Ó MEU SENHOR,
Que eu possa chegar onde os meios de graça cessam
e não necessite mais jejuar, orar, lamentar e vigiar,
ser tentado, assistir à pregação e fazer uso dos sacramentos;
onde nada se corrompe,
onde não há aflição, tristeza, pecado, morte, separação, lágrimas,
rosto pálido, corpo desfalecido, juntas doloridas,
fragilidades da infância, decrepitude, inclinação para o pecado,
enfermidade que definha, temores que aprisionam,
cuidados que consomem;
onde há perfeição pessoal;
onde quanto mais perfeita é a visão, mais bonito é o que se vê,
quanto melhor o apetite, mais doce é o alimento,
quanto mais musical a audição, mais agradável é a melodia,
quanto mais completa a alma, mais plena é a sua alegria,
onde há pleno conhecimento de ti.
Aqui estou eu, uma formiga, e me vejo como num formigueiro;
assim é que me vês e a todos os meus semelhantes;
E como uma formiga não pode saber quem sou e o que penso,
assim também, aqui, não posso conhecer a ti claramente.
Mas lá estarei junto a ti,
habitarei com a tua família,
permanecerei na tua sala de audiências,
serei um herdeiro do teu reino,
como esposa de Cristo,
como membro do seu corpo,
um com aquele que é um contigo,
e usarei toda a capacidade de meu corpo e alma
deleitando-me em ti.
Como o louvor convém aos lábios dos teus santos,
ensinam-me a exercitar esta dádiva divina,
quando oro, leio, ouço, vejo, ajo,
na presença do povo e dos meus inimigos,
assim como espero, doravante, louvar-te eternamente.
[Oração "DESEJO PELO CÉU", do livro "O Vale da Visão"]