Persevere relembrando
Relembrar é imprescindível para o cristão perseverante.
A memória, como tantas outras capacidades do ser humano, não é mais a mesma depois da Queda, pois parece que, frequentemente, lembramos do que deveríamos esquecer e esquecemos do que precisaríamos lembrar.
Sabendo disto, o Senhor cuidou para que não faltasse nas Sagradas Escrituras o conceito de “memorial” (por exemplo, ver Êxodo 3:15; 12:14; 13:9; 17:14; 28:12; 28:29; Josué 4:7; Isaías 55:13). Aparece também, inúmeras vezes, o conceito “não se esqueça” (por exemplo, ver Deuteronômio 4:9-10; 4:23; 6:12; 8:11; 9:7; 25:19; Salmos 103:2; Provérbios 3:1; 4:5).
O Senhor também deixa claro que ele se lembra dos seus filhos, como está registrado de maneira bem marcante no livro do profeta Isaías: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.
Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim” (Isaías 49:15-16).
O conceito da lembrança também é vívido no Novo Testamento. No Evangelho segundo João, estão registradas as palavras do Senhor: “Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou. Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João 14:23-26).
Na segunda epístola de Pedro, também está bem claro o comprometimento dele com a lembrança da verdade do Evangelho: “Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados. Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo” (2 Pedro 1:12-15).
O cuidado paternal de Deus com os seus filhos se revela, também, na forma como Ele sabe ser importante relembrar o seu povo a respeito das suas verdades, seja escutando a pregação, ou lendo a sua Palavra, por exemplo.
Portanto, de alguma forma, os pastores e pregadores também são relembradores, pelo menos para os cristãos que já conheceram o Senhor Jesus Cristo, da verdade contida no Seu Evangelho.
Estes relembradores, a partir da autoridade que apenas o Espírito de Deus concede, procuram exortar os cristãos a, não somente, lembrarem da Palavra, mas também para a praticarem, como está escrito na epístola de Tiago: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” (Tiago 1:21-25).
Desta forma, o cristão precisa perseverar relembrando da verdade do Evangelho. Além disso, como as vicissitudes e o abatimento da alma pode alcançar a todos durante a jornada de peregrinação, o cristão também pode relembrar os seus relembradores, fortalecendo-os com palavras de ânimo e esperança. As palavras não precisam ser muito rebuscadas, nem o conteúdo muito sofisticado, mas o coração precisa estar aquecido, para que esse calor transborde e aqueça também o coração de outros irmãos e irmãs em Cristo Jesus.
Nas palavras do salmista (Salmos 119:49-52):
“Lembra-te da promessa que fizeste ao teu servo, na qual me tens feito esperar.
O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica.
Os soberbos zombam continuamente de mim; todavia, não me afasto da tua lei.
Lembro-me dos teus juízos de outrora e me conforto, ó SENHOR.”
Louvado seja o Santo Nome do Senhor, por nos relembrar dos Seus feitos e da esperança da Sua salvação, que está em Jesus Cristo, nosso Redentor. Amém.