“Eu dormia, mas o meu coração velava (…)” (Ct 5:2)
'Os paradoxos são abundantes na experiência cristã, e aqui está um: a esposa estava dormindo e, contudo, ela estava acordada. O enigma do crente somente pode ser lido por aquele que tenha lavrado com a novilha de sua experiência (Jz 14:18). Os dois pontos no texto desta noite são: uma triste sonolência e uma esperançosa vigília. Eu durmo. Por conta do pecado que habita em nós, podemos nos tornar negligentes quanto aos deveres sagrados, preguiçosos nas atividades religiosas, tediosos em alegrias espirituais, e totalmente indiferentes e descuidados. Esse é um estado vergonhoso para alguém em quem habita o Espírito vivificante, e é perigoso no mais alto grau. Mesmo virgens prudentes às vezes adormecem, mas é chegado o tempo de sacudir os grilhões da preguiça. É de se recear que muitos crentes perdem sua força do mesmo modo como Sansão perdeu seus cabelos, ou seja, enquanto dormem no colo da segurança carnal. Com um mundo perecendo ao nosso redor, dormir é cruel; com a eternidade tão próxima, é uma loucura. No entanto, nenhum de nós está tão desperto como deveria estar; alguns trovões nos fariam bem, e pode ser que, se não nos movimentarmos logo, em breve nós os tenhamos sob a forma de batalhas, ou peste, ou lutos e perdas pessoais. Ó, que possamos deixar para sempre o sofá da comodidade carnal e seguir adiante, com tochas flamejantes, para ir ao encontro do Noivo que está vindo! "O meu coração velava". Esse é um feliz sinal. A vida não está extinta, embora tristemente sufocada. Quando nosso coração renovado luta contra o nosso peso natural, devemos ser gratos à graça soberana por manter um pouco de vitalidade dentro do corpo desta morte (Rm 7:24). Jesus ouvirá nossos corações, ajudará nossos corações, e visitará nossos corações, pois a voz do coração desperto é realmente a voz do nosso Amado, dizendo: “Abre-me” (Ct 5:2). O sagrado zelo certamente irá destrancar a porta. “Ó, adorável atitude; Ele está de pé, com o coração enternecido e mãos carregadas; minha alma abandona cada pecado, e deixa o Visitante celestial entrar”.'
[Devocional Manhã & Noite, trecho da noite do dia 24 de setembro]