aqui. Primeiro, corremos o risco de perder a confiança de que as palavras podem comunicar claramente a verdade. Parece haver uma questão hermenêutica em jogo aqui, a saber, a clareza da Escritura. É fascinante que, de um modo geral, os mesmos estudiosos eruditos Reformados que defendem algum tipo de interpretação alegórica das palavras claras e literais de Gênesis 1 tendam a reinterpretar as palavras claras e literais da Confissão de Westminster quando afirma que a criação ocorreu "no espaço de seis dias". Se palavras claras e diretas podem assumir significados alegóricos ou alternativos tão facilmente, para que não signifiquem o que afirmam claramente, como sabemos o que significa alguma coisa? A incerteza resultante que essas interpretações transmitem leva ao segundo perigo, o do minimalismo doutrinário. Se reduzirmos o significado de nossas confissões dizendo que suas declarações meramente se opõem a algum erro específico, perderemos a riqueza do que as confissões afirmam positivamente. Da mesma forma, se reduzirmos Gênesis 1 à pura verdade de que "Deus criou tudo", perderemos a riqueza do que Deus revela em todo o capítulo.
Uma abordagem incerta e minimalista da doutrina da criação abre as portas para que erros graves entrem na igreja, como a evolução do homem a partir de animais ou a negação de que Adão e Eva eram pessoas reais e históricas. Felizmente, uma doutrina robusta da criação fornece uma base sólida para nossa fé.

Nota final[66]




[1] Agradeço a David Clayton e Paul Smalley por sua assistência à pesquisa neste artigo.
[2] Basil, Hexaemeron, Homily 2.8, http://www.newadvent.org/fathers/32012.htm (acessado em 23 de maio de 2013).
[3] Ambrose, Hexameron, Paradise, and Cain and Abel, trans. John J. Savage, The Fathers of the Church: A New Translation (New York: Fathers of the Church, 1961), vol. 42 [1.37].
[4] Bede, On Genesis, trans. Calvin B. Kendall (Liverpool: Liverpool University Press, 2008), p. 75.
[5] Robert Letham, “In the Space of Six Days,” Westminster Theological Journal 61 (1999): p. 150–51.
[6] Ibid., p. 156.
[7] A referência é Sirach ou Ecclesiasticus 18:1: “Aquele que vive para sempre criou todas as coisas juntas”. A Vulgata Latina tinha “simul” ou “ao mesmo tempo” para “juntos”, mas o grego lê “koine” ou “em comum”. N.T.: The Cambridge Paragraph Bible: of the Authorized English Version, 1873, Cambridge University Press, Sir. 18:1: “He that liveth for ever created all things in general”, trad.: “Quem vive para sempre criou todas as coisas em geral”.
[8] Peter Lombard, The Four Books of Sentences, trans. Alexis Bugnolo, book 2, distinction 12, ch. 2, http://www.franciscan-archive.org/bonaventura/II-Sent.html (acessado em 29 de maio de 2013). N.T.: criação “ex nihilo”, de tudo a partir do nada.
[9] Ibid., distinction 13, ch. 4, (acessado em 28 de maio de 2013). A palavra "espaço" traduz o termo em Latim que Lombardo usou, spatium, a mesma palavra usada mais tarde por Calvino e pelos “divinos” de Westminster.
[10] A frase em latim sex dierum spatium aparece nos Comentários de Boaventura sobre Os Quatro Livros de Sentenças, trad. Alexis Bugnolo, livro 2, comentário sobre distinção 12, art. 1, pergunta 2, (acessado em 28 de maio de 2013). Boaventura usou o mesmo argumento que Calvino usou, que Deus criou ao longo de um período de tempo "para comunicar à criatura o que ela era capaz de receber".
[11] Para um apanhado geral das visões dos escritores da era cristã sobre as origens do homem, consulte William Vandoodewaard, The Quest for the Historical Adam (Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books).
[12] William Tyndale, Obedience of a Christian Man, in Doctrinal Treatises and Introductions to Different Portions of the Holy Scriptures, ed. Henry Walter (Cambridge: Cambridge University Press, 1848), p. 304.
[13] Ibid., p. 305.
[14] Martin Luther, Lectures on Genesis, in Luther’s Works, ed. Jaroslav Pelikan (St. Louis, MO: Concordia, 1958), 1:ix, 3.
[15] Martin Brecht, Martin Luther: The Preservation of the Church, 1532–1546 (Minneapolis, MN: Augsburg Fortress, 1993), p. 138.
[16] Luther, Lectures on Genesis, in Works, 1:5. See also John A. Maxfield, Luther’s Lectures on Genesis and the Formation of Evangelical Identity (Kirksville, MO: Truman State University Press, 2008), p. 41. N.T.: "Chamar uma pá de pá" (do inglês, “Call a spade a spade”) é uma expressão anglófona que significa falar clara e diretamente. A mais antiga fonte dessa expressão é a Apophthegmata Laconica, parte da Moralia de Plutarco (46 - 126 d.C.). Ali está registrada uma sentença em grego, que transliterada para o português, significa "chamar a tigela de tigela" ou "o pão de pão".
[17] Luther, Lectures on Genesis, 1:122.
[18] Ibid., 1:128.
[19] Ibid., 1:84.
[20] Ibid., 1: 124. Ele usou a terminologia de causas eficientes e finais. Paul Bartz, “Luther on evolution,” Creation 6, no. 3 (February, 1984):18–21; creation.com/Luther (acessado em 27 de janeiro de 2014).
[21] John Calvin, Institutes of the Christian Religion, trans. Ford Lewis Battles, ed. John T. McNeill (Philadelphia, PA: Westminster Press, 1960), 1.14.1.
[22] Susan E. Schreiner, “Creation and Providence,” in The Calvin Handbook, ed. Herman J. Selderhuis (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2009), p. 270.
[23] João Calvino, A Instituição da Religião Cristã, 1.14.2. (Ed. Unesp). N.T.: “Pois, também por essa particularidade, recolhemos, de todas as ficções quanto ao único Deus, que Ele distribuiu seu trabalho em seis dias para que não nos fosse um incômodo o ter de se ocupar na consideração disso por todo o curso da vida”. “... e que não menosprezemos o que Ele nos manifestou e declarou com sua Palavra; e isso, para que, por um lado, não sejamos condenados por nossa excessiva curiosidade, e, por outro, por nossa ingratidão. Porque Agostinho diz muito bem que podemos seguir a Escritura com toda segurança, pois ela, como uma mãe com seu filho, vai conhecendo pouco a pouco nossa fraqueza, para não nos deixar para trás”.
[24] Ibid., 3.21.4. (Ed. Unesp). N.T.: “Tampouco deixará de zombar se lhe for dito que o mundo foi criado há pouco mais de cinco mil anos; porque perguntarão qual é a causa de a virtude e potência de Deus terem estado durante tanto tempo ociosas sem fazer nada. Em suma, não será possível afirmar nada de que não se riam nem zombem”.
[25] John Calvin, Sermons on Genesis: Chapters 1:1–11:4, trans. Rob Roy McGregor (Edinburgh: Banner of Truth, 2009), p. 9, 11–12. Veja também seus comentários em Êxodo 2:4 e Salmos 104:24. Calvino atribuía tais visões a uma forma de ateísmo que ele associava com o ensinamento de Epicuro (341–270 a.C.), um filósofo Grego da antiguidade. Veja Nicolaas H. Gootjes, “Calvin on Epicurus and the Epicureans,” in Calvin Theological Journal 40 (2006): 33–48.
[26] João Calvino, A Instituição da Religião Cristã, 1.14.1–2. (Ed. Unesp). N.T.: “Mas, ao dispor o movimento do sol e dos astros a serviço do homem, encheu a terra, as águas e os ares com animais; produziu em abundância todos os frutos que serviriam de alimento, tomando o cuidado de um pai de família providente e diligente, ostentou diante de nós sua admirável bondade”.
[27] John Calvin, Commentaries on the First Book of Moses Called Genesis, trans. John King (Edinburgh: Calvin Translation Society, 1847), 1:xlviii; cf. 1:57.
[28] Ibid., 1:79.
[29] Ibid., 1:86–87.
[30] Ibid., 1:61.
[31] Ibid., 1:58.
[32] Ibid., 1:76.
[33] Ibid., 1:78. Veja também Sermons on Genesis, p. 19.
[34] Joseph A. Pipa Jr., “Creation and Providence,” in A Theological Guide to Calvin’s Institutes, ed. David W. Hall and Peter A. Lillback (Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2008), p. 129. Cf. Jonathan Sarfati, “Calvin said: Genesis means what it says,” Creation 22, no. 4 (September 2000):44–45; creation.com/calvin (acessado em 27 de janeiro de 2014).
[35] Wolfgang Musculus, In Genesim Moses Commentarii Plenissimi (1554; repr., Basel, 1600), 26.
[36] Ibid., 13.
[37] Peter Martyr Vermigli, The Common Places of the most famous and renowmed Diuine Doctor Peter Martyr, trans. Anthonie Marten (London: H. Denham and H. Middleton, 1583), 1:111.
[38] Ibid.
[39] Ibid.
[40] Peter Martyr Vermigli, “The Propositions of D. Peter Martyr, disputed openlie in the Common Schooles at Strasbourgh,” Works of Peter Martyr, trans. Anthonie Marten (1543; repr., London, 1558), p. 144.
[41] Henry Bullinger, The Decades of Henry Bullinger, ed. Thomas Harding, intro. George Ella and Joel R. Beeke (Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books, 2004), 1:42–43.
[42] Ibid., 1:126.
[43] Zacharias Ursinus, Commentary on the Heidelberg Catechism (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1985), p. 145.
[44] Ibid.
[45] Para Reformadores adicionais que detêm a mesma visão, ver John L. Thompson, ed., Genesis 1–11: Reformation Commentary on Scripture (Downers Grove, IL: InterVarsity, 2012); David W. Hall, Post-Tenebrae: Essays in Calvin and Calvinism, chapter 2, “Calvin and the Reformers on Creation” (Powder Springs, GA: Covenant Foundation, 2013), p. 60–91. Sou grato a David Hall por me alertar sobre várias citações nesta seção.
[46] Aaron Hebbard, reviewing Thompson’s Genesis 1–11: Reformation Commentary on Scripture, in Journal of the Evangelical Theological Society 56, no. 4 (December 2013): 837.
[47] Augsburg Confession, art. 1, and Small Catechism, part 2, art. 1, in The Book of Concord: The Confessions of the Evangelical Lutheran Church, trans. and ed. Theodore G. Tappert (Philadelphia, PA: Fortress Press, 1959), p. 28, 344.
[48] Belgic Confession, art. 12, Heidelberg Catechism, Q. 6, and Second Helvetic Confession, art. 7, in Reformed Confessions Harmonized, ed. Joel R. Beeke and Sinclair B. Ferguson (Grand Rapids, MI: Baker, 1999), p. 36–38.
[49] Belgic Confession, art. 14., in Doctrinal Standards, Liturgy, and Church Order, ed. Joel R. Beeke (Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books, 2003), p. 11.
[50] H. Zanchius, Confession of Christian Religion (London: Iohn Legat, 1599), p. 21 [5.1]. The Latin reads intra spacium sex dierum. H. Zanchii, De Religione Christiana Fides (Neostadii Palatinorvm: Matthaus Harnisch, [1588]), 17–18 [5.1].
[51] Hieron. Zanchii, De Operibus Dei intra Spacium Sex Dierum Creatis (1591). See Vandoodewaard, The Quest for the Historical Adam.
[52] Irish Articles, art. 4, sec. 18, in Documents of the English Reformation, ed. Gerald Bray (Minneapolis, MN: Fortress Press, 1994), p. 440, ênfase adicionada.
[53] The Whole Works of the Most Rev. James Ussher (Dublin: Hodges, Smith, and Col, 1864), 11:179, 183.
[54] Catecismo Maior de Westminster (CMW), Q. 17, em Harmonia das Confissões Reformadas, Joel R. Beeke & Sinclair B. Ferguson, p. 39.
[55] CFW 4.1, BCW Q. 9, CMW Q. 15, em Harmonia das Confissões Reformadas, 37. The Latin phrase is sex dierum spatium (Philip Schaff, Creeds of Christendom [New York: Harper, 1877], 3:611).
[56] Uma comparação da Confissão de Fé de Westminster (CFW) com a Declaração de Savoy (1658) e a Segunda Confissão Batista de Londres (1677/1689) pode ser encontrada em: http://www.proginosko.com/docs/wcf_sdfo_lbcf.html (acessado em 24 de maio de 2013).
[57] Journals of the House of Lords (1642), 5:535; Nathan Bailey, “Founday,” in An Universal Etymological English Dictionary (London: for R. Ware et al, 1675); The Laws and Acts Made in the First Parliament of Our Most High and Dread Soveraign James VII, ed. George, Viscount of Tarbet (Edinburgh: Andrew Anderson, 1685), p. 141; Pierre Danet, “Judaei,” in A Complete Dictionary of the Greek and Roman Antiquities (London: for John Nicholson et al., 1700).
[58] The History of Polybius the Megapolitan, 2nd ed. (London: Samuel Briscoe, 1693), 2:128.
[59] Bonaventure, Commentaries on the Four Books of Sentences, book 2, distinction 12, art. 1, question 2; Calvin, Commentaries on Genesis, 1:78; Zanchius, Confession of Christian Religion, 21 [5.1]; De Operibus Dei intra Spacium Sex Dierum Creatis; Ussher, Works, 11:183.
[60] Richard Muller, Post-Reformation Reformed Dogmatics, Volume Two, Holy Scripture: The Cognitive Foundation of Theology, 2nd ed. (Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2003), p. 85.
[61] Benjamin B. Warfield, The Westminster Assembly and Its Work (New York: Oxford University Press, 1931), p. 127, 148, 169–74.
[62] David W. Hall, “What Was the View of the Westminster Assembly Divines on Creation Days?” in Did God Create in Six Days? ed. Joseph A. Pipa, Jr., and David W. Hall (Taylors, SC: Southern Presbyterian Press, 1999), p. 41–52.
[63] Thomas Vincent, An Explicatory Catechism: Or, An Explanation of the Assembly’s Shorter Catechism (New Haven, CT: Walter, Austin, and Co., 1810), p. 42, on WSC Q. 9.
[64] “Westminster Theological Seminary and the Days of Creation,” Westminster Theological Seminary, http://www.wts.edu/about/beliefs/statements/creation.html (acessado em 28 de maio de 2013); R. Scott Clark, Recovering the Reformed Confession (Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2008), p. 49. Um ensaio de algumas das conclusões de Hall podem ser encontradas em William S. Barker, Word to the World (Ross-shire, UK: Christian Focus Publications, 2005), p. 259–270. Este artigo também apareceu em Westminster Theological Journal 62 (2000): 113–120. Observo, no entanto, que Barker não oferece exemplos de teólogos de Westminster que rejeitaram a criação em seis dias literais.
[65] N.T.: João Calvino, A Instituição da Religião Cristã, 1.14.1. (Ed. Unesp): “E não nos deve mover aquela zombaria profana de que seja admirável não ter ocorrido antes à mente de Deus criar o céu e a terra, mas que tenha permitido fluir ocioso um imenso espaço, antes do qual poderia haver um sem-número de gerações; dado que ainda não chegou aos seis mil anos ainda, e já está declinando para o seu fim [Cf. Cícero, De natura..., I, 9, 21]. Nem é lícito nem convém a nós inquirir por que Deus adiou tanto a criação, uma vez que, se a mente humana decidir penetrar na questão, cem vezes falhará no caminho; nem seria útil saber o que o próprio Deus, para provar a modéstia de nossa fé, deliberadamente desejou que fosse escondido. E aquele velho devoto, dado que um impertinente perguntasse por troça o que Deus fazia antes de o mundo ser criado, habilmente respondeu que fizera um inferno aos curiosos [Agostinho. Confissões, XI, 12, 4. In: PL 32, 815]. Essa admoestação, não menos grave que severa, detém também a lascívia, que a muitos anima e impele a especulações falsas e nocivas. Por fim, lembremos que aquele Deus invisível, cuja sabedoria, virtude e justiça são incompreensíveis, é posto a nós pela história de Moisés como que em um espelho, no qual sua imagem reluz vivamente. E de fato, assim como nada distinguem com precisão olhos enfraquecidos pela idade ou prejudicados por outro vício, a menos que sejam auxiliados por lentes, também nós, porque nos cabe a fraqueza, se a Escritura não nos dirigir na busca de Deus, esvaecemos de imediato.”
[66] Para uma versão mais breve deste livreto com o mesmo título, consulte o capítulo 9 em Ken Ham, ed., The New Answers Book 4 (Green Forest, AR.: Master Books, 2013), 101–120.