Segundo
o relato bíblico histórico (Mt 27:27-31), momentos antes da sua
crucificação, o Senhor Jesus Cristo, que é o “sol da justiça” e a “brilhante
Estrela da manhã” [i], foi “coroado” com uma coroa de espinhos e com um
caniço (como se fosse um cetro real) na mão direita, apenas para escarnecerem
dele, dizendo: “Salve, rei dos judeus!”. Aqueles zombadores, no
pretório, não sabiam que estavam mesmo diante do Rei dos reis e Senhor
dos Senhores (1Tm 6:15; Ap 17:14).
Uma
das declarações que talvez tenha resumido de forma mais expressiva e contundente
a autoridade majestosa do nosso Rei, Profeta e Sacerdote, é a seguinte: “Não há
sequer uma parte do nosso mundo do pensamento que possa ser hermeticamente
separada das outras partes; e não há um único centímetro quadrado, em todos os
domínios de nossa existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo,
não clame: ‘Meu!’” [ii].
Diante
desta realidade, somos remetidos também à declaração do apóstolo Pedro: “Ora,
logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da
glória” (1Pe 5:4). A bela palavra “imarcescível” [iii]
também é utilizada em outro magnífico texto encontrado no primeiro capítulo da
mesma carta, 1Pe 1:3-9. Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo
Pedro expressa que mesmo que não consigamos “ver” o Senhor Jesus, podemos ama-Lo
e exultar “com alegria indizível e cheia de glória” (v.8),
“crendo” por meio da fé [iv].
De
forma interessante e coerente com esta verdade, o mesmo padrão parece se
repetir com a estrela do nosso sistema solar (o Sol), com os elétrons [v]
e com o oxigênio necessário para a respiração dos seres vivos, por exemplo,
pois apesar de não conseguirmos “enxergar” (pelo menos, “a olho nú”), ou então
alcançar [vi] algumas destas realidades físicas, químicas, biológicas,
etc − que são, neste sentido e contexto, “intangíveis” − nós claramente as
percebemos por meio dos seus efeitos indiretos, como por exemplo o calor e a
luz do Sol, o choque elétrico proveniente de uma descarga de elétrons, a
preservação da vida através da respiração do oxigênio presente não apenas no ar
atmosférico, mas também na água, para organismos aquáticos.
Pensando
neste conceito de tangibilidade/intangibilidade, é fascinante como a realidade
intangível se revela no que é tangível, principalmente para quem atua em
qualquer área da ciência e é, portanto, um estudante da natureza como obra da
criação de Deus. O apóstolo Paulo esclarece bem esta questão em Rm 1,
particularmente no v. 20: “Porque os atributos invisíveis de
Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente
se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas
que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”.
Portanto,
temos este efeito tutorial de aprendizado nas coisas tangíveis que nos
conduzem, em última instância, ao Intangível, Eterno, Infinito... à Causa
Primária... o Senhor Deus “criador do céu e da terra” (Sl 124:8;134:3).
Desta
forma, isto se torna uma tremenda lição de humildade e gratidão, pois se os
seres humanos são, de maneira geral, “indesculpáveis”, pois todos nós temos o
conhecimento de Deus por meio das “coisas que foram criadas”, e então, o
cientista como estudante dos detalhes magníficos da obra da criação de Deus,
seria ainda mais indesculpável por não o glorificar como Deus, nem lhe dar
graças (Rm 1:21).
Em sua clemência e misericórdia como Rei dos reis, este Deus “intangível” em sua infinitude e eternidade se tornou “tangível”, pois “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens” ... se tornou “Deus conosco” (ver Fp 2:5-11 e Mt 1:23).
Graças a Deus por Jesus Cristo!
Glória a Deus por sua soberania, poder, majestade, clemência e misericórdia!
*Notas: