Translate

Print Friendly and PDF

01 junho 2012

Agostiniando

Agostinho de Hipona na discussão entre a razão e a fé...

Agostiniando

Grande regozijo na descoberta pessoal dos textos agostinianos dos séculos IV e V.
Surpreendentemente atuais e modernos, mesmo depois de mais de 16 séculos, com questionamentos e afirmações que ainda hoje inquietam grande número de sinapses honestas, em várias mentes ativas e comprometidas.
            Este conteúdo produzido por Agostinho de Hipona têm sido analisado e interpretado, de maneira muito séria e profunda, por vários autores contemporâneos, e não é por acaso que influenciaram sobremaneira, por exemplo, a obra de João Calvino, particularmente as suas “Institutas da Religião Cristã” (século XVI).
            O “filosofar na fé”, atribuído a Agostinho, consiste em aplicar o pensamento ou exercitar o intelecto mais profundo e dedicado possível no estudo das verdades estabelecidas pela sabedoria do Deus Triúno, estando o pensador já capacitado pela própria fé (post fidem), pois a razão não é contrária a fé.
            Parece que, na visão agostiniana, a razão e a fé andam juntas, sendo que a fé na autoridade do Deus Criador abre a porta para o fortalecimento e a clareza da razão, como uma “recompensa pela fé”. Neste sentido, ele aponta que enquanto “a fé busca, a inteligência encontra”, ou seja, enquanto a fé é a força motora da busca cristã, a razão, doravante capacitada pela fé, pode encontrar o objeto da busca. Esta lógica está em consonância com o Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo, como pode ser visto, por exemplo, no sétimo capítulo de Mateus (Mt 7:7-11).
            Impressionante também é a análise de Agostinho nos seus “Solilóquios” (monólogos), concluindo que na vida eterna da alma, a fé dará lugar a visão ou a compreensão de Deus, e a esperança será substituída pela realidade da Sua presença (ver Rm 8:24-25). Remanescente na alma eterna, apenas o amor, que diante da Glória visível do Deus Criador, será “acrescido em elevadíssimo grau, pois, ao ver aquela beleza singular e verdadeira, amará ainda mais”.
            Pensando sobre os escritos de Agostinho e de seus intérpretes, portanto “Agostiniando”, concluo que louvado seja o Nosso Senhor, por capacitar estas mentes tão aguçadas e objetivas na busca pela Sua verdade, particularmente revelada através da Sua Palavra.
            Amém.