Murmuração suficientemente injusta
A
murmuração, que surge da insatisfação ou do descontentamento intrínsecos da
natureza humana pecaminosa, pode ser precursora da ira de Deus, como está
descrito em vários textos bíblicos, particularmente veterotestamentários, a
exemplo dos capítulos 11, 14 e 21 do livro de Números. Também podem ser
encontradas referências neotestamentárias, exemplificadas no décimo capítulo da
primeira epístola de Paulo aos coríntios, onde é relembrada a história da
peregrinação do povo de Deus pelo deserto.
Não
é incomum o ser humano estar insatisfeito com sua condição ou situação, mesmo
que já tenha sido agraciado por nosso Senhor com muitas bênçãos materiais, por
exemplo. Esta murmuração injusta, divinamente reprovada, pode levar a consequências
desastrosas e, portanto, precisa ser sempre evitada. Muitas vezes não percebemos
as bênçãos já recebidas, segundo o beneplácito da vontade soberana do nosso Pai
Criador.
Quando
a obediência à vontade de Deus é cumprida, com alegria honesta na alma e amor
ingênuo no coração puro, a bênção é derramada de maneira extraordinária e
contínua, como pode ser observado no começo do capítulo 28 do livro de
Deuteronômio.
É
importante destacar, neste contexto, a questão da caridade através da “boa
obra”, pois a bênção compartilhada é ainda uma bênção mais abundante, segundo a
palavra do Senhor: “E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a
graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em
toda boa obra” (2Co 9:8).
Contudo,
o exemplo do apóstolo Paulo é sublime e, de acordo com a maturidade espiritual
que ele atingiu servindo fielmente aos desígnios do nosso Senhor, ele exorta na
carta aos filipenses: “Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda
maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em
passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. Posso todas
as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4:12-13). Coerentemente, o mesmo
apóstolo se dirige ao povo de Corinto, em sua segunda epístola, relatando o que
o Senhor lhe dissera: “A minha graça te basta, porque o meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12:9).
Nosso
Deus é suficiente em tudo para nós, provendo o necessário e o pertinente, de
acordo com a sua imensa sabedoria e justiça. Pois, “amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Graças Te damos,
Senhor nosso, por Sua misericórdia e benignidade.