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29 outubro 2023

EB7: "Por isso não desanimamos"

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Por isso, não desanimamos

Uma exortação à paciência/resiliência/perseverança*

7Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.8Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;9perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos;10levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.11Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal.12De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.13Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito:  Eu cri; por isso, é que falei [citando Sl 116:10].

Também nós cremos; por isso, também falamos,14sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco.15Porque todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus.

  O desígnio e efeito das aflições [subtítulo da SBB]

16Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.17Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação,18não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” (2 Coríntios 4:7–18)

*[Paralelo em Rm 5.3-5: tribulação > perseverança > experiência > esperança]

Somos...

Porém não...

Atribulados [afflicted/thlibo]

- prensar (como uvas), espremer, pressionar com firmeza

- caminho comprimido

- estreitado, contraído

- metáf. aborrecer, afligir, angustiar

Angustiados [crushed/stenochoreo]

- estar em um lugar estreito

- encolher, comprimir, apertar, estreitar

- ser dolorosamente restringido em espírito

Perplexos [perplexed/aporeo]

- estar sem recursos, em dificuldades, embaraçado, em dúvida, ser deixado em necessidade, não saber que caminho tomar, achar-se perdido, estar em dúvida, não saber o que decidir ou o que fazer, estar perplexo

Desanimados [despair/exaporeomai]

- estar totalmente perplexo, estar completamente destituído de medidas ou recursos, renunciar toda esperança, estar em desespero

Perseguidos [persecuted/dioko]

- fazer correr ou fugir, afugentar, escapar

- correr prontamente a fim de capturar uma pessoa ou coisa, correr atrás

- perseguir (de um modo hostil)

- incomodar, preocupar, molestar alguém

- ser maltratado, sofrer perseguição por causa de algo

Desamparados [forsaken/egkataleipo]

- abandonar, desertar

- deixar em grandes dificuldades, deixar abandonado

- totalmente abandonado, completamente desamparado

- deixar para trás, desistir de sobreviver, falecer

Abatidos [struck/kataballo]

- lançar para baixo

- lançar em terra, prostar

- colocar em um lugar inferior

- assentar um fundamento

Destruídos [destroyed/apollumi]

- destruir, perder, tornar inútil

- matar

- declarar que alguém deve ser entregue à morte

- metáf. condenar ou entregar à miséria eterna no inferno

- perecer, estar perdido, arruinado, destruído

Perguntas retóricas:

- Caro irmã(o), você tem estado desanimado(a)?

- Caro irmã(o), as provações, desafios e dificuldades desta vida tem tirado a sua alegria e o seu contentamento?

- Caro crente, você tem acreditado que os desafios da sua vida cristã estão “além das suas forças”?

- Caro irmã(o), está se sentindo um “vaso de barro trincado”?

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O que dizem os comentaristas bíblicos?

*{#1} 2Co 4:7: “Em contraste com a beleza e a graça de Jesus, Paulo era realmente terreno – como todos nós somos! Mas isso não deveria ser surpreendente, considerando o pó do qual somos feitos (Sl 103:14 ‘Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos ’; Gn 2:7 ‘Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra). Nossa poeira e mundanidade servem para fazer com que as pessoas fiquem ainda mais impressionadas com o tesouro da beleza de Jesus dentro de nós [dentro do vaso de barro].”

- Sobre Paulo, o Senhor declara a Ananias: At 9:15 ‘Vai, porque este é para mim um instrumento** escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel’. [**skeuos: vaso, utensílio, ferramenta, implemento]

- Paulo ensina a Timóteo que o importante sobre um vaso é que ele esteja limpo, vazio e disponível para o serviço: 2Tm 2:21 ‘Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio** para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra’

- Somos vasos de barro para que Deus possa nos usar; para que possamos depender do poder de Deus, e não do nosso!!!

*{#2} 2Co 4:8-12: “Foi o artesão de piano Theodore Steinway quem disse que são as quarenta mil libras de pressão exercidas nas duzentas e quarenta e cinco cordas de um piano que criam uma bela harmonia. Às vezes, é apenas a pressão, a perseguição que sofremos, que faz com que uma canção ressoe nos corações daqueles com quem partilhamos [o Evangelho]. Paulo sabia disso. É como se ele estivesse falando algo do tipo: Coisas boas estão acontecendo mesmo em nossas tribulações e dificuldades, pois em nossos tempos difíceis, Jesus brilha mais forte”.

- Devemos nos concentrar no tesouro, e não no vaso! Paulo não tinha medo do sofrimento/provação, porque sabia que Deus guardaria o vaso, enquanto Paulo guardasse o tesouro (1Tm 1:11 ‘segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado’; 6:20 ‘E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado). Deus permite provações. Deus controla as provações, e Deus usa as provações, para Sua própria glória. Deus é glorificado através de vasos fracos! O missionário que abriu o interior da China ao Evangelho, J. Hudson Taylor, costumava dizer: “Todos os gigantes de Deus foram homens fracos que fizeram grandes coisas para Deus, porque contavam que Ele estava com eles”.

- Às vezes, Deus permite que vasos sejam quebrados, para que parte do tesouro seja derramado, e enriqueça o nosso próximo. O sofrimento revela não apenas a fraqueza do homem, mas também a glória de Deus! Paulo apresentou uma série de [aparentes] paradoxos: vasos de barro – poder de Deus (v.7); a morte de Jesus – a vida de Jesus (v.11); trabalho de morte – trabalho de vida (opera a morte”, v.12).

- “A semente precisar morrer [no solo], antes de poder germinar”

- A mente do homem natural não consegue compreender este tipo de verdade espiritual e, portanto, não consegue compreender por que os cristãos triunfam sobre o sofrimento, ou porque Cristo triunfou sobre o sofrimento e a morte, na cruz do Calvário!!!

- Não devemos apenas focar no tesouro (e não no vaso), mas também devemos focar no Mestre (e não no servo). Se sofremos, é por causa de Jesus. Se morremos para nós mesmos, é para que a vida de Cristo possa ser revelada em nós! Se passarmos por provações, é para que Cristo seja glorificado! E tudo isso é para o bem dos outros [o próximo]. Ao servirmos a Cristo, a morte atua em nós, mas a vida atua naqueles a quem ministramos (servimos). Assim (morte/vida) também foi com nosso Mestre e Salvador!

*{#3} 2Co 4:13-16: “O apóstolo Paulo cita Sl 116:10... Proferir palavras de fé em tempos de dificuldade é muito importante para a vida do crente. Se tudo o que falarmos for sobre nossa frustração, dor e tristeza, desmaiaremos! Mas, se dissermos o que Ele [Senhor] disse - que Ele está sempre conosco (Mt 28:20), que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8:28), e que maior é Aquele que está em nós do que aquele que está no mundo (1Jo 4:4) - seremos renovados dia após dia... Paulo poderia escolher murmurar, reclamar, duvidar e choramingar. Mas não foi isto o que ele escolheu fazer! É como se ele estivesse dizendo algo do tipo: Sim, estamos passando por tempos difíceis...mas temos o espírito de fé ”.

- Como crentes, devemos viver um dia de cada vez. Nenhuma pessoa, por mais rica ou talentosa que seja, pode viver dois dias de cada vez. Em Sua soberana providência, Deus provê para nós “dia após dia” (Mt 6:11 ‘o pão nosso de cada dia dá-nos hoje’;   6:34 ‘Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal’). Não devemos cometer o erro de tentar “acumular graça” para emergências futuras, porque Deus nos dá a graça que precisamos, no momento em que precisamos dela (Hb 4:16 ‘Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna’). Quando aprendemos a viver um dia de cada vez, confiantes nos cuidados de Deus, isso tira uma grande pressão das nossas vidas. Alguém já disse certa vez:

Yard by yard, life is hard!

Inch by inch, life’s a cinch!

Metro a metro, a vida é difícil!

Centímetro a centímetro, a vida é fácil!

*{#4} 2Co 4:17-18: “Paulo se refere às suas aflições como leves. Leves?! Ele foi apedrejado, espancado, naufragou, foi jogado em mar aberto, foi lançado em masmorras. É como se ele estivesse falando algo do tipo: Não importa! Essas aflições leves estão fazendo um trabalho pesado em nós. Oh, que visão de Paulo! Ver tudo o que suportamos [no tempo presente] como leve, em comparação com o peso da glória de Deus”.

- Quando alguém vive pela fé em Cristo, obtém a perspectiva correta sobre o sofrimento. Observe os contrastes que Paulo apresentou no v.17: leve aflição – peso de glória; momentâneo—eterno; trabalhando contra nós – trabalhando por nós.

- Paulo ensina, tendo em vista os valores da eternidade! Ele estava comparando as provações presentes, com a glória futura, e descobriu que suas provações estavam realmente funcionando a seu favor (Rm 8:18 ‘Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós).

- Não devemos interpretar mal este princípio, e pensar que um cristão pode viver da maneira que lhe agrada (em pecado), e esperar que tudo se transforme em glória no final. Paulo estava escrevendo sobre provações experimentadas na vontade de Deus, enquanto ele fazia a obra de Deus. Deus pode, e de fato transforma o sofrimento em glória, mas não pode transformar o pecado em glória. O pecado deve ser julgado, porque não há glória no pecado.

 

Aplicações finais:

- A Bíblia claramente ensina a realidade do sofrimento humano. É um elemento central na maldição associada à queda (Gn 3:16-19), e o sofrimento não terminará até a eliminação final da dor e do sofrimento, quando Cristo inaugurar plenamente o Seu reino, após a Sua segunda vinda (Ap 21:4). O sofrimento geralmente decorre do mau uso da liberdade humana. Originou-se da escolha de Adão e Eva em desobedecer à ordem de Deus (Rm 5:12-14), e as consequências do seu pecado levaram não apenas ao sofrimento humano, mas também ao sofrimento de toda a criação (Rm 8:18-22). Dada a queda e a contínua pecaminosidade das pessoas, o sofrimento é uma condição comum, e esperada da vida terrena (Jó 5:7;14:1; Ec 2:23; Jo16:33).

- O sofrimento não é puramente inútil ou gratuito. A Bíblia coloca o sofrimento num contexto mais amplo e elevado: o sofrimento pode ser usado para a vontade e os propósitos de um Deus benevolente. A Bíblia afirma que Deus coopera todas as coisas para o bem daqueles que O amam e são chamados segundo o Seu propósito (Rm 8:28). Também identifica benefícios pessoais do sofrimento, como cultivar um caráter virtuoso (Rm 5:1-3; Tg 1:3-5). Embora outros possam infligir sofrimento para seus próprios propósitos malignos, e embora o sofrimento possa sobrevir a nós como pessoas que vivem em um mundo caído, Deus pode, no entanto, trazer o bem a partir do sofrimento (Gn 50:20).

- A Bíblia nos ensina que Deus participa do nosso sofrimento. A encarnação retrata isso com mais clareza; Jesus assume a natureza humana, e participa de todas as contingências (necessidades) da condição humana, até mesmo uma morte brutal na cruz (Hb 5:7-8; 12:2; Fp 2:7-8).

- O próprio Deus sente dor. A Bíblia relata que Ele estava magoado (Sl 78:40), cheio de compaixão (Jz 2:18) e claramente ferido pela rejeição/infidelidade de Israel (Ez 16). Deus pode livremente escolher um curso de ação que implicará no Seu sofrimento – é notável a Sua escolha de amar e redimir persistentemente o Seu povo da aliança!

- A reconciliação final e a redenção do sofrimento aguardam um tempo futuro. Existe um aspecto “& ainda não” na resolução do sofrimento humano. Embora Cristo forneça aos crentes força para transformar o sofrimento aqui e agora, a resolução final do sofrimento humano aguarda o Seu regresso. A resolução do sofrimento, luto e pesar é uma das repetidas promessas da bênção futura de Deus para o Seu povo (Is 35:10; 51:11; 65:19; Ap 7:17; 21:4).

 

- Persevere com paciência e resiliência, assim como o nosso Senhor Jesus Cristo perseverou até a morte – e morte de cruz!

SDG