Trezentas páginas de densa racionalidade e lógica argumentação. É assim que tento resumir a leitura do livro "Por que a ciência não consegue enterrar Deus", de John C. Lennox. O autor expõe suas idéias, de maneira solidamente embasada, a respeito do mito fabricado sobre o antagonismo entre fé e ciência. O verdadeiro antagonismo realmente ocorre ao nível das cosmovisões naturalista (ou materialista) e teísta. Recomendo a leitura completa do livro.
"Até aqui argumentei que, embora a ciência com todo o seu poder não possa tratar de algumas questões fundamentais que levantamos, mesmo assim o Universo contém certas pistas sobre nosso relacionamento com ele, pistas que são cientificamente acessíveis. A inteligibilidade racional do Universo, por exemplo, aponta para a existência de uma Mente que foi responsável tanto pelo Universo quanto por nossas mentes. É por esse motivo que nós podemos fazer ciência e descobrir as belas estruturas matemáticas latentes nos fenômenos que observamos. Não só isso, mas também nossa crescente percepção da sintonia fina do Universo em geral, e do planeta Terra em particular, é consistente com a muito difundida consciência de que fomos concebidos para estarmos aqui. A Terra é nossa casa.
Mas se há uma Mente por trás do Universo, e se essa Mente tenciona que estejamos aqui, a questão realmente importante é essa: Por que estamos aqui? Qual é o propósito de nossa existência? É essa questão, acima de tudo, que atormenta o coração humano. A análise científica do Universo não nos pode dar uma resposta, assim como uma análise científica do bolo da tia Matilde não saberia nos dizer por que ela fez o bolo... A resposta final, se é que ela existe, terá de vir de fora do universo, de algo ou de algúem que tenha com o Universo um relacionamento similar ao da tia Matilde em relação a seu bolo...
Concluindo, sugiro que, longe de a ciência ter enterrado Deus, os resultados científicos não apenas apontam para a sua existência, mas a própria iniciativa científica é validada pela existência dele.
É inevitável, obviamente, que todos nós, não apenas os que praticamos a ciência, temos de escolher o pressuposto com o qual vamos começar. Não há muitas opções - essencialmente apenas duas. Ou a inteligência humana deve sua origem à matéria desprovida de inteligência, ou há um Criador..."
(John C. Lennox, no epílogo do livro, intitulado "Além da ciência, mas não além da razão")