“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Salmos 42:5).
Este texto foi escrito por uma alma abatida diante da situação que temos vivido em nossos dias, com a condição de pandemia do coronavírus, a quarentena, o confinamento (“lockdown”), e o que mais estiver reservado na soberana, boa, perfeita e justa vontade do Senhor para acontecer com este mundo, até a Sua volta triunfal, em poder, majestade e glória. Maranata!
Esta é apenas uma das almas abatidas com o confinamento, que têm procurado ir continuamente aos pés da cruz do Calvário, para encontrar a misericórdia e o socorro, junto ao trono da graça, em ocasião oportuna (Hebreus 4:14-16).
Aos pés desta cruz, há uma estreita (Mateus 7:13-14), porém, refrescante sombra, produzida pelo sol escaldante que transpassa (Isaías 53:5) esse madeiro maldito. Esta sombra, em forma de “T” (considerando uma cruz Tau - crux commissa), talvez seja um lembrete de que neste mundo teremos “T”ribulações, mas que também podemos encontrar “T”ranquilidade quando confiamos Nele (Mateus 11:28-30).
Pensando ainda sobre “lockdown”, é inevitável relembrar as palavras do apóstolo Paulo (Efésios 6:13-20), diante do seu confinamento (“pelo que sou embaixador em cadeias”, v.20), onde ele é desafiado a pregar o Evangelho de Cristo de forma ainda mais audaciosa e intrépida.
Em outra passagem bíblica (1Coríntios 7:22), o apóstolo Paulo usa um interessante jogo de palavras contrastantes, para mostrar que a nossa verdadeira liberdade, como cristãos, está no fato de sermos servos de Cristo Jesus, nosso bom e gentil Senhor, que não “esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega” (Mateus 12:20; Isaías 42:3).
As almas abatidas com o confinamento (“lockdown”) precisam agora refletir no fato de que o próprio Senhor Jesus Cristo, o Deus encarnado, o Emanuel (“Deus conosco”, Mateus 1:23), já experimentou também os mais extremos de todos os confinamentos:
- Em primeiro lugar, Ele, “subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens” (ver Filipenses 2:5-11). O Deus onisciente, onipotente e onipresente, eterno e infinito, Criador do espaço e do tempo, esteve confinado no espaço de um corpo humano e em uma certa época do tempo, a cerca de 2 mil anos atrás.
- Em segundo lugar, Ele foi confinado no cárcere, como está relatado nos Evangelhos (Mateus 26:48,55, por exemplo), para ser apresentado diante dos seus acusadores, apesar de ser perfeitamente inocente.
- Em terceiro lugar, Ele foi confinado fisicamente em uma cruz, sendo transfixado nos pulsos e nos pés, com pregos de cerca de 13 a 18 cm de comprimento, e 1 cm de diâmetro.
- Em quarto lugar, e de forma conclusiva, o “Deus vivo” (como o próprio salmista define em Salmos 42:2) foi confinado em uma sepultura, depois de ter sido morto como um Cordeiro pascal (1Coríntios 5:7; Isaías 53; Apocalipse 5:12).
Contudo, mesmo enfrentando estes confinamentos extremos durante o seu ministério terreno, particularmente nos últimos momentos relatados nos Evangelhos, Ele disse, diante dos seus acusadores e da multidão que era testemunha ocular da Sua crucificação: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Desta forma, o confinamento final da morte do Senhor Jesus Cristo, em sua dupla natureza perfeita como Deus e como homem, não conseguiu detê-lo por muito tempo, porque depois de 3 dias Ele ressuscitou: o Seu túmulo está vazio! E esta é a mesma esperança para todas as almas abatidas com o confinamento (“lockdown”), mas que confiam neste Senhor como seu Salvador, mesmo diante de uma ameaça como esta pandemia de coronavírus. O Senhor Jesus é as primícias dos que “dormem”... as primícias da ressurreição (ver 1Coríntios 15:20-21,54-57).
Segue abaixo um resumo magnífico do Evangelho de Jesus Cristo:
“O Infinito tornou-se finito. O Criador se tornou uma criatura. Ele (que fez todas as coisas a partir do nada) nasceu de uma mulher. Ele (a quem os céus não podem conter) estava contido no pequeno útero de uma mulher. O pão da vida estava com fome. A água da vida estava com sede. O maior descanso estava cansado. A maior alegria estava triste. A maior fúria e o maior favor se encontraram na cruz. O maior ódio e o maior amor se manifestaram na cruz. Infinita justiça foi satisfeita e infinita misericórdia foi garantida na cruz. Estamos enriquecidos por Sua pobreza, preenchidos por Seu vazio, exaltados por Sua desgraça, curados por Suas feridas, confortados por Sua dor, e justificados por Sua condenação.
'Graças a Deus pelo seu dom inefável!' (2Coríntios 9:15)”
[pr. Stephen Yuille, “Um dom inefável”, traduzido do original]
Ó minha alma, não parece, agora, que estás mais tão abatida como antes... continue esperando em Deus, pois Ele é o teu auxílio, continuamente!
Glória somente a Deus, pelo Seu dom inefável!