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18 novembro 2013

Institutas 18

"Quando se diz que o Verbo foi feito carne [João 1:14], não se deve entender que ou tivesse se convertido em carne ou tivesse sido confusamente misturado à carne, mas, tendo tomado para si, desde o ventre da Virgem, um templo no qual habitaria, de modo que aquele que era Filho de Deus, foi feito Filho do Homem; não por uma confusão da substância, mas pela unidade da pessoa. Assim asseverarmos que de tal maneira está unida a divindade com a humanidade, que cada uma retém integralmente suas propriedades, e, sem dúvida, ambas constituem Cristo."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XIV, parágrafo 1)

"E de fato, a nós, que somos regenerados na nova vida, é dignado o nome de filhos de Deus, mas o nome de verdadeiro e unigênito é conferido apenas a Cristo. Ora, de que modo seria único em meio a tantos irmãos a não ser que possuísse uma natureza que nós recebemos por dom?"
"Concedam então ser necessário que, tal como recebeu da mãe a causa pela qual é chamado Filho de Davi, assim tem do Pai a causa pela qual é Filho de Deus, e com isso é distinto e de uma natureza diferente da humana. A Escritura, em vários pontos, adorna-o com um duplo nome, chamando-o por vezes de Deus, por vezes de Filho do Homem; o segundo nome não poderia ter sido a Ele aplicado se não fosse do costume da língua hebraica ser dito 'filho do homem' o que é da descendência de Adão."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XIV, parágrafo 6)

"Portanto, para que a fé encontre em Cristo a matéria sólida da salvação, e assim n'Ele descanse, deve-se estabelecer o princípio de que conste de três partes o ofício a ele imposto pelo Pai, pois foi dado como Profeta, Rei e Sacerdote."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 1)

"De que então nos adiantaria sermos recolhidos sob o império de um rei celeste se não soubéssemos que seu fruto é estabelecido para além da vida eterna? Por isso, cumpre saber que tudo o que é prometido em Cristo para a nossa felicidade não subsiste em comodidades exteriores, para que levemos uma vida alegre e tranquila, para que tenhamos recursos em abundância, para que estejamos seguros de todo mal e gozemos das delícias que a carne costuma esperar, mas reside naquilo que é próprio da vida celeste. Ora, assim como no mundo o estado próspero e desejável de um povo está contido, em parte, na abundância de todos os bens e na paz doméstica e, em parte, em defesas válidas pelas quais esteja protegido contra a violência exterior, assim também Cristo locupleta os seus com tudo o que é necessário para a salvação eterna das almas, e os provê com a força pela qual permanecem inexpugnáveis contra qualquer ataque dos inimigos espirituais. Donde concluímos que Ele reina mais para nós que para si, interior e exteriormente, para que, repletos dos dons do Espírito, dos quais somos naturalmente vazios, conforme Deus considera convenientes, sintamo-nos verdadeiramente unidos ao Senhor para a perfeita bem-aventurança."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 4)

"De fato e em especial no respeitante à vida celeste, não há em nós uma gota de vigor senão quando a instila o Espírito Santo, que escolhe Cristo como sede, para que d'Ele jorrem com abundância para nós os dons celestes dos quais somos tão carentes."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 5)

"Logo, Cristo sustenta a pessoa do sacerdote, tanto para, pela eterna lei da reconciliação, tornar o Pai favorável e propício a nós como para nos acrescentar à sociedade de tamanha honra [Apocalipse 1:6]. Pois ainda que poluídos quanto a nós, n'Ele somos sacerdotes, oferecemos a nós e a tudo o que é nosso para Deus e ingressamos livremente no santuário celeste, para que sejam agradáveis e de bom olor diante de Deus os sacrifícios que provém com preces e louvores."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 6)