Rubro-anil
O efeito Doppler é o responsável por aquela
variação no tom aparente de uma fonte sonora em movimento, como por exemplo,
quando alguém está parado, no trânsito congestionado, e ouve o som de uma
sirene vindo em sua direção.
Enquanto o veículo com a sirene se aproxima,
normalmente se escuta um som mais agudo, ou seja, um tom mais alto (maior
frequência da onda sonora). Depois que o veículo com a sirene passa pelo ponto
onde o observador está parado no trânsito, ele continua escutando o barulho da
sirene, porém agora com um som mais grave, ou seja, um tom mais baixo (menor
frequência da onda sonora).
Portanto, no caso de aproximação da fonte
emissora (sirene) de onda sonora, a frequência aparente da onda recebida pelo
observador (parado no trânsito congestionado) fica maior (tom mais alto, agudo)
que a frequência emitida. Por outro lado, no caso de afastamento da fonte
sonora, a frequência aparente diminui (tom mais baixo, grave). Além das ondas sonoras, a luz (ondas
eletromagnéticas) também está sujeita a este efeito de deslocamento de
frequência da onda, porém apenas quando o emissor (da luz) e o observador (da
luz) se afastam ou se aproximam com grande velocidade relativa. Isto ocorre
devido à diferença inerente na velocidade de propagação das ondas sonoras e das
ondas eletromagnéticas (luz).
Desta forma, a luz percebida
pelo observador, que neste exemplo está parado, apresenta uma maior frequência,
com deslocamento para o azul (“blueshift”), quando a fonte emissora se aproxima
dele. Por outro lado, ocorre uma variação para menor frequência, com desvio
para o vermelho (“redshift”), quando a fonte emissora se afasta do observador.
O efeito Doppler, portanto, está presente em diversas aplicações práticas, como
por exemplo, na medida da velocidade relativa de estrelas (astronomia), na medida
do fluxo de fluidos vitais através de ultrassonografia (medicina), dentre
outros exemplos.
O
apóstolo Paulo ensinou: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo
as primícias dentre aqueles que dormiram. Visto que a morte veio por meio de um
só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois
da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados.
Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que
lhe pertencem” (1Co 15:20-23).
Refletindo nesta
questão do “já” e do “ainda não”, O Reino de Deus “já” é uma realidade atual
para os crentes. Apesar disto, eles “ainda não” estão experimentando (não
vendo, não ouvindo, não imaginando) tudo o que Deus tem preparado (1Co 2:9; Mt25:34; Hb 11:16; Jo 3:16) para o Seu povo comprado pelo sangue de Cristo na cruz,
mas crêem na promessa, pois Quem a fez é Fiel (Hb 10:23; Tt 1:2).
Talvez possamos
tentar fazer uma analogia do efeito Doppler com a teologia paulina neste
contexto, imaginando a Glória de Deus como uma fonte emissora de luz, que se
propaga através de ondas em movimento. O observador que já creu na luz, ou
seja, a fonte de luz já passou por ele, percebe as ondas deslocadas para o
vermelho (“redshift”), enquanto o observador que está na rota de aproximação,
crendo na chegada desta luz, percebe as ondas deslocadas para o azul
(“blueshift”). Em outras palavras, é como se o crente que reconheceu o
sacrifício já exercido pelo amor de Cristo, através do derramamento do Seu
sangue rubro na cruz do calvário, tivesse recebido a luz da Glória de Deus
deslocada para o vermelho sangue. Enquanto isto, o crente que espera a segunda
vinda de Cristo, para a consumação da obra redentora do Eterno Deus em todo o
seu esplendor anil, está aguardando para observar a luz deslocada para o azul
celestial.
Graças Te damos,
Senhor Absoluto e Soberano, por Tua obra de redenção, intermediada pelo
profundo ato de amor e misericórdia no sacrifício do Teu Filho unigênito, na
cruz do calvário. Amém.