Força e flexibilidade
De onde vem a força que precisamos para enfrentar todos os desafios,
todas as provações desta vida ? Será que ela deve coexistir com uma postura
bélica, agressiva ?
Não parece ser isto que a natureza tem nos mostrado.
Os exemplos mais impressionantes de seres vivos que sobreviveram a
várias adversidades neste planeta são justamente os que tiveram mais
flexibilidade e paciência para se adaptar às exigências e circunstâncias impostas
pela natureza. Alguns deles são organismos aparentemente muito frágeis, muitas
vezes unicelulares, que não possuem muitos mecanismos ativos de defesa, além da
sua grande capacidade de adaptação frente a desafios.
Outro exemplo que vem da natureza é o da água, substância tão importante
para a existência da vida. No seu estado sólido, na forma de gelo, não
apresenta grande dureza, comparada com outras substâncias sólidas como metais
ou diamante. Apesar disto, em seu estado líquido, com toda a flexibilidade que
lhe é característica, ela pode até atravessar rochas e abrir veios subterrâneos
que desembocam em aquíferos.
É a flexibilidade da madeira que confere a potência para um arco lançar
uma flecha à longa distância. É a flexibilidade do trampolim que impulsiona
para o alto os atletas olímpicos em seus magníficos saltos ornamentais.
Sendo flexíveis e pacientes, somos fortes contra as adversidades, tendo
mais preparo para superá-las e seguir adiante. A vitória, portanto, não está na
conquista pela força, na conquista belicosa, mas sim, no triunfo da capacidade
de nos ceder, de nos doar pacientemente, permitindo que as mudanças ocorram de
forma serena, gradual e perpétua. A palavra de Deus também aponta nesta
direção. Pode-se encontrar nas sagradas escrituras, por exemplo, os versículos
22 e 23 do quinto capítulo da carta de Paulo aos Gálatas: “Mas o fruto do
Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão
e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.”
O processo de santificação, ou seja, a busca para seguirmos os exemplos que
o nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou, parece seguir os mesmos princípios.
Não é um movimento feroz, apesar de intenso. Não é ansioso, porém paciente. Não
é um caminho imposto, mas sim uma escolha consciente. Não é uma energia
desperdiçada, mas sim nobremente empregada na busca do elevado, do altíssimo.
E que fique bem claro que não estamos falando de injustiça complacente
ou leniente, mas sim de uma postura pacificadora e com longanimidade.
Assim, parece útil tentar aplicar estes conceitos em eventos cotidianos
das nossas vidas. Cada uma destas palavras usadas nas frases abaixo tem um
profundo impacto na postura de vida cristã autêntica. E não é uma tarefa nada
fácil, para qualquer cristão, exercitar esta postura de forma atenta e
contínua.
- Recuar para avançar.
- Chorar de alegria para sorrir.
- Perdoar para desarmar.
- Respeitar para conquistar.
- Ouvir para se comunicar.
- Lutar para pacificar.
- Libertar-se na servidão e no temor a Deus.