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15 setembro 2014

O “Autor da vida” não está morto

“ ...mas há um Deus no céu...” (Daniel 2:28a)

...Deus não está morto...

O “Autor da vida” não está morto

No relato do terceiro capítulo do livro de “Atos dos Apóstolos”, os apóstolos Pedro e João, depois de terem, através do poder e da autoridade que lhes foram concedidos, em Cristo, pelo Espírito Santo de Deus, curado o “coxo de nascença” que se encontrava esmolando na porta “Formosa” do templo, começaram a testemunhar sobre o Evangelho de Jesus Cristo no pórtico de Salomão (Atos dos Apóstolos, capítulo 3, versos 12 a 16): 

“12. À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo, dizendo: Israelitas, por que vos maravilhais disto ou por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar? 13. O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós traístes e negastes perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo. 14. Vós, porém, negastes o Santo e o Justo e pedistes que vos concedessem um homicida. 15. Dessarte, matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas. 16. Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós.”

Percebe-se claramente que a primeira atitude de Pedro, no verso 12, é glorificar a Deus, exortando a multidão para deixar bem claro quem tinha sido o Autor verdadeiro da cura do homem “coxo de nascença”. Em seguida, Pedro faz dois contrapontos, mostrando ironicamente os absurdos cometidos contra Jesus.
Em primeiro lugar, o apóstolo Pedro mostra (verso 13) que o Santo e Justo que foi negado pelos homens perante Pilatos, havia sido “glorificado” e também confirmado por Seu Pai (ver Mateus 3:17; 15:5; João 8:18; 10:23-25), o “Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”. Em resumo, o argumento lógico de Pedro foi que Jesus Cristo, que havia sido confirmado nas escrituras e anunciado pela “boca de todos os profetas” (versos 18 e 21) como o Messias ungido, o Salvador e Redentor do povo de Deus (O mesmo Deus dos patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó), havia sido negado pelo próprio povo de Deus, perante Pilatos, e enviado a uma cruz na Gólgota (ver Mateus 27:33; Marcos 15:22 e João 19:17).
O segundo contraponto apresentado por Pedro mostra ainda mais claramente o absurdo da atitude dos opositores de Jesus Cristo, quando mostra (versos 14 e 15) que o “Santo e Justo” Senhor Jesus Cristo, sem ter cometido nenhum pecado sequer durante toda a sua vida de perfeita obediência (obediência esta necessária e suficiente para poder se entregar como Cordeiro de sacrifício no lugar de muitos injustos; ver 1Pedro 3:18), foi condenado injustamente e trocado por um verdadeiro “homicida”, que havia sido julgado e condenado justamente (ver Marcos 15:7-15). Novamente, o argumento lógico do apóstolo Pedro é muito simples e direto: a vida do “Autor da vida” foi tirada injustamente, no lugar de um verdadeiro “homicida” (Barrabás), aquele que tira a vida de outrem. Ainda, a evidência da “Autoria” de Deus sobre a Vida é mais exposta e confirmada (verso 15), quando Pedro lembra que a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos havia sido testemunhada por aquele mesmo povo, não muito tempo antes da data daquele episódio. Então, Pedro ressalta a importância da fé em Jesus Cristo, no verso 16, dizendo que foi “pela fé em o nome de Jesus” que aquele homem “coxo de nascença” havia sido curado.
“Dessarte, matastes o Autor da vida...”
De fato, no capítulo anterior de Atos dos Apóstolos, que descreve o dia de Pentecostes, há uma exposição muito parecida do Evangelho, também feita por Pedro: 

“Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela” (Atos dos Apóstolos 2:22-24, ênfases acrescentadas).

Portanto, de certa forma, não foi nem o povo, que gritou “crucifica-o”, nem sequer Pôncio Pilatos, como autoridade romana, quem conduziu o Cordeiro de Deus (ver João 1:29; Isaías 53:7) àquele madeiro, no calvário, mas Ele foi “entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus”. Precisamos humildemente reconhecer que este é um mistério que envolve a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade (ou arbítrio) humana, e, talvez a plena compreensão desta verdade só esteja ainda ao alcance da inescrutável sabedoria do Senhor. Contudo, o que se deseja enfatizar neste contexto do relato bíblico, é que a profecia relatada no capítulo 53 do livro de Isaías foi cumprida em Cristo: “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Isaías 53:10-11). Graças a Deus pela misericórdia de nos conceder o Seu Servo sofredor, e louvado seja o “fruto do penoso trabalho de sua alma”, que justifica os filhos do Deus Altíssimo.
“Dessarte, matastes o Autor da vida...”; “...vós o matastes, ... porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela...”
Como se tira a vida do “Autor da vida”? Como se tira a vida do “Autor da vida” ressuscitado pelo Deus Criador da vida? Como se tira o “molhado” intrínseco da água? Como se tira o “cheiro” essencial do perfume? Como se tirar a “luz” natural do sol?
Esta não é uma ironia com o propósito jocoso de provocar risada. Esta é uma ironia com o propósito salvífico de causar reflexão sobre a verdade, e sobre a vida. A verdade sobre a vida eterna, e sobre um Deus que não está morto, mas está bem vivo e se comunica com a sua criação, dando ao mundo o seu “Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (ver João 3:16-17).
Os filósofos e pensadores, particularmente os estudiosos do niilismo, afirmam que a frase “Deus está morto” (“Gott ist tot”, em língua alemã) foi “imortalizada” (ou seja, foi tornada “impossível de ser morta”, por assim dizer) através das principais obras de Friedrich Nietzsche (1844-1900), como “Assim Falou Zaratustra (1883)” e “A Gaia Ciência” (1882): “Deus morreu! Deus continua morto! E nós o matamos!... A grandeza deste ato não é muito grande para nós? Não seremos forçados a tornarmo-nos deus para parecermos, pelo menos, dignos de deuses?” [“A Gaia Ciência”, 1995, pg. 134, ebook]. 
Obviamente, o sentido da frase “Deus está morto”, neste contexto, não é literal, mas está relacionado à negação da existência de Deus (“ateísmo”). A famosa citação, “Se Deus não existe, tudo é permitido”, é atribuída ao escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), e revela as consequências lógicas de se assumir a pressuposição da não existência de Deus. Quando avaliamos criticamente os acontecimentos mais vaxaminosos da humanidade no século XX, e as implicações da negação da existência do Deus vivo, percebe-se que tiveram importantes correlações e c onsequências reveladas nos episódios que mais ruborizaram a civilização humana nesta era, provando que a previsão de Dostoiévski não parecia estar tão longe da realidade...

“ ...mas há um Deus no céu...” 
(Daniel 2:28a, ênfase acrescentada)

“[Ao mestre de canto. Salmo didático dos filhos de Corá] 
Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus? As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: O teu Deus, onde está? Lembro-me destas coisas – e dentro de mim se me derrama a alma -, de como passava eu com a multidão de povo e os guiava em procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa. Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu. Sinto abatida dentro de mim a minha alma; lembro-me, portanto, de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro de Mizar. 
Um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim. Contudo, o SENHOR, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida. 
Digo a Deus, minha rocha: por que te olvidaste de mim? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos? Esmigalham-se-me os ossos, quando os meus adversários me insultam, dizendo e dizendo: O teu Deus, onde está? 
Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? 
Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.” 
(Salmos 42, ênfase acrescentada).

“Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? 
Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo
Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.” 
(Mateus 16:15-17, ênfase acrescentada).

A Ti, Autor da vida, toda a Glória!
A Ti, Deus vivo, toda a Glória!
A Ti, Deus imortal, toda a Glória!