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16 setembro 2025

C.H. Spurgeon: Manhã & Noite (16/09)

Sou eu porventura o mar, ou a baleia, para que me ponhas uma guarda?” (Jó 7:12
'Essa foi uma estranha pergunta para Jó fazer ao Senhor. Ele se sentia insignificante demais para ser tão rigorosamente vigiado e castigado, assim como não achava que fosse tão rebelde para que precisasse ser tão reprimido. O questionamento era natural, vindo de alguém cercado por misérias tão insuportáveis, mas, depois de tudo, permitiu uma resposta muito humilhante. É verdade que o homem não é o mar, porém ele é ainda mais desobediente e indisciplinado. O mar respeita e obedece seu limite, e apesar de ser apenas um cinturão de areia, ele não o ultrapassa. Por mais poderoso que seja, ele ouve o mandamento divino “até aqui virás” (Jó 38:11), e mesmo na tormenta mais furiosa, respeita a ordem. No entanto, o obstinado homem desafia o céu e aflige a terra; não há fim para sua ira rebelde. O mar, obediente à lua, flui e reflui com incessante regularidade, rendendo uma obediência ativa e passiva; mas o homem, inquieto além da medida, dorme em relação aos deveres, sendo indolente onde deveria ser ativo; ele não irá, nem virá, conforme o comando divino, mas tristemente prefere fazer o que não deveria, e deixa de fazer aquilo que lhe é exigido. Cada gota no oceano, cada “floco de espuma efervescente”**, cada concha e seixo, sente o poder da lei, e recua ou se movimenta prontamente. Ó, que a nossa natureza fosse apenas uma milésima parte conformada com a vontade de Deus! Chamamos o mar de falso e inconstante, porém como é constante! Desde o dia de nossos pais, e nos tempos antes deles, o mar está no lugar onde sempre esteve, batendo nas mesmas falésias com a mesma melodia; sabemos onde encontrá-lo; ele não abandona seu leito nem o seu incessante rugido; contudo, onde está o homem vão, o inconstante homem? Pode o sábio imaginar por qual loucura ele será seduzido de sua obediência? Mais precisamos de uma guarda do que o ondulante mar, pois somos muito mais rebeldes. Senhor, governa-nos para Tua própria glória. Amém.'
[Devocional Manhã & Noite, trecho da noite do dia 16 de setembro
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**Nota do Tradutor (N.T.): “floco de espuma efervescente” é uma referência ao livro O Cruzeiro do Midge, escrito pelo novelista inglês Michael Scott (1789–1835).