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19 março 2023

EB4: Apologética Bíblica Evangelística

Texto base: 1Pe 3:15-16

13Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom?14Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados;15antes, santificai [hagiazo: consagrar/dedicar, separar/santificar] a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder [apologia: defesa verbal, discurso em defesa, afirmação ou argumento raciocinado] a todo aquele que vos pedir razão [logos] da esperança que há em vós,16fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo,17porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.18Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1Pe 3:13-18)

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 [“Não tenho fé suficiente para ser ateu”, Norman Geisler & Frank Turek]

- “É claro que as provas não substituem a fé, que é essencial para nossa salvação e comunhão com Deus. O estudo apologético também não desrespeita a nossa fé. Em vez disso, a enfatiza, qualifica, reforça e renova. Se não fosse assim, a Bíblia não diria ‘Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês’ (1Pe 3:15).”

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[“The Ultimate Proof of Creation”, Jason Lisle]

- Conhece a história sobre um homem que estava convencido de estar morto? O seu médico tentou convencê-lo de todas as formas que ele estava vivo, argumentando que um homem vivo, como ele, era capaz de andar e falar, mas o paciente insistia que poderia ser por causa de espasmos dos músculos após a morte clínica. O homem não se convencia que estava vivo. Finalmente, o médico perguntou para o paciente irredutível, se homens mortos sangravam, e a resposta do paciente foi que homens mortos não sangram. Então o doutor pegou uma agulha fina e furou o braço do homem, e uma gota de sangue começou a emergir. ‘Veja!’, disse o médico. O homem sangrando respondeu: ‘bem, parece que homens mortos também sangram!’

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Aforismos:

-  Declaração de Stephen Hawking (ateu, materialista): “Não existe céu ou vida após a morte [...] isto é um conto de fadas para pessoas com medo da escuridão”.

- Resposta de John Lennox (cristão, apologeta): “O ateísmo é um conto de fadas, para pessoas com medo da luz”.

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Ateus, Agnósticos, Antiteístas

- Ateus, atheus (latim), atheos (grego).

- Os próprios mártires cristãos foram acusados de serem “ateus”, por causa do seu monoteísmo, ou seja, por não adorarem aos deuses dos panteões da época, principalmente por não adorarem ao auto-intitulado divino Kaiser kyrios.

- A declaração dos cristãos é: Christos kyrios (Fp 2:11)

- Agnósticos (agnostos) dizem ser impossível chegar ao conhecimento de Deus.

- O antagonismo a Deus é recente ou antigo? “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação [ou iniquidade]; já não há quem faça o bem” (Sl 14:1 [ou 53:1]).

- Na verdade, devemos considerar que existem antiteístas, segundo Rm 1:18-23, especialmente o v.20, “os atributos invisíveis de Deus... claramente se reconhecem”. Os auto-denominados ateus ou agnósticos sabem que Deus existe, “por meio das coisas criadas”, e “são, por isso, indesculpáveis”, mas, segundo o v.21, “não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças”, e “se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato”. No v.22, “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos”.

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Conclusão e Aplicações

1) Apologética Bíblica Evangelística:

“O motivo pelo qual os cristãos são colocados na posição de apresentar a razão da esperança que neles há é que nem todos os homens têm fé. Porque há um mundo a ser evangelizado (homens que não são convertidos), há a necessidade de que o crente defenda sua fé: evangelismo conduz naturalmente à apologética. Isso indica que apologética não é mera questão de “duelo intelectual”; é uma séria questão de vida e morte — vida e morte eterna! O apologeta que falha em perceber a natureza evangelística de sua argumentação é cruel e arrogante. Cruel porque ignora a principal carência de seu oponente, e arrogante porque está mais preocupado em demonstrar que ele não é um tolo acadêmico do que em mostrar que toda glória pertence ao gracioso Deus de toda a verdade... Evangelismo nos faz lembrar quem somos (pecadores salvos pela graça) e do que carecem nossos oponentes (conversão de coração, não apenas proposições modificadas). Acredito, portanto, que a natureza evangelística da apologética nos indica a necessidade de adotar uma defesa pressuposicional da fé. Em contraste a essa abordagem se colocam os vários sistemas de argumentação autônoma neutra.”

[“Evangelismo e Apologética”, Greg L. Bahnsen]

2) Como responder a um “insensato”:

- Pv 26:4-5 (aparente contradição, segundo os críticos da Bíblia).

- No v.4, você deve negar a cosmovisão do insensato no seu coração e publicamente, em primeiro lugar, para não se tornar semelhante a ele.

- No v.5, você deve falar para o insensato: “vamos simular por um instante a sua cosmovisão e levar às últimas consequências, para ver o que acontece”, e aí mostrar que a conclusão lógica da sua cosmovisão é uma total incoerência, nulidade e loucura (Rm 1:22, “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos”).

- Exemplo de aplicação do v.5: se a mente humana é feita somente de matéria e energia (segundo a cosmovisão materialista ou naturalista), e evoluiu apenas de processos não guiados de seleção natural (sem uma inteligência por trás), então os pensamentos em nossa mente não devem ser mais do que um conjunto de disparo de sinapses (estímulos nervosos), ou seja, puras reações químicas acontecendo no cérebro. Portanto, porquê deveríamos acreditar em qualquer pensamento produzido por nosso cérebro, se eles são apenas o resultado de reações químicas? Se você soubesse que o seu computador ou celular (hardware) foi montado de forma aleatória, não guiada (por inteligência), você teria alguma confiança em utilizá-lo (usar os programas ou aplicativos instalados nele) para criar qualquer resultado? Imagine a nossa mente? Um sentimento de amor seria apenas um conjunto de reações químicas de um certo tipo? Um sentimento de ódio, de outro tipo?

3) Significado, propósito, liberdade e entendimento:

“É estranhamente inadequado começar confessando que Deus tem grande significado para a minha vida, não porque meu coração hesita em afirmar isso como verdade, — ele o faz instintivamente a cada batida — mas porque toda a noção de ‘ter significado’ e a realidade existencial de ‘viver’ não possui sentido sem Deus. Assim, não é suficiente confessar que Deus tem grande significado para a minha vida, como se Deus pudesse ser mais um entre muitas coisas dentro da vida que são significativas para mim, como uma pessoa. É somente por causa de Deus que tenho vida, e uma vida que tem sentido. Sem, de forma alguma, perder de vista a tremenda distinção entre Criador e criatura, gostaria antes de dizer que Deus é o meu significado e Deus é minha vida... Com as simples e poucas palavras que tenho, então, diria que Deus sempre foi para mim uma presença santa e inescapável (cf. o testemunho de Davi no Salmo 139). Deus tem sido uma fonte secreta de aceitação e perdão pessoal, quando às vezes havia dúvidas sobre qualquer fonte humana para isso. Deus tem sido uma força estabilizadora bem como o fogo do entusiasmo, quer nas situações negativas de adversidades, ou em tempos positivos de oportunidade. Deus tem sido meu ideal de perfeição moral e assim, tanto uma repreensão constante para minha carência de sua glória como um guia gentil na direção correta. Deus tem sido o governador soberano e incompreensível de cada detalhe da minha vida – algo que tem (ironicamente para aqueles que rejeitam tal descrição dele) me enchido de um senso de liberdade e entendimento.”

[“Meu Senhor e Minha Vida”, Greg L. Bahnsen]

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Mensagem final de encorajamento:


“Na contemplação de Cristo existe um bálsamo para cada ferida; na meditação sobre o Pai, há consolo para todas as tristezas, e na influência do Espírito Santo, alívio para todas as mágoas. Você quer esquecer sua tristeza? Quer livrar-se de seus cuidados? Então, vá, atire-se no mais profundo mar da divindade; perca-se na sua imensidão, e sairá dele completamente descansado, reanimado e revigorado. Não conheço coisa que possa confortar mais a alma, acalmar as ondas da tristeza e da mágoa, pacificar os ventos da provação que a meditação piedosa a respeito da divindade.”

(C.H. Spurgeon, com 20 anos de idade, citado em “Conhecimento de Deus”, J.I. Packer)

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Etimologia (inglês): “apologize” à “desculpar-se”

https://www.etymonline.com/word/apologize#etymonline_v_26406

- apologize (v.)

1590s, "to speak in defense of"; see apology + -ize. The sense of "regretfully acknowledge" (“infelizmente reconheço”) is attested by 1725. The Greek equivalent, apologizesthai, meant simply "to give an account". Related: Apologized; apologizing; apologizer.

- apology (n.)

early 15c., "defense, justification", from Late Latin apologia, from Greek apologia "a speech in defense", from apologeisthai "to speak in one's defense", from apologos "an account, story", from apo "away from, off" (see apo-) + logos "speech" (see Logos).

In classical Greek, "a well-reasoned reply; a 'thought-out response' to the accusations made" (“uma resposta bem fundamentada; uma 'resposta pensada' às acusações feitas”), as that of Socrates. The original English sense of "self-justification" (“autojustificação”) yielded a meaning "frank expression of regret for wrong done" (“expressão franca de arrependimento pelo mal feito”), attested by 1590s, but this was not the main sense until 18c. In Johnson's dictionary it is defined as "Defence; excuse," and adds, "Apology generally signifies rather excuse than vindication, and tends rather to extenuate the fault, than prove innocence" (Apology “geralmente significa mais ‘desculpa’ do que ‘vindicação’, e tende mais a atenuar a falta do que provar a inocência”), which might indicate the path of the sense shift. The old sense has since tended to go with the Latin form apologia (1784), a word known from early Christian writings in defense of the faith.

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