“... Pois, da forma como fomos formados pela natureza, é mais fácil espremer azeite de uma pedra do que uma boa obra de nós... Confessemos, pois, junto com este excelente instrumento de Deus, Paulo, que o Senhor ‘nos chamou com um chamamento santo, não em atenção a nossas obras, mas segundo o seu propósito e a sua graça’ (2 Tm 1:9)...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 5)
“... Moisés escreve que ‘O Senhor olhou com agrado a Abel e a sua oferenda’ (Gn 4:4). Vês como demonstra que o Senhor foi propício aos homens antes de olhar as obras deles? Por essa razão, é preciso que a purificação do coração venha antes, para Deus receber com amor as obras que procedem de nós...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 8)
“... No entanto, mesmo quando, guiados pelo Espírito Santo e esquecidos de nós mesmos, caminhamos pelas veredas do Senhor, permanecem em nós certos resquícios de imperfeição, que nos dão ocasião para nos humilharmos. Não há justo, diz a Escritura, que faça o bem e não peque (1 Rs 8:46). Que justiça, pois terão os fiéis por suas obras? Em primeiro lugar, afirmo que a obra mais excelente que possam propor está manchada e corrompida com alguma sujidade da carne, como se estivesse misturada com fezes...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 9)
“... Porque é necessário que a justiça de Cristo (a única justiça perfeita e, portanto, a única que pode comparecer livremente perante a presença divina) apresente-se em nosso lugar e compareça em juízo à maneira de fiador nosso. Ao sermos revestidos de tal justiça, conseguimos um perdão contínuo dos pecados, pela fé. Ao sermos cobertos com sua limpeza, nossas faltas e a sujeira de nossas imperfeições não nos são já imputadas, mas ficam como que sepultadas, para que não apareçam perante o juízo de Deus até que chegue a hora em que, totalmente destruído e morto em nós o homem velho, a bondade divina nos leve com Cristo, o novo Adão, a uma paz bem-aventurada, onde esperar o Dia do Senhor, no qual, depois de receber nosso corpo incorruptível, sejamos transportados à glória celestial.”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 12)
“Duas são as pestes que mais devem ser arrancadas de nosso espírito: uma, que ponham a confiança da justiça em nossas obras; outra, que lhes atribuam glória. A cada passo, a Escritura nos priva de toda confiança em nossas justiças, ao dizer que todas elas fedem perante Deus, a menos que tirem seu bom odor da inocência de Cristo; de nada são capazes, senão de provocar o castigo de Deus, a menos que se apoiem em sua misericórdia...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 16)
“Mas, se observarmos os quatro gêneros de causas que os filósofos consideram primeiro no efeito das coisas, não encontraremos nenhum que convenha à constituição de nossa salvação. Porque a Escritura ensina que a causa eficiente de nossa salvação está na misericórdia do Pai celestial e no amor gratuito que nos professa. Como causa material dela, propõe-nos Cristo com sua obediência, pela qual nos adquiriu a justiça. E qual diremos que é a causa formal ou instrumental, senão a fé?... Quanto à causa final, o apóstolo afirma que é mostrar a justiça divina e glorificar a bondade do Senhor (Rm 3:23)... Ao ver, pois, que todos os elementos da nossa salvação estão foram de nós, como confiaremos em nossas obras e delas nos orgulharemos?...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 17)
“... Agostinho diz o mesmo, em poucas mas admiráveis palavras, quando afirma: ‘Eu não digo ao Senhor: não desprezes as obras de minhas mãos. Eu busquei ao Senhor com minhas mãos e não fui enganado. O que digo é: eu não louvo as obras de minhas mãos, porque temo que quando Tu, Senhor, as tiver olhado, aches muitos mais pecados que méritos. O que digo é somente isto: isto é o que rogo; isto é o que desejo: que não desprezes as obras de tuas mãos. Olha em mim, Senhor, a tua obra, não a minha. Porque se olhares minha obra, Tu a condenarás; mas se olhares a tua, Tu a coroarás. Porque todas as boas obras que tenho são tuas, de ti procedem’ [Agostinho, In Ps. 137, 18 MSL 37, 1783s]. Ele coloca duas razões por que não se atreve a valorizar suas obras diante de Deus: porque, se tem algumas obras boas, não vê nelas nada que seja seu; e porque mesmo o que há de bom está como que enterrado pelo grande número de seus pecados. Daí que sua consciência sinta muito maior temor e consternação do que segurança. Por conseguinte, não quer que Deus olhe as obras que fez corretamente, mas que, reconhecendo nelas a graça de sua vocação, aperfeiçoe a obra que começou.”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 20)
“... que a origem e o efeito de nossa salvação consistem no amor do Pai celestial; que a matéria, na obediência do Filho; que o instrumento, na iluminação do Espírito, ou seja, na fé; e, ao fim, que seja glorificada a grande bondade de Deus...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 21)
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 5)
“... Moisés escreve que ‘O Senhor olhou com agrado a Abel e a sua oferenda’ (Gn 4:4). Vês como demonstra que o Senhor foi propício aos homens antes de olhar as obras deles? Por essa razão, é preciso que a purificação do coração venha antes, para Deus receber com amor as obras que procedem de nós...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 8)
“... No entanto, mesmo quando, guiados pelo Espírito Santo e esquecidos de nós mesmos, caminhamos pelas veredas do Senhor, permanecem em nós certos resquícios de imperfeição, que nos dão ocasião para nos humilharmos. Não há justo, diz a Escritura, que faça o bem e não peque (1 Rs 8:46). Que justiça, pois terão os fiéis por suas obras? Em primeiro lugar, afirmo que a obra mais excelente que possam propor está manchada e corrompida com alguma sujidade da carne, como se estivesse misturada com fezes...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 9)
“... Porque é necessário que a justiça de Cristo (a única justiça perfeita e, portanto, a única que pode comparecer livremente perante a presença divina) apresente-se em nosso lugar e compareça em juízo à maneira de fiador nosso. Ao sermos revestidos de tal justiça, conseguimos um perdão contínuo dos pecados, pela fé. Ao sermos cobertos com sua limpeza, nossas faltas e a sujeira de nossas imperfeições não nos são já imputadas, mas ficam como que sepultadas, para que não apareçam perante o juízo de Deus até que chegue a hora em que, totalmente destruído e morto em nós o homem velho, a bondade divina nos leve com Cristo, o novo Adão, a uma paz bem-aventurada, onde esperar o Dia do Senhor, no qual, depois de receber nosso corpo incorruptível, sejamos transportados à glória celestial.”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 12)
“Duas são as pestes que mais devem ser arrancadas de nosso espírito: uma, que ponham a confiança da justiça em nossas obras; outra, que lhes atribuam glória. A cada passo, a Escritura nos priva de toda confiança em nossas justiças, ao dizer que todas elas fedem perante Deus, a menos que tirem seu bom odor da inocência de Cristo; de nada são capazes, senão de provocar o castigo de Deus, a menos que se apoiem em sua misericórdia...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 16)
“Mas, se observarmos os quatro gêneros de causas que os filósofos consideram primeiro no efeito das coisas, não encontraremos nenhum que convenha à constituição de nossa salvação. Porque a Escritura ensina que a causa eficiente de nossa salvação está na misericórdia do Pai celestial e no amor gratuito que nos professa. Como causa material dela, propõe-nos Cristo com sua obediência, pela qual nos adquiriu a justiça. E qual diremos que é a causa formal ou instrumental, senão a fé?... Quanto à causa final, o apóstolo afirma que é mostrar a justiça divina e glorificar a bondade do Senhor (Rm 3:23)... Ao ver, pois, que todos os elementos da nossa salvação estão foram de nós, como confiaremos em nossas obras e delas nos orgulharemos?...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 17)
“... Agostinho diz o mesmo, em poucas mas admiráveis palavras, quando afirma: ‘Eu não digo ao Senhor: não desprezes as obras de minhas mãos. Eu busquei ao Senhor com minhas mãos e não fui enganado. O que digo é: eu não louvo as obras de minhas mãos, porque temo que quando Tu, Senhor, as tiver olhado, aches muitos mais pecados que méritos. O que digo é somente isto: isto é o que rogo; isto é o que desejo: que não desprezes as obras de tuas mãos. Olha em mim, Senhor, a tua obra, não a minha. Porque se olhares minha obra, Tu a condenarás; mas se olhares a tua, Tu a coroarás. Porque todas as boas obras que tenho são tuas, de ti procedem’ [Agostinho, In Ps. 137, 18 MSL 37, 1783s]. Ele coloca duas razões por que não se atreve a valorizar suas obras diante de Deus: porque, se tem algumas obras boas, não vê nelas nada que seja seu; e porque mesmo o que há de bom está como que enterrado pelo grande número de seus pecados. Daí que sua consciência sinta muito maior temor e consternação do que segurança. Por conseguinte, não quer que Deus olhe as obras que fez corretamente, mas que, reconhecendo nelas a graça de sua vocação, aperfeiçoe a obra que começou.”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 20)
“... que a origem e o efeito de nossa salvação consistem no amor do Pai celestial; que a matéria, na obediência do Filho; que o instrumento, na iluminação do Espírito, ou seja, na fé; e, ao fim, que seja glorificada a grande bondade de Deus...”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo XIV, parágrafo 21)