Novo ano velho
Segundo os estudiosos das Escrituras, o autor do livro de Eclesiastes pode ter sido o rei Salomão, ou algum outro sábio desconhecido de sua corte real. A grande sabedoria de Salomão, concedida por Deus, está relatada, por exemplo: 1Reis 4:29-30; 10:23-24; 2Crônicas 9:22-23. Podemos meditar sobre as palavras do “pregador” (Eclesiastes 1:1-9):
“Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre.
O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos.
Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios correm, para ali continuam a correr.
Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol.”
A sensação que fica, ao ler este texto, é do caráter passageiro da vida e a sua falta de significado, quando contemplada apenas do ponto de vista humano. O autor tenta mostrar, comparativamente, a relativa perenidade do mundo físico (sol, vento, ribeiros, mar), quando comparada com a efemeridade da vida humana: “Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre” (Eclesiastes 1:4). A palavra vaidade, neste contexto, também poderia ser interpreta como algo transitório ou efêmero.
O confronto entre a vaidosa realidade efêmera da vida humana e o seu desejo pela eternidade, aparece nos seguintes versículos: “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na mente do homem a idéia da eternidade, se bem que este não possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim. Sei que não há coisa melhor para eles do que se regozijarem e fazerem o bem enquanto viverem; e também que todo homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho é dom de Deus” (Eclesiastes 3:11-13). O autor também deixa claro que o regozijo que o homem pode experimentar ao fazer o bem e gozar do fruto do seu trabalho é dom de Deus, e não conquista humana.
No final do último capítulo, o “pregador” procura resumir o livro com a recomendação para que o homem busque guardar e zelar pelos mandamentos do Senhor: “Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Eclesiastes 12:13-14).
Pensando na perspectiva da virada do ano, época em que se observa tipicamente muita comemoração e expectativa, qual a justificativa ou o propósito para começar um novo ano, com animação e esperança renovadas ?
Afinal de contas, no novo ano que se inicia, o sol continua nascendo e se pondo, o vento continua fazendo o seu giro, os ribeiros continuam indo para o mar, as gerações continuam indo (morrendo) e vindo (nascendo), e todas as coisas continuam “cheias de cansaço”. Em suma, “não há nada novo debaixo do sol”, apenas mais do mesmo: muita vaidade e pouco sentido ou propósito no mundo secular.
Como esta época também é normalmente considerada como propícia para se externar desejos para o próximo ano, aqui vão os meus pedidos esperançosos, direcionados diretamente ao nosso Deus onisciente, onipresente e onipotente, que é amorosamente capaz de nos ouvir atentamente, em qualquer época do ano ou em qualquer era da história da humanidade:
- Que o Senhor enriqueça a vida dos Seus filhos com a plenitude da Sua graça superabundante e com a completeza da multidão das Suas misericórdias;
- Também peço a Ele que inunde de propósito a vida de cada servo fiel;
- Rogo que o Senhor se revele para um maior número de vidas, que precisam urgentemente ser alcançadas e transformadas em Cristo, com novos propósitos e objetivos mais excelsos, segundo o beneplácito da Sua vontade soberana.
- Clamo ao Senhor, que a Sua providência nos sustente a cada amanhecer, e que as provisões concedidas pelas Suas mãos poderosas e generosas sejam bênçãos na vida de cada crente agradecido e consciente.
Por fim, espero no Senhor que, no próximo ano (e em todos os subsequentes) todas as famílias cristãs se regozijem na presença pujante e constante do Criador em seus lares, e que nossas vidas em Cristo Jesus, nosso Salvador, estejam amparadas “debaixo do sol”. Glória a Ti, Senhor, por Tuas maravilhas e por Tua Eternidade ! Amém.