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04 dezembro 2023

Os Atributos de Deus: A Bondade de Deus (cap.15)

"Propomos envolver o leitor com outra de suas excelências, das quais todo cristão recebe inúmeras provas. Voltamo-nos para a consideração da benignidade de Deus porque nosso objetivo é manter a devida proporção no tratamento das perfeições divinas, pois todos nós estamos aptos a ter opiniões unilaterais sobre elas. Um equilíbrio deve ser preservado aqui (como em todos os lugares), como aparece nessas duas declarações dos atributos divinos: 'Deus é luz' (1 Jo 1:5), 'Deus é amor' (1 Jo 4:8). Os aspectos mais severos e inspiradores do caráter divino são compensados pelos mais gentis e cativantes. É para nossa perda irreparável se insistirmos exclusivamente na soberania e majestade de Deus, ou em Sua santidade e justiça; precisamos meditar com frequência, embora não exclusivamente, em Sua bondade e misericórdia. Nada menos que uma visão completa das perfeições divinas, conforme reveladas nas Sagradas Escrituras, deve nos satisfazer."
 
"A primeira vez que esta perfeição divina é mencionada na Palavra é naquela maravilhosa manifestação da Divindade a Moisés, quando Jeová proclamou Seu 'Nome', isto é, Ele mesmo se deu a conhecer. 'SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade' (Ex 34:6), embora com muito mais frequência a palavra hebraica, chesed, seja traduzida como 'bondade'. Em nossas Bíblias, a referência inicial, relacionada a Deus, é o Salmo 17:7, onde Davi orou: 'Mostra as maravilhas da tua bondade, ó Salvador dos que à tua destra buscam refúgio dos que se levantam contra eles'. É maravilhoso que Alguém tão infinitamente acima de nós, tão inconcebivelmente glorioso, tão inefavelmente santo, não apenas perceba tais vermes da terra, mas também coloque Seu coração neles, dê Seu Filho por eles, envie Seu Espírito para habitar neles e então suporte todas as suas imperfeições e desobediências para nunca remover Sua benignidade deles."
 
"Essa benignidade do Senhor nunca é removida de Seus filhos. Em nosso próprio pensamento, pode até parecer que ela foi removida, mas nunca é. Visto que o crente está em Cristo, nada pode separá-lo do amor de Deus (Rm 8:39). Deus se comprometeu solenemente por aliança, e nossos pecados não podem anulá-lo. Deus jurou que se Seus filhos não guardarem Seus mandamentos, Ele os punirá 'com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniquidade'. No entanto, Ele acrescenta: 'Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade' (Sl 89:31-34). Observe a mudança de número de 'deles' e 'eles' para 'Ele'. A benignidade de Deus para com Seu povo está centrada em Cristo. Porque Seu exercício de benignidade é um compromisso de aliança, ele é repetidamente ligado à Sua 'verdade' (Sl 40:11; 138:2), mostrando que procede a nós por promessa. Portanto, nunca devemos nos desesperar."
 
A resposta dos santos:
"Qual deve ser a nossa resposta? Primeiro: 'Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor' (Ef 5:1,2). 'Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade' (Cl 3:12). Assim foi com Davi: 'Pois a tua benignidade, tenho-a perante os olhos e tenho andado na tua verdade' (Sl 26:3). Ele se deliciava em ponderar sobre isso. Refrescou sua alma fazê-lo e moldou sua conduta. Quanto mais estivermos ocupados com a bondade de Deus, mais cuidadosos seremos com nossa obediência. As restrições do amor e da graça de Deus são mais poderosas para o regenerado do que os terrores de Sua Lei. 'Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas' (Sl 36:7). Em segundo lugar, o senso dessa perfeição divina fortalece nossa fé e promove a confiança em Deus. Terceiro, deve estimular o espírito de adoração. 'Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam' (Sl 63:3; 138:2). Quarto, deve ser nosso abraço celestial quando deprimido. 'Venha, pois, a tua bondade consolar-me' (Sl 119:76). Foi assim com Cristo em Sua angústia (Sl 69:17). Quinto, deve ser nosso pedido em oração: 'Vivifica-me, ó SENHOR, segundo a tua bondade' (Sl 119:159). Davi se debruçou nesse atributo divino para uma nova força e maior vigor. Sexto, devemos apelar para tal atributo quando caímos no caminho. 'Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade' (Sl 51:1). Trate-me de acordo com o mais gentil de Teus atributos, faça de meu caso uma exemplificação de Tua ternura. Sétimo, deve ser uma petição em nossas devoções noturnas. 'Faze-me ouvir, pela manhã, da tua graça [benignidade]' (Sl 143:8). Desperte-me com minha alma em sintonia com isso, deixe meus pensamentos de vigília serem de Tua bondade."

(Trechos do livro "Os Atributos de Deus", de A.W. Pink, cap. 15: "A Bondade de Deus")