“Um
corpo me formaste”
uma
mensagem para o Natal
Os sacrifícios antigos eram humanos e transitórios. A expiação feita por Cristo é divina e permanente (Hb 10:1-10):
“1Ora,
visto que a lei tem sombra [prefigura]
dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar
perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem. 2Doutra
sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto,
tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de
pecados? 3Entretanto,
nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, 4porque
é impossível que o sangue de touros e de bodes
remova pecados. 5Por
isso, ao entrar no mundo, diz***:
Sacrifício
e oferta não quiseste; antes, UM CORPO ME FORMASTE;
6não
te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado. 7Então,
eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para
fazer, ó Deus, a tua vontade. 8Depois
de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste, nem holocaustos e
oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste (coisas que se oferecem
segundo a lei), 9então,
acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo. 10Nessa
vontade é que temos sido santificados, mediante
a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.”
[*** Comentário:
Faithlife Study Bible,2016 ***]
O autor aos Hebreus
coloca este Salmo de Davi (Sl 40:6-8) como se estivesse nos lábios de Cristo:
“6Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste
os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres. 7Então, eu disse: eis aqui estou, no
rolo do livro está escrito a meu respeito; 8agrada-me fazer a tua vontade, ó
Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei.”
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[O Comentário de Exposição Bíblica, W.W. Wiersbe]
‘A frase “um corpo me preparaste” (Hb 10:5)
não é encontrada na citação original. O Salmo 40:6 diz:
“Abriste
os meus ouvidos”. O escritor de Hebreus estava citando a Septuaginta, a
tradução grega do AT. Como explicamos essa variação? [...] Provavelmente “ouvidos
abertos” significavam prontidão para ouvir e obedecer à vontade de Deus
(ver Is 50:4–6).
Deus deu ao Seu Filho um corpo preparado
para que o Filho pudesse servir a Deus e cumprir Sua vontade na terra.
Nosso Senhor referiu-se frequentemente a esta verdade (João 4:34; 5:30; 6:38;
17:4). É claro que o mesmo Espírito Santo que inspirou o Salmo 40 tem
o direito de amplificar e interpretar a Sua Palavra em Hebreus 10.
“Ouvidos abertos” indica um corpo pronto
para o serviço.
“Jesus chorou”
[C.H. Spurgeon #2091, sermão da manhã
de 23/06/1889, citando Hb 10:5]
“10. Observe também que seu
corpo puro e sua alma sem pecado foram originalmente constituídos como os
nossos. Quando seu corpo foi formado de acordo com aquele trecho da Escritura,
‘UM
CORPO ME FORMASTE’ (Hb 10:5), aquele corpo santo
continha todo o aparato para a tristeza:
a glândula lacrimal estava em seu olho [assim que nasceu e provavelmente chorou].
Onde não há pecado, se diria que não deveria haver tristeza; mas na formação
daquele corpo abençoado, todos os preparativos [providências] para a expressão da dor foram tão plenamente
preparados, quanto em qualquer um de nós. Seus
olhos foram feitos para serem fontes de lágrimas, assim como os nossos. Ele
também tinha em sua alma toda a capacidade de sofrimento mental. Como disse
anteriormente, e repito mais uma vez, parece que não deveria haver lágrimas
onde não há transgressões; e ainda assim o coração do Salvador foi feito para
conter tristeza, assim como um jarro de ânfora [amphi- ("nos dois lados", "duplo" [duas alças]) + phoreus ("carregador", do verbo pherein, "carregar")] foi
feito para guardar o vinho. Sim,
mais ainda, seu coração foi feito suficientemente espaçoso para ser um
reservatório no qual deveriam ser acumuladas
grandes torrentes de tristeza. Veja como a tristeza irrompe numa poderosa
inundação! Observe o registro daquele dilúvio nestas palavras surpreendentes: ‘Jesus chorou’
(João 11:35).
“As lágrimas do Verbo encarnado”
("O
conhecimento de Deus", J.I.
Packer, cap. 5, "Deus encarnado")
"O primeiro homem,
formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu" (1Co 15.47)
'É aqui, no acontecimento ocorrido no primeiro Natal,
que estão as mais insondáveis profundezas da revelação cristã. “O Verbo se fez carne” (Jo 1:14); Deus se tornou homem; o
Filho divino se tornou um judeu; o Poderoso apareceu na terra como um frágil
bebê humano [que
deve ter chorado ao nascer como um bebê humano], incapaz de fazer
mais do que ficar deitado, olhar, mexer-se e fazer ruídos, tendo a necessidade
de ser alimentado, trocado e ensinado a falar como qualquer outra criança… Aquele que havia feito o homem agora estava
sentindo como era ser um.'
‘O que vemos na manjedoura: “Nosso Deus reduzido a um palmo - incompreensivelmente
tornado homem” (C. Wesley)’
'James Denney (The Death of Christ, 1902, p. 235): “o Novo Testamento não diz nada acerca de uma encarnação
que possa ser definida sem a sua relação com a expiação... Não foi Belém,
mas o Calvário, o foco da revelação, e qualquer construção de Cristianismo
que ignore ou negue isto estará distorcendo o Cristianismo, ao colocá-lo fora
de foco”.
‘O
significado crucial do berço [manjedoura] em Belém está em seu
lugar na sequência dos passos descendentes que levaram o Filho de Deus até a
cruz do Calvário, e nós não o entendemos até vê-lo dentro de seu contexto.’
(J.I.
Packer)