"... No que está de acordo com o que disse Jerônimo: 'Nosso seja o começar, de Deus, porém, o aperfeiçoar; seja nosso o oferecer o que podemos, dele, completar o que não podemos' [Diálogo contra os pelagianos, III, 1, PL 23, 569]"
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 4)
"Sempre me agradou aquele dito de Crisóstomo: 'Que o fundamento da nossa filosofia seja a humildade' [Homilia sobre a perfeição do Evangelho, Paris, 1834ss, III, 360]. Mais ainda o de Agostinho: 'Do mesmo modo que foi perguntado àquele orador qual seria o primeiro preceito da eloquência, respondeu que fosse a expressão, qual seria o segundo, a expressão, qual o terceiro, a expressão [Quintiliano. A instituição da oratória, XI, 3,6], assim, se me perguntares sobre o preceito da religião Cristã, por primeiro, segundo e terceiro, também sempre quererei responder: a humildade' [Epístola 56, a Dióscoro, 118, c.3, 22, PL 33, 442]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 11)
"Concluindo: que se constate haver em todo o gênero humano a razão própria da nossa natureza, que nos distingue dos animais brutos, tal como eles, pela sensação, são diversos das coisas inanimadas... Quanto ao mais, nessa diversidade divisamos, entretanto, algumas marcas restantes da imagem de Deus, que distinguem o gênero humano de todas as outras criaturas."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 17)
"... Ora, viram de tal maneira que se não podiam dirigir-se à verdade, quanto mais poderiam alcançá-la! Tal qual o que peregrina em meio ao campo, no momento em que há o reluzir de um relâmpago noturno, vê longe e amplamente, mas com um aspecto tão esvaecido que é reabsorvido pela escuridão da noite antes de poder mover um pé, de modo que aquela repentina claridade não lhe serve para conduzi-lo pelo caminho certo."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 18)
"... Portanto, resta entendermos ser patente que não entra no reino de Deus a não ser aquele para quem o Espírito Santo, por sua iluminação, tenha constituído uma nova mente."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 20)
"... É excessivamente absurdo a um excelentíssimo intelecto tolerar uma dominação iníqua e por demais impositiva se dela puder se livrar de algum modo pela razão. Não é outro o juízo da razão humana: o quão seja servil e abjeta a alma que pacientemente a tolere e, de modo inverso, o quão seja honesto e inspirado o peito que a derrube."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 24)
"... Com frequência percebemos quantas vezes vacilamos apesar de nossa boa intenção. Nossa razão é oprimida por tantas formas de engano, é sujeita a tantos erros, encontra tantos obstáculos, é enredada por tantas angústias, que de muitos modos se afasta da direção correta... Agostinho reconheceu a tal ponto o defeito da razão para compreender o que é de Deus que reputou que a graça da iluminação não fosse menos necessária para a mente do que a luz do sol para os olhos. E, não contente, submeteu uma correção: que nós mesmos abrimos os olhos para o discernimento da luz - ora, os olhos da mente, a não ser que sejam abertos por Deus, permanecem fechados [Sobre a pena e a remissão dos pecados, II, C.5, PL 44, 153s]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 25)