'Timóteo, listei a seguir dez aspectos importantes da oração bíblica que devem ser lembrados:'
[1].Necessidade. Deus não tem filhos mudos; muito menos, servos mudos. Quando aquele fariseu dos fariseus, Saulo de Tarso, foi convertido, ele imediatamente começou a orar. Quando o anjo anunciou esta conversão para Ananias, a descrição principal dada sobre Saulo foi: “Pois ele está orando”. É como se o anjo estivesse dizendo: “Ele nunca fez isto antes”. Antes ele agia impensadamente. Mas agora que havia experimentado o Espírito da adoção e é um herdeiro de Deus e co-herdeiro junto de Cristo, está orando e sua voz é escutada. Isto agora se tornou uma necessidade para ele. Sem oração um homem não pode ser cristão.
[2].Urgência. No momento em que uma alma recém-nascida começa a apreciar as glórias de sua translação do reino das trevas para o reino da Luz, ela também começa a enxergar o mundo como um lugar no qual o nome de Deus está sendo desonrado. Ela, então, implora urgentemente com as seguintes palavras: “Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?” (Sl 85.6), e “Já é tempo, Senhor, para intervires, pois a tua lei está sendo violada” (Sl 119.126). A negação da autoridade e soberania de Deus é um clamor para a ação divina. Você conhece algo tão urgente?
[3].Valorize a importância da oração. Nós somos impotentes sem ela. Não chegamos a lugar algum sem ela. Nosso Senhor voltou do Monte da Transfiguração para presenciar uma triste cena: um grupo de discípulos impotentes diante da incrível necessidade humana. Eles dizem a Jesus: “O que está errado?” Ele lhes responde que, em essência, precisam aprender a orar. Como venceremos os obstáculos? Nós, também, às vezes parecemos ficar impotentes diante das necessidades humanas. Teríamos nós abandonado o lugar secreto do Altíssimo para nossa própria perda e impotência no púlpito? Que Deus nos desperte!
[4].Impotência. No Salmo 50.7-12, Deus declara sua auto-suficiência. No contexto, Ele nos ensina sobre nossa dispensabilidade e impotência. Deus não precisa de nossas orações. Nós precisamos dEle. Ele não precisa de nós! Uma vida de oração é o calvinismo em sua melhor forma; é uma declaração simples, aberta e honesta na presença de Deus, de total impotência. Se a salvação vem do Senhor, e se as pessoas devem ser convertidas, isto deve ser pela graça de Deus, pelo poder de Deus e através do evangelho. Nunca é por causa de quem eu sou, e sim apesar de quem eu sou. A propensão para o orgulho existe e irá nos arruinar, se não estivermos sempre vigilantes. Se não orarmos, Deus não sofrerá nenhuma perda quanto ao que fazer sobre a situação. Quando Mordecai tentou convencer Ester da importância de sua intervenção na crise nacional, a qual estava colocando em risco a existência futura dos judeus, e quando ela estava mais preocupada com sua própria preservação do que com qualquer outra coisa, a mensagem dele equivalia a dizer: “Você já parou para pensar, Ester, que você não é indispensável? Se você não fizer nada sobre isto, o livramento virá de algum outro lugar. Deus não depende de você. Mas, quem sabe? Talvez você tenha vindo ao reino para um tempo como este? Por que não mostrar-se à altura da situação?”
[5].Constância. Paulo nos exorta em 1 Tessalonicenses 5.17 a orar “sem cessar”. Davi orava sete vezes por dia; Daniel, três vezes por dia. Lutero, ao encontrar um amigo na rua, diria: “Irmão, eu te encontro orando?”
[6].Conteúdo. Por que orações foram registradas nas Escrituras? Por que o Espírito Santo considerou importante que tivéssemos colunas e mais colunas das Escrituras Sagradas dedicadas às orações que foram oferecidas por Daniel, Neemias, Paulo e Jesus Cristo? Ele fez isto para que você e eu pudéssemos aprender a orar. Oh, que as orações assumam um caráter mais bíblico! Oh, que as orações sejam uma expressão da vontade de Deus, tal como é mostrado nas Escrituras!
[7].Importunidade. Isto é, entender a vontade de Deus e trazê-la diante dEle para sua própria atenção, contínua e persistentemente. É dar a Deus nenhum descanso até que Ele traga paz à Jerusalém. Afinal de contas, é a vontade de Deus que sua Jerusalém, o corpo de Cristo, seja resplandecente com a sua glória, e um louvor a Deus na terra. Se a igreja não é aquilo a que foi chamada a ser, não deveríamos nós implorar pela misericórdia de Deus para que o corpo de Cristo seja feito uma honra ao seu nome neste pobre e miserável mundo? Jesus não nos deu a parábola da viúva importuna, nas palavras de Lucas 18.1, “sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer”? Quão sério você é em sua preocupação com a igreja de Deus?
[8].Certeza. Isto significa fé. Não tem nada a ver com Deus nos dando algum tipo de cheque em branco para o preenchermos. A fé é fundamentada na vontade de Deus. A fé descobre o coração de Deus nas páginas das Escrituras. A fé esforça-se por conhecer a Deus. A fé concebe orações tocantes, como a de João 17. “Pai”, orou Jesus, “a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo”. A fé toma conhecimento desta expressão da vontade do Salvador e a leva para Deus, vez após vez. Ela deposita esta vontade diante dos pés dEle. A fé roga: “Pai, o seu povo, por quem Cristo orou, precisa ser levado em asas de águias. Leve-os em segurança através de sua jornada por este mundo perverso e hostil. Leve-os através dos portões da morte e para dentro do lar eterno na glória”. Martinho Lutero pode ter soado impudente [sem pudor] na forma como orou, quando se pôde ouvi-lo dizer: “Pai, que se faça a minha vontade, porque eu sei que a minha vontade é a sua vontade”. Portanto, ele tinha compreendido a vontade do Pai e expressava isto em sua oração.
[9].Extensão. Quando o crente tem uma mente que é capaz de alcançar muito além dos limites das pequenas mentes dos homens, e olha além do horizonte para enxergar e entender os propósitos gloriosos de Deus na redenção, ele ora de acordo com estes propósitos de Deus. “Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão” (Sl 2.8), diz o Pai para o Filho. O crente aceita esta promessa em oração. Sua maior alegria e seu maior prazer estão em saber que os rebeldes dobram os joelhos diante do Filho de Deus, que eles tocam o cetro estendido a eles, e que assim são salvos pela graça. O crente, de joelhos, anseia mais que qualquer outra coisa — que Cristo possa ter um seguidor, um seguidor que O adore. Ele espera que um seguidor admire a Jesus. Todo intercessor pode se identificar com Spurgeon, sobre quem Archibald Brown disse, certa vez: “Ele O amou, ele O adorou, ele era nosso satisfeitíssimo cativo do Senhor”. Quando Paulo orou, pensou grande. Veja sua oração em Efésios 3.14-21. Pense grande, quando você orar!
[10].Objetivo. O objetivo é a glória de Deus. “Santificado seja o teu nome”. “Deixe que o nome de George Whitefield pereça”, disse este homem, “mas que o nome de Cristo viva pelos séculos dos séculos!” Quando o próprio Jesus levantou seus olhos aos céus, Ele disse: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (Jo 17.1,5). O crente responde imediatamente com um entusiástico: “Assim seja”.
'Eu [Martin Holdt] termino citando um grande pastor americano de uma geração anterior. Gardiner Spring disse: "Já se foi o tempo quando os pastores das igrejas [norte] americanas valorizavam o privilégio da oração; eles não somente eram homens de oração, mas também oravam frequentemente com os outros e uns pelos outros. Suas recíprocas e fraternas visitas eram consagradas e adocicadas pela oração, e também não era nem um pouco incomum que eles se juntassem para passar dias inteiros em jejum e oração, para que as efusões do Espírito de Deus viessem sobre eles e suas igrejas, e aqueles eram dias de poder, dias em que o braço forte de Deus se mostrava e sua mão direita sustentava, nem era difícil ver onde a imensa força do púlpito encontrava-se. E o mais fraco dentre eles, naquele dia, será como Davi, e a casa de Davi será como Deus." [ver Zc 12:8]'