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09 julho 2012

Fé particulada

Sobre a fé nas partículas elementares...

Fé particulada

Grande demonstração de conquista e avanço científicos através da competência, trabalho duro e espírito de equipe, foi o anúncio recente (04 de julho de 2012) da possível descoberta do “bóson de Higgs”, conhecido pelo grande público como a “partícula de Deus”.
Os pesquisadores estão cautelosos em confirmar a descoberta do bóson de Higgs, pois precisa haver ainda pesquisa adicional para confirmação dos resultados. Por isto, afirmam apenas a descoberta de uma partícula “consistente com o bóson de Higgs”.
Apesar disto, o nível de excitação e êxtase é compreensivelmente alto por parte das equipes que encabeçam as buscas no Grande Colisor de Hádrons (LHC – “Large Hadron Collider”) do CERN (“Organização Européia para Pesquisas Nucleares”). O diretor geral da organização disse, no anúncio da descoberta: "Atingimos um marco na nossa compreensão da natureza ... A descoberta de uma partícula consistente com o bóson de Higgs abre o caminho para estudos mais detalhados, exigindo estatísticas maiores, que vão identificar as propriedades da nova partícula, e é provável que lance luz sobre outros mistérios do nosso universo."
Vamos aos fatos:
Esta partícula, que recebeu o nome de um dos principais pesquisadores que a propuseram, em 1964, representa uma importante peça faltante do “quebra-cabeça” montado na teoria do “Modelo Padrão” para a física de partículas, o modelo mais amplamente aceito atualmente. O nome “partícula de Deus” foi popularizado através da publicação de um livro com este chamativo título (em língua inglesa), em 1993, por um famoso e laureado físico de partículas. O bóson de Higgs está relacionado diretamente à explicação da massa inercial das partículas e, portanto, da matéria. O nome chamativo pode ter sido proposto por causa da centralidade do bóson de Higgs na compreensão da estrutura e do comportamento da matéria presente no universo.
 Para se avaliar o grau de dificuldade desta pesquisa, e como ela foi importante do ponto de vista de um grande trabalho científico coordenado e colaborativo, o porta-voz de uma das equipes explica numericamente que se cada evento de colisão do LHC, nos últimos dois anos, fosse considerado como um grão de areia, eles seriam em número suficiente para preencher uma piscina olímpica. Neste contexto, as colisões que levaram à identificação de uma “partícula consistente com o bóson de Higgs” representariam apenas algumas dezenas ou dúzias destes grãos de areia ocupando o volume da piscina. Isto demonstra o grande esforço conjunto, reconhecível nos inúmeros pesquisadores de todo o mundo (inclusive do Brasil), envolvidos nesta descoberta extraordinária.
Apesar desta façanha científica tão importante, muitas questões relacionadas ao “Modelo Padrão” para a física de partículas ainda necessitam de mais iluminação, como por exemplo, a assimetria entre matéria e anti-matéria, ou seja, por que o universo é constituído principalmente de matéria, se o modelo prevê que houve a criação tanto de uma, quanto da outra, em quantidades praticamente iguais. Outra questão também ainda pendente envolve o detalhamento da “matéria escura” e da “energia escura”, que segundo medidas cosmológicas, juntas constituem cerca de 96% do universo observado.
O grande desafio, neste campo científico, parece ser aprimorar o conhecimento sobre todos os fenômenos físicos de tal forma que seja possível explicá-los e até mesmo prevê-los na chamada “Teoria de tudo” ou “Teoria da Grande Unificação” (TGU).
Vamos aos credos:
Mesmo antes deste anúncio recente da descoberta de uma partícula “consistente com o bóson de Higgs”, algumas outras observações de fenômenos físicos foram tão bem explicadas pelo modelo de Higgs, que a fé na existência desta partícula era e ainda é muito presente na comunidade científica, particularmente por parte dos especialistas nesta área de pesquisa. Este ato de fé (ou de crer) na existência desta partícula, e no fato de que os avanços tecnológicos permitiriam o projeto de experimentos que culminassem no seu encontro ou identificação experimental, parece ter sido concretizado neste recente anúncio da descoberta. Para resumir: um ato de fé, que propulsionou uma busca, que desembocou em uma monumental descoberta.
A fé dos cientistas envolvidos também está revelada na crença de que a descoberta e o aprofundamento do conhecimento das características e propriedades do bóson de Higgs lançará “luz sobre outros mistérios do nosso universo”, como já citado.
Sob a ótica da cosmovisão cristã, partindo-se da fé em que Deus criou o universo e tudo o que há nele, pode-se afirmar que a descoberta de uma partícula “consistente com o bóson de Higgs” é a descoberta de uma “partícula de Deus”, o Deus bíblico, que Se revela também através da natureza criada, desde o ínfimo minúsculo das partículas elementares, até o limiar máximo inimaginável dos corpos celestes no cosmos.
“Partícula de Deus” ? Alguma partícula não é de Deus, sendo ele o Criador ?