"Antes de tudo 'No princípio, criou Deus os céus e a terra' (Gn 1:1). Houve um tempo, se é que 'tempo' pode ser chamado, quando Deus, na unidade de Sua natureza (embora subsistindo igualmente em três pessoas divinas), habitava sozinho. No princípio, Deus. Não havia céu, onde Sua glória agora é particularmente manifestada. Não havia terra para atrair Sua atenção. Não havia anjos para cantar Seus louvores; nenhum universo para ser sustentado pela palavra de Seu poder. Não havia nada, ninguém, exceto Deus; e isso, não por um dia, um ano ou uma era, mas desde a eternidade. Durante a eternidade passada, Deus estava sozinho; autossuficiente e autosatisfeito; precisando de nada. Se houvesse um universo, se houvesse anjos, se os seres humanos fossem necessários para Ele de alguma forma, eles também teriam sido chamados à existência desde toda a eternidade. A criação deles quando Ele o fez, não acrescentou nada a Deus essencialmente. Ele não muda, por isso Sua glória essencial não pode ser nem aumentada nem diminuída... Ele é solitário em Sua majestade, único em Sua excelência, incomparável em Suas perfeições. Ele sustenta tudo, mas é independente de tudo. Ele dá a todos, mas não é enriquecido por ninguém."
"O chamado 'argumento do design' por apologetas bem-intencionados tem
feito muito mais mal do que bem, pois rebaixa o grande Deus ao nível da
compreensão finita e, assim, perde de vista Sua excelência 'solitária'. A
analogia foi traçada entre um selvagem encontrando um relógio nas
areias e, a partir de um exame minucioso, ele infere um relojoeiro. Até
agora tudo bem. Mas tente ir mais longe. Suponha que o selvagem se sente
na areia e se esforce para formar para si mesmo uma concepção desse
relojoeiro, suas afeições e maneiras pessoais; suas disposições,
aquisições e caráter moral. Por acaso, ele poderia, por meio de sua
racionalização e pensamentos dizer: 'Eu conheço o homem que criou esse
relógio!?' Por acaso, o Deus eterno e infinito está ao alcance da razão
humana? Eu digo que não! O Deus da Escritura só pode ser conhecido por aqueles a quem Ele se dá a conhecer."
(Trechos do livro "Os Atributos de Deus", de A.W. Pink, cap. 1: "A Solidão de Deus")