Fé no conhecimento
O conhecimento humano, através do avanço das diversas áreas da ciência, têm crescido de maneira extraordinária, em velocidade estonteante ao longo dos séculos.
A cada dia, encontram-se explicações racionais para fenômenos naturais, que vão desde a minúscula realidade das diminutas partículas que constituem a matéria animada e inanimada, por exemplo, nos aceleradores de partículas, até a maiúscula realidade da espantosa organização do cosmos no universo conhecido, por exemplo, nos campos da astronomia e da cosmologia.
É perceptível um enorme senso de avanço e orgulho no ser humano, por tais conquistas e descobertas, tão esclarecedoras que elas são sobre a realidade do mundo à nossa volta, confirmando a grande capacidade criativa e racional do homem.
Escasso mesmo parece ser, em muitos casos, o senso de gratidão humana por este conhecimento e avanço científicos, que traz dádivas tão grandes e impactantes para a vida da humanidade, em diversas áreas, como por exemplo, a descoberta para o tratamento e a cura de doenças, a melhoria da qualidade de vida das pessoas, as soluções tecnológicas para problemas de larga escala, a possibilidade de conhecermos mais o universo ao nosso redor através de viagens espaciais, além de muitos e muitos outros exemplos que poderiam ser dados.
E quanto a realidade da natureza metafísica da nossa existência, como humanos ?
Não é possível explicar a existência de Deus a partir de experimentos científicos, pois a Sua realidade é transcendente e sobrenatural.
Porém, se pararmos para pensar, nem sequer algumas das coisas mais importantes e comuns à vida humana, como o amor, a amizade e a felicidade, por exemplo, podem ser explicados, em plenitude, pela ciência.
Talvez alguns experimentos científicos possam medir variações hormonais ou desencadeamentos de processos bioquímicos que acontecem em alguém que está amando, ou desfrutando de uma felicidade em particular, mas isto está longe de definir plenamente o que são estes sentimentos, que fazem parte de uma realidade cotidiana para cada ser humano neste planeta.
Até mesmo a felicidade proveniente de uma descoberta científica, feita por um ser humano cientista, não pode ser completamente explicada pela ciência formal.
A realidade tem muito mais camadas do que normalmente conseguimos enxergar com nossas lentes de observação, que, muitas vezes, nos fazem focalizar em apenas um aspecto da realidade com tamanha veemência, que nem nos apercebemos de outros pontos igualmente importantes.
Estas lentes são carregadas de pressupostos, geralmente a partir de uma cosmovisão pré-estabelecida, que acaba influenciando sobremaneira a interpretação deste mapeamento da realidade à nossa volta.
A confiança, ou a fé, também não pode ser explicada pelo conhecimento científico, pois trata-se de uma “certeza de coisas que se esperam” e de uma “convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus 11:1).
É preciso haver fé no conhecimento humano, mas também é preciso haver conhecimento na fé humana, para uma melhor harmonização das visões complementares que explicam de maneira mais abrangente a multiplicidade das diversas camadas da realidade física e metafísica da nossa existência como seres humanos, e como criaturas e filhos de Deus.
“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!
Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!
Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?
Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?
Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas.
A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11:33-36)
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