“Não retroceda”
(“Mulheres Reformadas” – PIBREP – 2024/03/16)
“32Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados, sustentastes grande luta e sofrimentos;33ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio quanto de tribulações, ora tornando-vos co-participantes com aqueles que desse modo foram tratados.34Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável.35Não abandoneis, portanto, a vossa confiança ela tem grande galardão.36Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.37Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;38todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.39Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.” (Hb 10:32-39)*
*Carta aos Hebreus escrita no contexto de perseguição (ver 2Co 4:7-10):
Atribulados, porém não Angustiados; Perplexos, porém não Desanimados; Perseguidos, porém não Desamparados; Abatidos, porém não Destruídos.
Perguntas retóricas:
- Cara irmã, você tem estado desanimada?
- Cara irmã, as provações, desafios e dificuldades desta vida tem tirado a sua alegria e o seu contentamento?
- Cara irmã crente, você tem acreditado que os desafios da sua vida cristã estão “além das suas forças”?
- Cara irmã, você tem pensado em “retroceder” na fé?
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O que dizem os comentaristas bíblicos (reformados)?
*{#1 R.C. Sproul} Hb 10:37-38: Três elementos de Habacuque 2:3,4 serão ilustrados na vida das pessoas de fé do AT: (1) a fé fixa seus olhos Naquele que está vindo, esperando que Seu futuro apareça; (2) a fé recebe o veredicto de justiça de Deus; (3) a fé não recua diante do sofrimento.
*{#2 R.C. Sproul} Hb 10:39: A substância deste encorajamento é semelhante à de Hebreus 6:9,10. Aqui, o autor inclui a si mesmo, dizendo “nós...somos”, ao invés de “vós” e “vosso”.
*{#1 John Calvin & John Owen} Hb 10:38: Ele quer dizer que a paciência nasce da fé; e isso é verdade, pois nunca seremos capazes de continuar nossas lutas, a menos que sejamos sustentados pela fé, assim como, por outro lado, João declara verdadeiramente que nossa vitória sobre o mundo é pela fé (1João 5:4). É pela fé que ascendemos ao alto; que superamos todos os perigos da vida presente, e todas as suas misérias e problemas; que possuímos uma posição de aquietação em meio a tempestades e tormentas. Todos os que são contados diante de Deus não vivem de outra forma, senão pela fé. E o futuro do verbo “viverá” indica a perpetuidade desta vida (Rm 1:17 e Gl 3:11)... “Se retroceder” significa a exaltação ou orgulho com que os ímpios são inflados, uma vez que sua oposição refratária a Deus procede daquela falsa confiança com a qual eles estão embriagados; pois é por isso que eles renunciam à Sua autoridade, e prometem a si mesmos um estado tranquilo, livre de todo mal. Pode-se dizer, então, que eles recuam quando estabelecem defesas desse tipo, pelas quais afastam todo temor a Deus e reverência ao seu nome... Desta auto-confiança, da insolência e do desprezo resulta que, desde que tudo esteja bem com os ímpios, eles ousam, como alguém disse, ‘insultar as nuvens’.
*{#2 John Calvin & John Owen} Hb 10:39: “não somos dos que retrocedem”. O autor já os havia advertido, para que, ao abandonarem a Igreja, não se alienassem da fé e da graça de Cristo; ele agora lhes ensina que foram chamados para esse fim, para que não recuem (retrocedam). E ele novamente coloca a “fé” e o “recuo” em oposição um ao outro, e também a “preservação” da alma, em relação à sua “perdição”. Agora note-se que esta verdade também nos pertence, pois nós, a quem Deus favoreceu com a luz do Evangelho, devemos reconhecer que fomos chamados para que possamos avançar cada vez mais na nossa obediência a Deus, e nos esforçar constantemente para nos aproximarmos dele. Esta é a verdadeira preservação da alma, pois ao fazê-lo escaparemos da perdição eterna.
Aplicações finais:
- No capítulo 11, o autor aos Hebreus descreve a natureza da fé.
“Embora o tema bíblico da ‘fé’ possa ser entendido de várias maneiras, ele pode ser resumido como ‘confiança ativa e crença demonstrada através da obediência’. A fé não sugere mera crença intelectual ou cognitiva numa proposição, doutrina, ou mesmo numa pessoa, embora por vezes implique crença doutrinária e compreensão teológica (por exemplo, que Jesus é o Messias e o Filho de Deus que veio em carne). A fé é tipicamente entendida como o envolvimento de todo o ser – mente, coração e corpo – num relacionamento com Deus que expressa confiança e uma resposta grata à Sua iniciativa amorosa.” (John D. Barry et al., Faithlife S.B.)
***(continuação)*** “Embora a fé seja mais do que um consentimento intelectual, envolve necessariamente uma declaração, uma promessa e – em última análise – uma pessoa... Na Bíblia, a fé passa da confiança do Antigo Testamento no Deus geralmente invisível (Yahweh), para a crença e submissão ativa do Novo Testamento à pessoa de Jesus, Deus em forma humana (Jo 1:14,18; Cl 1:15; Hb 1:1–3). No Antigo Testamento, a fé é melhor compreendida no contexto da relação de aliança com Deus, que é o exemplo supremo de fidelidade. Embora Deus revele consistentemente a Sua fidelidade (confiabilidade, firmeza e consistência de caráter), as pessoas muitas vezes deixam de ser fiéis a Deus, e também umas às outras. A fé é uma atitude de confiança que se manifesta através da obediência do povo a Deus. Noé demonstra fé em Deus pela sua disposição em acreditar na promessa de proteção de Deus em meio ao dilúvio que se aproxima, e pela sua obediência na construção da arca de acordo com as instruções de Deus (Gn 6). A confiança de Abraão nas promessas da aliança de Deus foi validada como ‘justiça’ (Gn 15:6), e foi ratificada (confirmada) no Monte Moriá quando ele se dispôs a sacrificar Isaque, o filho da promessa (Gn 22:1-19). Moisés demonstrou fé em Deus através do seu compromisso de servir como instrumento da provisão de liberdade e libertação de Deus, tirando Israel do cativeiro egípcio (ver o livro do Êxodo). Os profetas expressaram fé em Deus através de sua crença na palavra de Yahweh que haviam recebido, e de sua disposição de proclamar essa palavra aos reis de Israel e Judá, bem como às nações vizinhas. Habacuque proclama: ‘o justo viverá pela sua fé’ (Hc 2:4). A conexão entre justiça e fé sugere que a fé é o meio pelo qual permanecemos no favor de Deus. No Novo Testamento, porém, vemos que a fé não é apenas uma ação pessoal; é um dom divino concedido pela graça de Deus (Ef 2:8). No Novo Testamento, o substantivo ‘fé’ (pistis em grego) e o verbo relacionado “acreditar” (pisteuō) ocorrem mais de 200 vezes, enquanto o adjetivo “fiel” (pistos) é usado mais de 60 vezes. Os autores do Novo Testamento veem principalmente a fé como a crença na encarnação, morte e ressurreição de Cristo, de modo que a vida de uma pessoa é moldada por essas crenças.”
- A Bíblia nos ensina que Deus participa do nosso sofrimento (páscoa). A encarnação retrata isso com mais clareza; Jesus assume a natureza humana, e participa de todas as contingências (necessidades) da condição humana, até mesmo uma morte brutal na cruz (Hb 5:7-8; 12:2; Fp 2:7-8).
- A reconciliação final e a redenção do sofrimento aguardam um tempo futuro. Existe um aspecto “já & ainda não” na resolução do sofrimento humano. Embora Cristo forneça aos crentes força para transformar o sofrimento aqui e agora, a resolução final do sofrimento humano aguarda o Seu regresso. A resolução do sofrimento, luto e pesar é uma das repetidas promessas da bênção futura de Deus para o Seu povo (Is 35:10; 51:11; 65:19; Ap 7:17; 21:4).
*Cara irmã em Cristo, persevere com paciência e resiliência, assim como o nosso Senhor Jesus Cristo perseverou até a morte – e morte de cruz!
SDG
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Mensagem:
"Não retroceda" (Hb 10:38-39)
Encontro de Mulheres Reformadas
PIBREP - 16/03/2024
