H2O viva
A fórmula química H2O é referente à molécula de água, sendo
esta composta por dois átomos de hidrogênio (H) e um átomo de oxigênio (O),
como mostrado na figura.
A água é uma substância essencial para a vida biológica, como a
conhecemos. Ela é um constituinte fundamental dos seres vivos e sua estrutura e
propriedades são extremamente apropriadas para fornecer as condições biológicas
e ambientais ideais para a existência da vida. Nos seres humanos, por exemplo, a
água está presente em cerca de dois terços do nosso organismo.
Como uma molécula aparentemente tão simples, que apresenta uma alta
simetria e que contém apenas três átomos, consegue apresentar propriedades tão perfeitamente
ajustadas para a manutenção da vida ?
O propósito deste texto é relatar alguns fatos curiosos sobre a água, principalmente
suas peculiares propriedades e como elas estão diretamente relacionadas com o
milagre da vida, em todo o seu esplendor.
Existem vários grupos de pesquisa científica ao redor do mundo que se
dedicam ao estudo de estruturas e propriedades da água, em seus diversos estados
físicos, principalmente os mais comuns: sólido, líquido e gasoso.
Os resultados destes estudos, nos mais variados campos de pesquisa, ou
seja, nas áreas de química, física, biologia, fisiologia, etc, tem convergido
para uma mesma conclusão: a água é uma substância com propriedades
perfeitamente ajustadas para a existência da vida biológica, a exemplo das
inúmeras espécies que habitam o planeta.
Muitas propriedades da água são consideradas anômalas, incomuns, não
usuais, quando comparadas com outras substâncias presentes na natureza. Um
exemplo é a molécula de sulfeto de hidrogênio (H2S), talvez a
molécula mais quimicamente parecida com a molécula de água (H2O),
onde o átomo de oxigênio (O) é substituído pelo átomo de enxofre (S). Apesar
desta aparente pequena alteração, a diferença entre as propriedades destas substâncias
é marcante.
Uma destas anomalias que a água apresenta é propriamente o fato de ela
ser líquida a temperatura ambiente na maior parte do nosso planeta, ou seja,
sob temperaturas que variam de 0 (zero) a 100°C. Tomando por base uma
temperatura ambiente típica em nosso país (25°C), enquanto a água (H2O)
é líquida, o sulfeto de hidrogênio (H2S) é encontrado como gás. Isto
ocorre porque o ponto de ebulição da água (100°C), ou seja, a temperatura na
qual ela se transforma do estado líquido para o gasoso é anormalmente alto, e
isto é muito importante para a vida com base aquosa líquida, pois de outra
forma, a vida não conseguiria acontecer nos estados sólido e gasoso. Adicionalmente,
o alto ponto de ebulição da água, causado por seu alto calor de vaporização, também
é importante para evitar a desidratação dos organismos vivos, principalmente os
que vivem em condições muito extremas, sob altas temperaturas. Em contraponto,
este alto calor de vaporização também permite que a sudorese seja um mecanismo
fisiológico importante para a regulação térmica através da perda de calor pela
evaporação do suor.
Também merece destaque o alto calor específico da água, propriedade esta
que evita variações bruscas de temperatura em ambientes aquosos e também ajuda
a manter constante a temperatura de vários organismos vivos. Para efeito de
comparação, o valor do calor específico para o ar atmosférico é cerca de quatro
vezes menor do que o valor para a água. Isto significa, grosso modo, que uma
massa de ar pode sofrer um aumento de temperatura cerca de quatro vezes maior
em comparação com a mesma massa de água submetida ao mesmo aquecimento, ou
seja, submetida à mesma fonte de calor.
Outra propriedade ímpar da água é a sua alta constante dielétrica, uma
propriedade físico-química que é fundamental para manter íons separados em
solução aquosa, permitindo, desta forma, a mobilidade iônica tão importante na fisiologia
dos seres vivos e impedindo um colapso nos organismos biológicos. A mobilidade
dos íons, por exemplo, dentro das nossas células, é de fundamental importância
para o funcionamento normal dos nossos sistemas biológicos, e qualquer
interferência nesta liberdade ou separação que os íons desfrutam por causa da
alta constante dielétrica da água seria desastrosa para os seres vivos.
O gelo, estado sólido da água, flutua na água líquida, como podemos
observar na própria cozinha de nossa casa, por exemplo. Este fenômeno só é
possível por causa de outra propriedade anômala da água, ou seja, o fato do seu
sólido, o gelo, ser menos denso do que o seu líquido, em uma determinada faixa
de temperatura. Como este fenômeno (gelo flutuar na água) é bem corriqueiro,
não nos damos conta, certas vezes, de como ele é incomum em comparação com
outras substâncias na natureza. A importância de o gelo flutuar em água
líquida, por exemplo, está relacionada ao fato dos peixes e outros organismos
aquáticos que vivem em regiões do planeta com temperaturas abaixo de zero,
poderem se locomover na água líquida que fica abaixo da camada de gelo presente
nas superfícies dos rios e lagos congelados. Camada esta que, inclusive,
funciona como uma proteção térmica para estes organismos que vivem na parte
líquida da água.
É difícil acreditar que toda esta sintonia fina que a substância água
apresenta em suas propriedades otimizadas para a manutenção e o desenvolvimento
da vida biológia, seja obra do mero acaso, da chance, da sorte.
Sorte mesmo é ter um Deus Criador do universo e de tudo que está contido
nele, inclusive a molécula de água e todas as peculiaridades e aparentes
anomalias que tornam a substância água uma bênção para a vida biológica, Suas
criaturas.
No evangelho de João (7:38), está registrado que Jesus disse: “Quem crer
em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”.
Água e vida, intimamente unidas, inclusive nas palavras do evangelho...