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28 abril 2014

"O Deus que se revela" 2

Seguem alguns trechos selecionados do livro "O Deus que se revela", de Francis Schaeffer. Recomendo a leitura completa do livro.

"Este livro trata da necessidade filosófica de Deus existir e não estar em silêncio - nos campos da metafísica, moral e epistemologia."
"... Quando partimos de uma origem pessoal de todas as coisas, então estaremos em condições de entender a vocação do ser humano para a personalidade, como uma das explicações possíveis.
Se partirmos de um nível inferior à personalidade, no final teremos que reduzir a personalidade ao impessoal. O mundo científico moderno assim procede em seu reducionismo, no qual a palavra personalidade limita-se ao caráter do impessoal acrescido de complexidade. No mundo científico naturalista, seja da sociologia, seja da psicologia ou das ciências naturais, o ser humano é reduzido a algo impessoal acrescido de complexidade."
"Em meus livros anteriores, eu me referi a Whitehead e Oppenheimer, dois cientistas - nenhum deles cristão - os quais insistiam que a ciência moderna não poderia ter nascido em qualquer outro lugar que não fosse o meio cristão. Perdoem-me se insisto em repeti-lo, mas eu gostaria de, neste livro, dar um passo adiante para a área do conhecimento. Como Whitehead o destacou de forma tão bela, os primeiros cientistas acreditavam que o universo foi criado por um Deus razoável e é por isso que o universo pode ser investigado pela razão. Esta era sua base. No nascer da ciência moderna, os cientistas eram homens que acreditavam na uniformidade das causas naturais em um sistema limitado ou aberto, um sistema que poderia ser reordenado por Deus e transformado pelo homem feito à imagem de Deus. Este é o sistema de causa e efeito em uma extensão de tempo limitada. Mas, desde os tempos de Newton (não de Newton mesmo, mas dos newtonianos que o seguiram), temos o conceito de 'máquina' estendido até que nos reste somente a máquina. É neste ponto que passamos para a 'moderna ciência moderna', na qual temos a uniformidade das causas naturais em um sistema fechado, que inclui a sociologia e a psicologia. O homem está incluso na máquina. Este é o mundo em que vivemos no campo da ciência. À medida que não acreditamos mais que eles possam ter certeza de que o universo seja razoável, porque foi criado por um Deus razoável, levanta-se a questão que Leonardo da Vinci já havia entendido e que os gregos já haviam compreendido antes dele: 'Como o cientista sabe? Com base em que ele pode saber que o que ele sabe ele de fato sabe?'
Assim, o racionalismo desenvolveu para isso o conceito epistemológico de positivismo. O positivismo é a teoria do conhecimento que assume que conhecemos fatos e objetos com total objetividade. O 'cientificismo' moderno foi construído sobre esta base.
Trata-se de um conceito realmente romântico e, enquanto ele manteve o seu domínio, homens racionalistas ergueram-se nos altares do seu orgulho. Ele se baseava na concepção de que, sem qualquer universal servindo de ponto de partida, os homens finitos seriam capazes de alcançar estes universais com suas mentes finitas e compreender conhecimentos verdadeiros suficientes para criar universais, a partir de particulares."
"O homem moderno permanece ou no 'inferior', como uma máquina com palavras que não levam nem aos valores nem aos fatos, mas apenas a outras palavras, ou ele fica relegado ao 'superior', em um mundo sem categorias no que tange aos valores humanos, valores morais, ou à diferença entre a realidade e a fantasia. Lamentável geração! Os homens, feitos à imagem de Deus, com o intuito de estar em comunicação vertical com aquele que existe e que deseja lhes falar, e para ter comunicação horizontal com seres da sua própria espécie, transformaram-se a si mesmos, devido ao seu racionalismo soberbo, em seres auto-suficientes, chegando a este lugar."
"Gostaria de lembrá-los de um ponto que eu destaquei em um capítulo anterior: Whitehead e Oppenheimer diziam que a ciência moderna não teria nascido em outro lugar que não fosse o meio cristão. Por quê? No campo do Cristianismo bíblico, Galileu, Copérnico, Kepler, Francis Bacon - todos estes homens, chegando até Newton, Faraday e Maxwell - entendiam que há um universo porque Deus o fez. E eles acreditavam, como Whitehead disse de forma tão bela, que, porque Deus é um Deus inteligível, seria possível descobrirmos a verdade acerca do universo pela nossa razão. Foi assim que nasceu a ciência moderna. Os gregos dominavam praticamente os mesmos fatos que os primeiros cientistas, mas nunca os transformaram em uma ciência como a ciência moderna. Isto veio, como disse Whitehead, do fato de que estes homens tinham realmente certeza de que a verdade do universo pode ser investigada pela razão, porque ela foi feita por um Deus inteligível."
"... Assim, temos três fatos simultâneos: Deus, o Deus pessoal infinito fez o universo; o homem, a quem ele fez para viver naquele universo; e a Bíblia, que ele nos deu para falar sobre o universo. Seria de se estranhar haver unidade entre as coisas? Por que motivo deveríamos ficar surpresos?"
"Não é de surpreender o fato de que, se um Deus inteligível criou o universo e me colocou dentro dele, ele tenha igualmente correlacionado as categorias da minha mente, para que elas se encaixassem neste universo, simplesmente porque eu preciso viver nele. Esta é uma simples extensão lógica dos meus pontos anteriores. Se o mundo foi feito da forma como o sistema judaico-cristão afirma que foi, não deveríamos nos surpreender ao encontrar categorias mentais no homem que concordam com o universo em que ele vive."
"... Trata-se basicamente de uma questão epistemológica. O esforço do homem em declarar a sua autonomia privou-o da realidade das coisas. Não lhe resta nada que lhe dê segurança quando a sua imaginação o leva para além das estrelas, se não há nada que possa garantir a distinção entre a realidade e a fantasia. Mas, a partir da epistemologia cristã, esta confusão chegou ao fim, a alienação foi curada. Este é o ponto nevrálgico do problema do conhecimento e ele não poderá ser resolvido enquanto o nosso conhecimento não se encaixar sob a máxima do Deus pessoal infinito trino que existe e que não está em silêncio. Quando isto acontece, e somente quando isto acontece, o dilema da epistemologia simplesmente não existe."