Print Friendly and PDF

04 fevereiro 2014

Cosmovisão imprescindível

Os conflitos entre cosmovisões...


Cosmovisão imprescindível

Na civilização moderna ou pós-moderna, a cada dia que passa, existe a impressão de que a erudição tem conduzido o homem cada vez mais a acreditar prescindir de uma explicação metafísica ou transcendente para o universo e a vida. Em outras palavras, a cosmovisão materialista, que nega veementemente qualquer realidade fora da matéria, se choca com a cosmovisão teísta, particularmente a cosmovisão monoteísta cristã.
Quando avaliamos as informações e os fatos, existe um grande número de evidências para desacreditar o antigo mito da incompatibilidade entre a fé cristã e a fé no conhecimento científico. Por exemplo, o livro “Por que a ciência não consegue enterrar Deus”, de John Lennox, traz vasto conteúdo lógico e racional sobre este assunto. Outro livro que examina este mito da divergência entre a fé na ciência e a fé cristã é intitulado "A Alma da Ciência: Fé Cristã e Filosofia Natural", de Nancy Pearcey e Charles Thaxton.
Um argumento comum a estes dois livros é baseado no fato de que foi a fé cristã que forneceu a visão de mundo necessária para o próprio surgimento e desenvolvimento da atividade científica, como ela é conhecida nos dias de hoje. Em outras palavras, foi através da fé cristã que a própria investigação da natureza teve início, principalmente, com a crença de que o universo era ordenado, fruto da criação de um único Deus, e que como tal, poderia ser estudado e compreendido através da investigação dos fenômenos naturais. Esta foi a motivação e a segurança que fomentaram as incalculáveis contribuições científicas alcançadas por cientistas e pensadores que professavam sua fé em Deus, tais como, por exemplo, Galileu, Newton, Maxwell, Thomson (Kelvin), Joule, Ampère, Volta, Pasteur, Boyle, Pascal e Faraday, apenas para citar alguns nomes mais histórica e amplamente conhecidos.
O ganhador do prêmio Nobel em química, Melvin Calvin, expressou de maneira particularmente clara esta convicção de que a cosmovisão cristã é o “fundamento histórico da ciência moderna”, da seguinte forma: “Quando tento discernir a origem dessa convicção, tenho a impressão de detectá-la na noção básica descoberta 2 ou 3 mil anos atrás e enunciada pela primeira vez no mundo ocidental pelos antigos hebreus: ou seja, que o Universo é governado por um único Deus e não é o produto dos caprichos de muitos deuses, cada um governando seu próprio espaço segundo suas próprias leis. Essa visão monoteísta parece ser o fundamento histórico da ciência moderna.”
Automaticamente, uma pergunta vem à mente: o que teria acontecido com a história da humanidade se estes cientistas cristãos, cujas descobertas científicas transformaram o mundo e a visão humana sobre o mundo, tivessem crido em um mito de que a erudição científica prescinde de Deus, ou seja, de que o conhecimento científico estava dissociado, e, até mesmo, poderia ser antagônico à fé cristã que eles professavam?
Pode ser que quando o elevado grau de erudição do ser humano está combinado com um baixo grau de humildade, o erudito pode até crer que ele é que é imprescindível, ou seja, que sem as suas descobertas e contribuições científicas ou filosóficas, a humanidade poderia ter permanecido condenada à ignorância em relação ao conhecimento do mundo e da vida ao nosso redor.
A cosmovisão dos cientistas cristãos os fez acreditar na atividade científica investigativa sobre a natureza por causa da inteligibilidade de um universo ordenado, que foi criado por um Deus racional. Estes cientistas e pensadores com cosmovisão cristã tiveram e continuam tendo a convicção de que o Deus pessoal em que acreditam é que é imprescindível para a sua erudição, e assim deram o testemunho da sua fé racional em um Criador onisciente e onipotente, e em um universo inteligível e belo, criado por Ele.
Há um famoso pensamento atribuído a Albert Einstein, tipicamente reconhecido como um dos cientistas mais brilhantes da história da humanidade, onde ele declara que a coisa mais incompreensível sobre o universo é justamente o fato de ele ser compreensível. O cientista cristão Galileu Galilei conseguiu resumir seu sentimento de gratidão assim: “Quando eu reflito sobre tantas coisas profundamente maravilhosas que as pessoas têm compreendido, procurado, e feito, eu reconheço ainda mais claramente que a inteligência humana é uma obra de Deus, e uma das mais excelentes”.
Cada indivíduo, mesmo que não tenha nítida consciência deste fato, tem uma cosmovisão, ou seja, um conjunto de pressuposições sobre a realidade, a vida e os grandes temas da existência humana. A cosmovisão é um sistema individual e completo de crenças, valores, princípios e comprometimentos. Desta forma, é imprescindível para cada ser humano avaliar se a sua cosmovisão está coerente com a fé que professa.
As palavras de John Lennox resumem bem o conflito existente entre a cosmovisão materialista e a cosmovisão monoteísta, particularmente a cosmovisão cristã: “Há um conflito real, mas não entre ciência e religião. É entre teísmo e ateísmo, e há cientistas em ambos os lados”. O efeito entre a fé cristã e a fé na ciência é sinergístico. Não é antagônico.