Print Friendly and PDF

13 fevereiro 2025

Livro: "Amado Timóteo" (INSTRUA OUTROS HOMENS)

Trechos do capítulo 17 - "Instrua outros homens" (Steve Martin) - do livro "Amado Timóteo: uma coletânea de cartas ao pastor", editado por Thomas K. Ascol (versão e-book/kindle):

'Por que instruir outros homens? Em primeiro lugar, algumas necessidades das igrejas cristãs só podem ser supridas quando instruímos outros homens. A necessidade urgente, em todas as gerações, é que sejam levantados homens piedosos para servirem em suas casas, na igreja local e no amplo trabalho do reino de Deus.'

'[...] A.W. Tozer diretamente disse: "Deus o Espírito Santo não enche os duvidosos". O clamor das igrejas ao redor do mundo é por homens, homens piedosos, homens que exerçam sua liderança tanto em suas casas quanto na igreja.'

'O Cabeça da igreja exclamou às multidões sedentas no dia do banquete, registrado em João 7.37-38: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura. do seu interior fluirão rios de água viva". O verso 39 diz ao leitor que Jesus estava se referindo ao Espírito Santo, que ainda seria dado em sua plenitude no Pentecostes. Nosso Senhor estava dando uma ilustração mental da vida expansiva que o Espírito Santo iria criar dentro de cada coração regenerado. Ele não estava prometendo uma gota, copo ou balde de água viva do Espírito. Ele prometeu um rio! Certamente um coração tão extenso tem uma inundação para outros. Mais tarde, em João 10.10b, quando comparava o seu ministério - como o Bom Pastor de suas ovelhas - com o ministério dos mercenários, os fariseus e os saduceus, nosso Senhor disse: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância". A palavra abundância significa "mais que o necessário". Significa que você tem mais do que precisa. Homens que nasceram de novo têm a capacidade de olhar além de si próprios e dar aos outros. Homens que nasceram de novo e foram instruídos para serem bíblicos, canalizam suas vidas abundantes no leito [como de um rio] designado pela Palavra de Deus. A regeneração produz vida e energia. A Bíblia provê as diretrizes para aquilo que a pessoa regenerada deve ser e fazer. Homens que foram salvos e instruídos são uma poderosa fonte para o bem em sua igreja local.'

'[...] Em 2Timóteo 2.2, Paulo escreve: "E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros". Nesta frase está contido o caráter de um ministério fiel: Homens discipulando homens que, em troca, discipulam outros homens. A tocha da verdade precisa ser passada adiante de geração em geração de cristãos, através dos homens, pela instrução fiel de discípulos.'

'[...] Se você ler os evangelhos, marcando as vezes que nosso Senhor esteve com os doze [Apóstolos], os três [Pedro, Tiago, João] ou até mesmo os setenta, é revelador o quão comprometido Ele estava em instruir aqueles homens como forma de continuar a expandir o seu ministério. Mas o exemplo do nosso Senhor não é o único no Novo Testamento. Considere Barnabé. Um verdadeiro "filho do encorajamento", como significa o seu nome, ele parecia ter um dom especial ao reconhecer homens em desenvolvimento e transformá-los em ferramentas úteis nas mãos do Salvador. Quando inicialmente as igrejas desconfiavam de Saulo de Tarso e de sua recente conversão, foi Barnabé quem o tomou sob sua proteção e concedeu-lhe credibilidade (cf. At 4.36-37; 8.1-3; 9.1-30; 13.1-13). Não demora muito no relato de Atos para que "Barnabé e Saulo" se tornem "Saulo e Barnabé" (cf. 13.2 e 13.13) ["Paulo e seus companheiros"]. Também é possível que você observe um dos homens instruídos por você, lhe exceder em utilidade ao Mestre. Lembre-se que isto não é uma ameaça, e sim um sinal das bênçãos divinas em seu ministério.' 

'O ministério discipulador de homens, exercido por Barnabé, não foi limitado a Paulo. Veja como ele ajudou João Marcos. Depois que Marcos desertou a primeira viagem missionária, Barnabé lhe deu outra oportunidade, ainda que isto significasse sua separação de Paulo. João Marcos foi salvo e mais tarde ajudou seu tio, Pedro, em seu ministério. Muitos estudiosos, como você sabe, acreditam que o evangelho de Marcos é, na verdade, o evangelho de Simão Pedro revisado por João Marcos, como seu secretário. Mais tarde, o próprio Paulo pediu ajuda a Marcos, aplaudindo a sua utilidade. Então, as treze cartas de Paulo e o "evangelho de Pedro" [Marcos] foram escritos por homens que, em determinado momento, forma vistos com desconfiança para o trabalho no ministério, mas que vieram a ser de valor inestimável após o discipulado com Barnabé. Em outras palavras, o Espírito Santo inspirou mais da metade do Novo Testamento de forma a ser escrito por homens que Barnabé havia discipulado!'

'Paulo também exemplifica o treinamento de outros homens. Os registros do Novo Testamento revelam que Paulo alistava homens onde quer que ele fosse, e a implicação disso deixa muito claro que ele os estava discipulando: Silas (At 15.40), Timóteo (At 16.1,3), Áquila e Priscila (At 18.18), Erasto (At 19.22; Rm 16.23), Sópatro, de Beréia (At 20.4), Aristarco e Secundo, de Tessalônica (At 20.4), Gaio, de Derbe (At 20.4), Tíquico e Trófimo, da Ásia (At 20.4) e Lucas, o médico (note as porções do livro, Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, em que ele usa "nós"). Paulo era um grande pregador do evangelho e professor das Escrituras, mas também era um grande discipulador de homens.'

'Então, quando Paulo admoesta Timóteo para que este discipule homens, em 2Timóteo 2.2, está apenas defendendo aquilo que ele próprio praticou. E, perceba também o conteúdo de seu discipulado: "O que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas". Ele está se referindo ao evangelho. É isto que ele deve transmitir a outros. Independentemente de qualquer outra coisa que o discípulo possa saber, ele precisa ter um claro conhecimento do conteúdo do evangelho.'

'Tendo ele mesmo provado ser um servo fiel, Timóteo também foi incumbido de transmitir estas verdades do evangelho para "homens fiéis". É preciso ser alguém fiel. É preciso instruir homens fiéis. Timóteo deveria se assegurar de que a próxima geração de líderes na igreja seria composta de homens fiéis, que também permaneceriam dentro de padrões estabelecidos nas Escrituras. "Homens fiéis" eram homens que mantinham o padrão intacto, que não "aparavam as pontas" do padrão das palavras sãs. É fundamental que cada geração de pregadores receba o verdadeiro evangelho. Manter o evangelho inalterado e sem qualquer modificação nem diluição é muito difícil. Conquanto a palavra fiel possa parecer fora de moda e fraca, assim como a palavra bíblica submisso, isto não é verdade. É necessário que os homens a quem foi incumbida a comissão sagrada se mostrem fiéis (1Co 4.1-2). Pastores cristãos querem que a palavra "fiel" esteja escrita em suas lápides, e não as palavras "inovador", "criativo", ou ainda "ele superou seus limites". Estes termos são deixados para as biografias dos liberais, dos hereges e dos heterodoxos. Os pastores bíblicos querem ouvir o nosso Senhor dizer, no Dia do Julgamento: "Muito bem, servo bom e fiel!".'

'Alguns grupos da cristandade se orgulham de sua "sucessão apostólica". Bem, a verdadeira "sucessão apostólica" é a transmissão fiel do evangelho de um homem para outra geração de homens fiéis. A fidelidade destes homens é vista em sua fiel aderência à verdade do evangelho, assim como na sua fiel transmissão da verdade para uma outra geração de "homens fiéis e também idôneos para instruir a outros". As habilidades de ensino reportadas aqui não se referem necessariamente àqueles com aprendizado formal em métodos educacionais. Um claro entendimento da verdade e um desejo pessoal de pregar e ensinar a outros é o que está em vista. Um homem não precisa necessariamente ir a um seminário para receber estas verdades e tê-las firmemente escondidas em seu coração e mente. A "sucessão apostólica" de Deus é um homem fiel discipulando outro homem fiel no evangelho inalterado. Multiplicar homens fiéis é o método que Deus tem honrado através dos séculos. Antes do Novo Testamento ter sido completo, era especialmente crucial que a verdade do evangelho e os detalhes das Escrituras não se perdessem. A Palavra de Deus precisava se manter livre de qualquer erro. Ainda hoje, há validade neste processo. O evangelho ainda está sendo perdido pela infidelidade do homem. Impostores e charlatões ainda são uma praga na igreja, com seu evangelho "light" e sua jornada pelos caminhos da heresia. O preço por manter a verdade e manter a igreja na verdade é a vigilância perpétua em guardar o evangelho e confiá-lo a homens fiéis.'

REUNINDO HOMENS PARA O DISCIPULADO:
[1.] "ore" (Mt 9.35-38)
[2.] "plante amplamente" (Mt 11.28-30)
[3.] "identifique claramente" (Quais os "marcos bíblicos da fidelidade"? ***)
[4.] "teste-os" ("Aqueles que não aparecem para os treinos, também não jogam quando for pra valer!")
[5.] "desafie-os pessoalmente" ("pescadores de homens", Mt 4.19)
[6.] "identifique-os publicamente" ("As pessoas não deveriam ter de tentar adivinhar quem nomeou fulano para ser nosso professor")

*** Quais os "marcos bíblicos da fidelidade"?
'[...] Se você tiver uma única chance de derramar sua vida em alguns homens, quais você irá escolher? Escolher sem cuidado e erroneamente significa desperdiçar o seu precioso tempo. Cometa este erro algumas vezes e você corre o risco de desperdiçar a sua vida. Mantenha os "marcos bíblicos da fidelidade" diante de você, enquanto ora pelos seus homens. Quem parece estar verdadeiramente faminto e sedento pela justiça? Quem está regularmente pobre de espírito e buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça? Quem é fiel no pouco (Lc 16.10)? Quem tem um coração voltado para Deus e vontade de aprender? Quais homens perseguem a santidade? Quais homens cuidam da glória de Cristo? Quais homens são zelosos por Cristo em seu testemunho? Quais homens andam tão próximos de Cristo que sua vida transborda primeiramente sobre seus familiares, e depois, sobre os outros?'

INSTRUINDO OS HOMENS QUE VOCÊ REUNIU:
'Uma vez que Deus tenha dados os homens em quem você deve investir a sua vida, você precisa ser fiel para liderá-los e instruí-los. Em primeiro lugar, instrua-os através do exemplo. A encarnação do Senhor Jesus Cristo é uma grande razão para um exemplo piedoso como a base da instrução dos homens. Nosso Senhor não jogou sermões lá dos céus, e nem [jogou] um manual de amor sacrificial por Deus e pelos homens. Ele se tornou a ilustração viva, capaz de falar mais que dez mil palavras. Nosso Senhor conscientemente agiu de tal forma a deixar para seus discípulos, e a nós hoje, exemplos para seguir. João 13.1-5 é o grande exemplo do "maior amor". Pedro jamais poderia se esquecer do exemplo do nosso Senhor naquela noite, e ainda em outras vezes, de forma que ele exortava seus leitores a seguirem o exemplo específico de Cristo de sofrer com mansidão (1Pe 2.21-23) e de servir aos outros ao invés de dominar sobre eles (1Pe 5.1-5). O apóstolo Paulo ensinou muito em sua pedagogia sobre o papel de ser um exemplo. Ele usou a palavra traduzida como "exemplo" (modelo, padrão) para ilustrar verdades espirituais. Ele exortou Timóteo, mesmo sendo este bastante jovem, a ser um "exemplo" ao povo, na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (1Tm 4.12). Admoestou os coríntios a lembrarem-se do tipo de exemplo que ele havia lhes dado e os desafiou a imitar seu padrão de fidelidade de vida (1Co 4.14-17; 10.31-11.1). Ele elogiou a igreja em Tessalônica por ser um exemplo às outras igrejas (1Ts 1.7) e mais tarde usou a si mesmo como um exemplo do princípio de que, se um homem não quer trabalhar por sua comida, ele também não deve ser ajudado pela igreja (2Ts 3.9-10). Alertou os filipenses a manterem o seu olhar fixo sobre aqueles que "andam segundo o modelo que tendes em nós" (Fp 3.17). Instruiu o jovem pastor Tito a ser um exemplo para os crentes em Creta (Tt 2.7). Usou uma forma argumentada da palavra exemplo, quando escreveu para Timóteo, dizendo-lhe que Jesus era o protótipo ou supremo exemplo que nós devemos seguir (1Tm 1.16). O poder de um exemplo não pode ser [suficientemente] exagerado. O antigo provérbio: "Eu não consigo ouvir o que você diz, porque as suas ações falam alto demais", ainda é verdadeiro nos dias de hoje. Se a sua vida e conduta repelem os outros, se sua vida fala uma mensagem diferente daquela proferida em seus sermões, se você não está de alguma forma personificando aquilo que professa e prega, não pode ensinar aos outros - com exceção da hipocrisia. Este tipo de pessoa é o que chamamos de alguém que não pratica o que fala. A Bíblia não ensina nem espera perfeição deste lado do céu, mas ela exalta a fidelidade. A fidelidade é o cumprimento da mordomia, bem como a conformidade com um código ou padrão. Se eu sou um pastor que não confia em Deus, se sou conhecido por estar sempre envolvido com muitas tarefas, se eu reclamo o tempo todo sobre as dificuldades da vida e do ministério, se não conduzo e amo minha família, então eu sou um péssimo exemplo e preciso me arrepender. Marryn Lloyd-Jones estava certo, quando disse que era pecado um pastor deixar de expressar sua confiança em Deus. Homens que obviamente conhecem a Deus e que estão seguindo avidamente o seu Filho e conscientemente dependem de seu Espírito e sua Palavra, serão atrativos aos outros e causarão impacto neles. Anelo produz mais anelo. Se você está com o coração pesado pelos perdidos, e testemunha, como estilo de vida, seus homens seguirão seu modelo. Se você colocar toda a sua vida diante da providência de Deus, no mesmo padrão de Romanos 8.28, seus homens seguirão seu modelo. Se você se arrependeu completamente de todos os seus pecados, seus homens seguirão seu modelo. Você não pode levar seus homens por caminhos que você mesmo não trilhou. E, se o Senhor o está ensinando, você precisa repassar estas lições aos seus homens.'

Sobre ensinar/discipular outros homens com a sã doutrina:
'Não negligencie uma arma fundamental no seu arsenal - bons livros. Os protestantes sempre foram os campeões na arte de ler e escrever (um espírito bereano), exatamente em razão da primazia da Palavra de Deus e do sacerdócio [universal] de todos os crentes. Ter a Bíblia e o grande legado dos escritos teológicos e devocionais dos protestantes e não usá-los é um verdadeiro pecado! Assegure-se de que seus homens leiam os melhores livros dos melhores autores. Depois da Bíblia, seus homens deveriam se tornar amantes dos melhores livros. Inicie introduzindo-os aos bons autores, os quais colocam "o pote de biscoitos onde qualquer criança possa alcança-lo". Até os que não sou bons leitores podem se tornar grandes leitores, quando são espiritualmente motivados e expostos a um bom material. [...] Você não concordará com tudo que cada um destes autores diz, mas sem ser excessivamente crítico, diga a seus homens onde você discorda e por quê. Isto irá ajudá-los a aprender mais sobre o discernimento, e a saber que nenhum homem, nem mesmo você, é perfeito.'

'[...] instrua-os falando a verdade em amor. Com isto, quero dizer que você deveria se tornar o encorajador deles quando precisarem de um, e seu exortador (ambos de forma gentil, porém firme), se houver necessidade de exortação. A admoestação de Paulo, em Efésios 4.15, "seguindo a verdade em amor", significa literalmente "verdadeando em amor". Nossos homens precisam viver a verdade irredutível e a sensibilidade delicada do amor. Você também precisa ser um homem que recebe bem a exortação e a admoestação, sem rebelar-se ou tornar-se defensivo. Você precisa ser um homem que recebe encorajamento, e não age como se sempre estivesse no controle de tudo.'

'[...] instrua seus homens tanto no fazer (com eles), quanto no delegar (para eles). [...] Leve-os com você para olharem e aprenderem. De preferência, nunca faça algo sozinho, mas sempre leve um de seus homens com você. Jesus fez isto. Paulo fez isto.'

'Jesus não era o tipo de teólogo que se protegia dentro de uma redoma. Ele não era o tipo de general que lidera todo o seu exército da retaguarda. Pastores bíblicos conduzem suas ovelhas aos pastos verdejantes e águas calmas, andando à sua frente e liderando-as. Da mesma forma devemos agir. Precisamos levá-los aonde queremos que eles cheguem. Não os mande testemunhar, mas leve-os para testemunhar. Não delegue simplesmente, leve-os junto de você. Não diga apenas para seus homens orarem, ore junto deles.'

'[...] instrua seus homens em diferentes estilos. As igrejas possuem muitos lugares onde os homens podem servir. Deixe que eles experimentem várias coisas diferentes, ainda se falharem, conduto, não permita que um homem constantemente falho permaneça sempre na mesma responsabilidade. Encontre-se com ele, converse sobre os motivos do fracasso. Dê-lhe outras coisas para fazer. Um homem pode não ter dons que o tornem um líder público; e este é o tipo de homem que fica mais nos bastidores. Mas se alguma vez ele tiver de conduzir uma reunião pública, irá admirar mais aquele homem que possui este dom de liderança [pública]. Da mesma forma, o homem com dons públicos deveria aprender a sentar-se nas "últimas cadeiras", e ministrar na quietude da obscuridade por algum tempo. Ele irá estimar muito mais aquele irmão cujos dons não são públicos, mas que são igualmente necessários para que todo o corpo [igreja] funcione bem.'