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13 maio 2020

Confinamento



Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Salmos 42:5).

Este texto foi escrito por uma alma abatida diante da situação que temos vivido em nossos dias, com a condição de pandemia do coronavírus, a quarentena, o confinamento (“lockdown”), e o que mais estiver reservado na soberana, boa, perfeita e justa vontade do Senhor para acontecer com este mundo, até a Sua volta triunfal, em poder, majestade e glória. Maranata! (1Coríntios 16:22).
Esta alma que escreve é simultaneamente justificada e pecadora (“simul justus et peccator”). É a alma de um publicano, e não de um fariseu (Lucas 18:9-14). Uma alma que tem procurado ir continuamente aos pés da cruz do Calvário, para encontrar a justiça e a misericórdia perfeitas, e abundantemente disponíveis somente Nele, o Autor e Consumador da nossa fé (Hebreus 12:2). Ainda, mesmo que a fé desta alma abatida esteja, em alguns breves momentos, titubeante diante de tantas incertezas, ela está firmada sobre a Rocha (Mateus 7:24-29), sobre a Pedra Angular (1 Pedro 2:1-10), e tem certeza de que é “propriedade exclusiva de Deus”.
Aos pés desta cruz, há uma refrescante e estreita (Mateus 7:13-14) sombra, produzida pelo sol escaldante que passa por esse madeiro maldito em forma de “T” (cruz Tau), e esta sombra talvez esteja sendo usada pelo Senhor para nos lembrar que neste mundo teremos “T”ribulações, e até mesmo a “grande Tribulação” (Mateus 24:15-28), mas parece que também podemos encontrar “T”ranquilidade, pois o próprio Senhor Jesus nos convidou: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-30).
Pensando ainda sobre confinamento (“lockdown”), esta alma relembra as palavras de Paulo, um dos verdadeiros apóstolos de Cristo, que inspirado pelo Espírito Santo deixou registrada esta sabedoria e este testemunho nas Escrituras:
13Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. 14Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. 15Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; 16embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. 17Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; 18com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos 19e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho, 20pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo” (Efésios 6:13-20, ênfases acrescentadas).
O apóstolo Paulo, diante do seu confinamento (“pelo que sou embaixador em cadeias”, diz ele), é desafiado a pregar o Evangelho de Cristo de forma ainda mais audaciosa e intrépida. 
Em outra passagem bíblica (1 Coríntios 7:22), o apóstolo Paulo usa um interessante jogo de palavras contrastantes, para mostrar que a nossa verdadeira liberdade, como cristãos, está no fato de sermos servos de Cristo Jesus, nosso bom e gentil Senhor, que não “esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega” (Mateus 12:20; Isaías 42:3).
Para concluir, ó minha alma, reflita agora um pouco no fato de que o próprio Senhor Jesus Cristo, o Deus encarnado, o Emanuel (“Deus conosco”, Mateus 1:23), já experimentou também os mais extremos de todos os confinamentos (“lockdown”). Em primeiro lugar, Ele, “subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens” (Filipenses 2:5-11). O Deus onisciente, onipotente e onipresente, eterno e infinito, Criador do espaço e do tempo, esteve confinado no espaço de um corpo humano e em uma certa época do tempo. Em segundo lugar, Ele foi confinado no cárcere, como está relatado nos Evangelhos (Mateus 26:48,55, por exemplo), para ser apresentado diante dos seus acusadores. Em terceiro lugar, Ele foi confinado em uma cruz, sendo transfixado nos pulsos e nos pés, com pregos de cerca de 13 a 18 cm de comprimento e 1 cm de diâmetro. Em quarto e último lugar, o “Deus vivo” (como está também escrito no próprio texto de Salmos 42:2, ó minha alma!) foi confinado em uma sepultura, depois de ter sido morto como um Cordeiro (Isaías 53; Apocalipse 5:12).
Contudo, mesmo enfrentando estes confinamentos finais durante o seu ministério terreno, Ele disse, diante dos seus acusadores e da multidão que era testemunha ocular da Sua crucificação: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Assim mesmo, o confinamento final da morte do Senhor Jesus Cristo, em sua dupla natureza perfeita como Deus e como homem, não conseguiu detê-lo por muito tempo, porque depois de 3 dias Ele ressuscitou: o Seu túmulo está vazio! E esta é a mesma esperança para você, ó minha alma, mesmo diante de uma ameaça como esta pandemia em escala mundial. Você está segura, pois também ressuscitará com seu corpo um dia, assim como Ele fez primeiro, pois é as primícias (1 Coríntios 15:20-21,54-57), e habitará com Ele por toda a eternidade na glória do novo céu e nova terra (Apocalipse 21 e 22).

Um resumo magnífico do Evangelho de Jesus Cristo:
“O Infinito tornou-se finito. O Criador se tornou uma criatura. Ele (que fez todas as coisas a partir do nada) nasceu de uma mulher. Ele (a quem os céus não podem conter) estava contido no pequeno útero de uma mulher. O pão da vida estava com fome. A água da vida estava com sede. O maior descanso estava cansado. A maior alegria estava triste. A maior fúria e o maior favor se encontraram na cruz. O maior ódio e o maior amor se manifestaram na cruz. Infinita justiça foi satisfeita e infinita misericórdia foi garantida na cruz. Estamos enriquecidos por Sua pobreza, preenchidos por Seu vazio, exaltados por Sua desgraça, curados por Suas feridas, confortados por Sua dor, e justificados por Sua condenação. 
'Graças a Deus pelo seu dom inefável!' (2 Coríntios 9:15)” 
[pr. Stephen Yuille, “Um dom inefável”, traduzido do original].

Não parece, agora, que estás mais tão abatida como antes, ó minha alma... continue esperando em Deus, pois Ele é o teu auxílio, continuamente!
Soli Deo Gloria, pelo Seu dom inefável!

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