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28 julho 2014

"The Ultimate Proof of Creation" 2

Mais alguns poucos trechos traduzidos do livro "The Ultimate Proof of Creation – resolving the origins debate", de Jason Lisle. Recomendo a leitura completa do livro.

9. Fechando as lacunas
“É realmente necessário se ter um padrão último ou definitivo, ou é possível avaliar evidências de uma forma neutra e objetiva? Se nós usarmos a Bíblia em nossa defesa da Bíblia, isto não constituiria um argumento circular? Como as pessoas defendiam a cosmovisão bíblica antes da Bíblia ser escrita? Há um lugar para a fé na apologética, ou só se trata de razão? Se há uniformidade na natureza, isto implica que o presente realmente é a chave para o passado (ou seja, uniformitarianismo)? Se milagres podem acontecer, então como a ciência seria possível?”
“Há uma história sobre uma senhora idosa que desafiou um cientista sobre a natureza do planeta terra. O cientista tinha acabado de ministrar uma palestra sobre astronomia, falando sobre a circularidade do planeta Terra e como ela orbitava o sol, etc. A senhora se aproximou dele, depois da palestra, e falou, ‘O que você nos falou é lixo. O mundo é, na verdade, uma superfície plana apoiada nas costas de uma tartaruga gigante’. O cientista sorriu e replicou, ‘E sobre o que a tartaruga está apoiada?’. Obviamente, ela teria que estar apoiada em algo – outra tartaruga, talvez? E esta estaria se apoiando em outra... Mas a senhora idosa não tinha sido convencida. Ela respondeu, ‘Você é muito inteligente, meu jovem, muito inteligente. Mas não adianta. São tartarugas até o fim!’. Crenças são muito parecidas com tartarugas na visão da senhora idosa. Nossas crenças são suportadas por outras crenças, que são suportadas por outras. Há um padrão definitivo ou último? Uma crença que é a fundação para todas as outras? Ou são apenas ‘tartarugas até o fim’? Alguns supõem que um padrão definitivo só serve para quem tem ‘mentalidade religiosa’. Muitas pessoas sentem que eles mesmos não tem uma autoridade última, ou um comprometimento de fé de qualquer tipo. Ao invés disso, eles acreditam que suas percepções do mundo são objetivas, neutras, e que não dependem de nenhum padrão definitivo. É claro que esta idéia, por si mesma, é uma crença acerca do mundo através da qual todas as outras observações são interpretadas. Portanto, neste caso, a crença de que não há um padrão definitivo se torna, ela mesma, o próprio padrão definitivo.”
“Portanto foi estabelecido o seguinte: (1) Todos devem ter um padrão definitivo (não há ‘neutralidade’). (2) Um padrão definitivo não pode ser provado à partir de outro padrão. (3) Um padrão definitivo não pode ser meramente assumido... Um padrão definitivo deve provar a si mesmo. Ele deve ser auto-autenticado. Ele deve fornecer critérios pelos quais ele pode ser considerado verdade, e pelos quais todas as reivindicações são avaliadas – incluindo o próprio padrão definitivo.”
“Uma boa maneira de mostrar que uma pressuposição, em particular, precisa ser verdadeira é mostrar que o crítico desta pressuposição precisa assumi-la como verdadeira para poder argumentar contra ela! Um argumento que prova uma precondição de inteligibilidade, neste sentido, é chamado de ‘argumento transcendental’. O padrão definitivo dos cristãos é bem parecido com isto; qualquer tentativa de refutar a Bíblia precisa assumir que a Bíblia é verdadeira, como ponto de partida. A Bíblia não apenas provê o critério para si mesma, mas faz isto para todos os outros fatos. Ela nos dá o alicerce (O Deus bíblico) para o raciocínio racional (incluindo as leis da lógica), ciência, moralidade, confiabilidade nos nossos sentidos e memória, e assim por diante... Como o argumento para as leis da lógica, qualquer tentativa de refutação seria auto-refutação, porque seria preciso usar coisas (leis da lógica, consistência, etc.) que implicam na cosmovisão cristã.”
“Considere o empiricismo – a crença de que todo o conhecimento pode ser adquirido pela observação. O empiricismo é auto-atestado? Ele é capaz de provar a si mesmo pelo seu próprio padrão? Não. Se todo o conhecimento é obtido pela observação, então nós nunca poderíamos saber se o empiricismo é verdadeiro. Se o empiricismo pudesse ser mostrado como verdadeiro, então ele seria falso. Ele é auto-derrotado. Considere o materialismo – a crença de que tudo o que existe é matéria em movimento. O materialismo passa em seu próprio padrão para a verdade? De maneira nenhuma. Nós nunca poderíamos provar que o materialismo é verdade pelo seu próprio padrão, porque nós precisaríamos das leis da lógica (para provar qualquer coisa), que são não-materiais e, portanto, não podem existir num universo materialista.”
“Hebreus 1:3 nos diz que Cristo sustenta ‘todas as coisas pela palavra do seu poder’. Portanto, é pelo poder direto de Deus que o universo continua a existir e funcionar. Colossensses 1:17 nos diz que em Cristo ‘tudo subsiste’. Isto significa que planetas, estrelas, e até mesmo átomos são mantidos unidos pelo poder de Deus. Os secularistas podem reclamar sobre isto. Eles podem dizer, ‘Você não sabe que os planetas e as estrelas são mantidas juntas pela gravidade, e os átomos são mantidos unidos pelas forças eletromagnéticas?’. Isto é verdade, sem dúvida, mas isto confirma a falácia da bifurcação (um falso dilema). Gravidade e forças eletromagnéticas são descrições da maneira com que Deus mantém o universo unido. As leis da física não são uma substituição para o poder de Deus; elas são um exemplo do poder de Deus. O fato de que muitas destas leis poderem ser escritas com equações matemáticas simples nos revela algo acerca de como Deus pensa e age.
“Um milagre é uma manifestação extraordinária e não usual do poder de Deus para completar um propósito específico. Baseando-se nesta definição, os milagres violam as leis da natureza? A resposta é: não necessariamente. Muitas das coisas extraordinárias que Deus fez foi através do uso das leis naturais e não necessariamente violações da mesma. Considere a divisão do mar vermelho (Êxodo 14:21-22,29). Esta foi certamente uma manifestação não usual do poder de Deus e tornou possível a fuga dos Hebreus. Ela se ajusta bem à definição de um milagre, contudo Deus usou o vento para afastar a água (Êxodo 14:21). O vento é uma força natural, portanto a divisão do mar vermelho não violou nenhum princípio físico óbvio... Milagres como o dia estendido de Josué (Josué 10:12-14), e Jesus caminhando sobre a água (Mateus 14:25), podem, de fato, ter envolvido uma suspensão temporária das leis da natureza. Tecnicamente, é impossível provar que qualquer milagre violou uma lei natural. A razão para isto é que não sabemos todas as leis da natureza. Portanto, um dado milagre pode ser simplesmente a manifestação de um princípio físico desconhecido, ou a manifestação de princípios conhecidos atuando de uma maneira que nós ainda não compreendemos... A ciência requer um certo grau de uniformidade na natureza. Mas não há razão para supor que a ciência requer que o universo seja perfeitamente uniforme o tempo todo. Uma vez que os milagres são raros (o que são, por definição), a ciência pode seguir a diante. A noção de que os milagres tornarão a ciência impossível é nada mais do que uma falácia escorregadia.”

10. Apologética na Bíblia
“As pessoas sempre irão interpretar uma evidência à luz da sua cosmovisão. Portanto, a evidência, por si só, não irá fazer uma pessoa racional reconsiderar a sua cosmovisão... Não há avaliação ‘neutra’ de evidência. Todos os fatos são interpretados através da cosmovisão pessoal – não há exceções.”
“Pense em toda a massa de pessoas que foi testemunha ocular dos milagres de Cristo; será que todas estas pessoas se curvaram e O adoraram como Senhor? Não, eles O crucificaram. O problema não é que as pessoas não têm evidências suficientes. O problema é que elas suprimem o que sabem ser a verdade (Romanos 1:18)... Por outro lado, Cristo, o último Adão, teve uma postura consistentemente bíblica na sua abordagem de todas as coisas. Considere a tentação de Cristo no deserto (Mateus 4:1-11).”
“De fato, isto é a chave do sucesso em apologética. A primeira carta de Pedro (3:15) não começa com ‘estando sempre preparados’. Começa com ‘antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações’. A primeira parte de 1Pedro (3:15) é o pré-requisito para completar o restante do versículo. Nós devemos começar nossa apologética definindo Cristo como Senhor no cerne do nosso ser (nosso ‘coração’). Nós começamos com as pressuposições de Cristo, como reveladas em Sua Palavra.”
“Muitos outros exemplos podem ser encontrados em Mateus 22:15-46. Cristo pacientemente respondeu às objeções de seus críticos. Mas então, Ele expôs a tolice dos seus pensamentos, fazendo-os perguntas – fazendo-os defender sua posição. Lembre-se, o não-cristão não tem uma apologética; ele não pode defender sua cosmovisão racionalmente. É importante lembrar que em nossa defesa da fé, nós também podemos pedir ao crítico para defender a sua fé. Os críticos de Cristo não são capazes de defender a sua posição. ‘E ninguém lhe podia responder palavra, nem ousou alguém, a partir daquele dia, fazer-lhe perguntas’ (Mateus 22:46).”
“Deus não nos chamou para converter pessoas ao cristianismo; isto está além do nosso poder. Ele nos chamou para defendermos a nossa fé. Se a pessoa irá definitivamente receber a Cristo, este assunto é entre ela e Deus. Mas Deus poderá frequentemente nos usar como parte do processo; devemos dar uma resposta. Portanto, nossa responsabilidade é nos certificarmos que apresentaremos uma defesa fiel à cosmovisão bíblica.”
“Nossa defesa da fé cristã não deve apenas terminar com a submissão do nosso pensamento à Cristo, mas deve começar nele.”

Conclusões
Este capítulo do livro começa com uma conhecida história acerca de um homem que estava convencido de estar morto. O seu médico tentou convencê-lo de todas as formas que ele estava vivo, argumentando que um homem vivo, como ele, era capaz de andar e falar, mas o paciente insistia que poderia ser por causa de espasmos dos músculos após a morte clínica. O homem não se convencia que estava vivo. Finalmente, o médico perguntou para o paciente irredutível, se homens mortos sangravam, e a resposta do paciente foi que homens mortos não sangram. Então o doutor pegou uma agulha fina e furou o braço do homem, e uma gota de sangue começou a emergir. ‘Veja’, disse o médico, e o homem respondeu, ‘bem, parece que homens mortos também sangram!’
“O médico tinha evidências para suportar sua posição? É claro que tinha. Mas o homem não foi convencido pela evidência, porque ele tinha pressuposições erradas. Ele foi capaz de inventar um ‘dispositivo de resgate’ (‘rescuing device’) para cada uma das evidências do médico. A abordagem do médico foi ineficaz pois ele falhou em apreciar o poder de uma cosmovisão. Meras evidências não são o suficiente. O doutor deveria ter desafiado a cosmovisão do homem. Ele deveria ter perguntado, ‘Porque você acredita estar morto?’. O doutor precisava ter um melhor entendimento da cosmovisão do homem, de tal forma que pudesse fazer uma crítica interna, ao invés de apenas jogar evidências particulares nele. O debate sobre as origens é análogo a esta história. Criacionista e evolucionistas frequentemente não se comunicam, pois eles falham em reconhecer a importância das pressuposições. Ao invés de jogar evidências em seus oponentes, criacionistas e evolucionistas devem aprender a lidar no nível das cosmovisões.”
“A nossa apologética não é meramente uma defesa da cosmovisão bíblica, mas uma aplicação da mesma. Sabendo que uma submissão reverencial à Deus é o princípio do saber, nós podemos expor o absurdo de rejeitar ao Deus bíblico e reduzir o crítico à tolice (Provérbios 1:7). Contudo, isto nunca deve ser feito     de uma forma áspera ou com zombaria, mas sempre com um respeito reverencial por nosso crítico. Afinal de contas, o crítico também é feito à imagem de Deus e portanto merece ser tratado com dignidade. Nós devemos lembrar também que, também nós, já fomos o crítico... Nós refutamos os evolucionistas para o seu próprio bem. Não se trata de um ‘jogo’ acadêmico. Nós desejamos que as pessoas sejam salvas.”
“Esta é a prova definitiva da criação. A Bíblia não é provada externamente por algum grande padrão de conhecimento. Em um certo sentido, ela prova a si mesma (auto-autenticada). Apenas a cosmovisão bíblica é capaz de prover um fundamento racional para toda a experiência humana e racionalidade para ser aprovada em seu próprio critério.”
“Nós não fazemos isto (apologética) apenas para ganhar argumentos, mas para ganhar pessoas. Nosso objetivo nunca deve ser o do orgulho pessoal – tentando aparecer mais intelectual do que nossos oponentes. Nossa meta deve ser glorificar à Deus oferecendo uma defesa da fé que é fiel à Ele.”