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14 abril 2022

Pensamento em citação 54


"À medida que conquistamos pico após pico, vemos diante de nós regiões cheias de interesse e beleza, mas não vemos o nosso objetivo, não vemos o horizonte; à distância erguem-se picos ainda mais altos, que irão render aos que os ascenderem perspectivas ainda mais amplas, e um sentimento mais profundo, a verdade que é enfatizada por cada avanço na ciência, de que 'Grandes são as obras do Senhor'."
[Conclusão da palestra inaugural de J.J. Thomson, The British Association at Winnipeg. Nature 81, n.2078, p.248-263 (1909)]

"A ideia de que a eletricidade é transmitida por uma minúscula partícula relacionada ao átomo foi apresentada pela primeira vez na década de 1830. Na década de 1890, J. J. Thomson conseguiu estimar sua magnitude realizando experimentos com partículas carregadas em gases. Em 1897 ele mostrou que os raios catódicos (radiação emitida quando uma tensão [voltagem] é aplicada entre duas placas de metal dentro de um tubo de vidro preenchido com gás, em baixa pressão) consistem em partículas - elétrons - que conduzem eletricidade. Thomson também concluiu que os elétrons fazem parte dos átomos." [Nobel Prize]
 
"Mas posso citar uma lista de nomes que expressam um fato definido, que são os seus alunos que foram ganhadores do Prêmio Nobel. A atribuição destes prêmios [Nobel] começou em 1901. Ele próprio [J.J. Thomson] recebeu o prêmio de física em 1906. Os Prêmios Nobel atribuídos aos seus alunos foram: Rutherford (1908), W.L. Bragg (1915), Barkla (1917), Aston (1922), C.T.R. Wilson (1927), O.W. Richardson (1928), G.P. Thomson (1937). Não há mais ninguém que possa mostrar uma lista de oito [8] Prêmios Nobel concedidos a ele [J.J. Thomson] e a seus alunos durante sua vida, e é improvável que haja. Todas essas pessoas realmente receberam a parte importante do seu treinamento sob [a orientação de] "J.J.", e no Laboratório Cavendish. Ele foi um grande inspirador. Não consigo pensar em nenhum outro homem que, em tal medida, tenha feito tanto bem intelectual a tantos outros em sua própria vida."

J. J. Thomson foi nomeado "Professor Cavendish" em 1884, aos 28 anos de idade.
 
The works of the Lord are great; sought out of all them that have pleasure therein’ 
(Psalms 111:2, KJV)

"Sobre a entrada principal do Laboratório Cavendish, sede do Departamento de Física da Universidade de Cambridge, há uma inscrição: 'Grandes são as obras do SENHOR, consideradas por todos os que nelas se comprazem' (Salmos 111:2). Esse uso de uma passagem bíblica na arquitetura é um tanto incomum para um laboratório universitário de física, que foi construído em 1973. A passagem foi colocada ali por sugestão de Andrew Briggs, que era estudante de doutorado na época. Briggs é agora Professor de Nanomateriais na Universidade de Oxford. Ele apreciou a inscrição latina do Salmo 111, versículo 2, esculpida nas portas do primeiro Laboratório Cavendish, quase certamente por instigação do primeiro Professor Cavendish, James Clerk Maxwell. Então, ele sugeriu que fosse colocado, em inglês, na entrada do novo prédio." (Física & Salmos)



18 fevereiro 2020

Pensamento em citação 53

César Lattes
(importante cientista: físico)

A importância do físico Cesar Lattes poderia, por si só, ser percebida através da existência da Plataforma Lattes do CNPq: http://lattes.cnpq.br
Existe o relato de que ele mereceu ganhar 2 vezes o prêmio Nobel em física. A primeira oportunidade veio depois da verificação experimental da existência do méson-pi, na Bolívia, e publicação (parte 1 e parte 2) na Nature, em 1947. A segunda oportunidade veio em 1948, na Universidade da Califórnia, após a detecção do méson artificial, e publicação na Science.

Mais referências sobre César Lattes:
http://revistas.cbpf.br/index.php/CS/article/view/319
https://doi.org/10.1590/S1806-11172005000300025

Em entrevista ao Jornal da Unicamp intitulada "Os físicos e a Bíblia" (fonte: web.archive.org) [download em PDF], em agosto de 2001, ele responde perguntas sobre a origem do Universo, deixando bem clara a sua posição de fé em relação a como crê no relato Bíblico de Gênesis:

"– No princípio, Deus criou os céus e a terra.
– Os céus e a terra, está bem? E depois criou as águas. Continue lendo...
– A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o espírito
de Deus movia-se sobre a superfície das águas.
– Tinha o céu, a terra e as águas. Então, o que Ele disse?
– Deus disse: ‘Faça-se a luz’.
– Ele estava no escuro...
– E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das
trevas. Deus chamou ‘dia’ a luz e às trevas, ‘noite’. Assim surgiu a
tarde e em seguida a manhã. Foi o primeiro dia.
– Está bom? Então você queria saber sobre a origem do Universo? Está
aqui a origem do Universo. Você conhece, já ouviu falar desse livro?

Foi assim que começou o diálogo entre a repórter e o físico Cesar Lattes, professor emérito da Unicamp, na manhã de 19 de julho. O peso do livro do Gênesis foi maior que o dos livros todos reunidos na Bíblia pousada sobre o sofá, lida pela jornalista a pedido do cientista. Dia agradável, ensolarado, na casa simples e acolhedora do distrito de Barão Geraldo, em Campinas, onde se abriga a família de um maiores cientistas do mundo."

"Lattes diz aceitar a Bíblia como origem da matéria."

Ao ser perguntado "O que o senhor acredita ser aceitável para explicar a origem do Universo", ele responde: "Olha, eu acredito neste livro aqui (bate na capa da Bíblia)".

Na sequência, ao ser perguntado "Se a teoria do Big Bang ainda é aceita, não em sua essência, mas em algumas nuances, podemos questionar de onde veio a matéria antes da grande explosão...", ele responde: "Deus criou".


04 dezembro 2019

Pensamento em citação 52

Carlos Chagas Filho
(Importante cientista: médico)

"Estou procurando mostrar que não há incompatibilidade entre a verdade científica e a revelação: são duas coisas que tratam de espaços diferentes. Uma trata da realidade da vida, a outra trata do transcendental. E a Bíblia, que é um livro muito interessante de ser lido (principalmente Isaías), não procura ensinar à gente nada de ciência, e sim uma ordem moral. ... a Bíblia não quer ensinar como é que se fez o céu, mas quer ensinar como é que se vai ao céu. Trata-se de um preceito teológico muito importante, relativo à questão de graça: a pessoa acredita ou não. Agora, como eu respeito as pessoas que não creem, quero também que elas respeitem a sinceridade de minha fé." 
(Carlos Chagas Filho, 1910-2000, em entrevista concedida a Darcy F. de Almeida, e publicada em julho/agosto de 1983. https://www.freewebs.com/kienitz/declara.htm)

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A ciência como profissão: entrevista* com Carlos Chagas Filho”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol.19 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 2012.

Em outra entrevista do dr. Carlos Chagas Filho, *concedida entre fevereiro de 1987 e setembro de 1988 a Nara Britto, Paulo Gadelha, Rose Ingrid Goldschmidt, o dr. Carlos Chagas Filho responde a algumas perguntas sobre "Ciência e Religião":

Seus pais eram católicos?
“Meu pai, eu nunca soube. Ele nunca se pronunciou, mas devia ter uma crença profunda... Minha avó paterna, essa sim, era religiosíssima.”

Os seus companheiros de instituto e da Faculdade de Medicina, eles aceitam a sua religião?
“Alguns talvez não aceitem, mas muitos são religiosos. Eu acho que a gente tem que respeitar as pessoas no que elas sentem, no que elas pensam e até mesmo no que elas fazem. A não ser quando o que elas fazem realmente contrarie uma lei natural.”

O que é a religião para o senhor?
“...Eu acredito tão piamente que há qualquer coisa acima de nós que essa coisa tem para mim uma configuração muito bem formada. Mas isso não significa que eu não seja um grande pecador.”

É comum a comunidade científica ser religiosa?
“Nos EUA, sim. Na França, durante muito tempo era impossível achar um bom cientista católico... Esse é um problema curioso, porque muitos cientistas escondem que são religiosos...”

Em que momento a ciência se encontra com a religião?
“Eu acho que a ciência começa a tropeçar quando chega naquilo que chamamos de causa primeira. Vejam um exemplo: primeiro, a ciência descobriu o átomo. Depois se verificou que o átomo é constituído por partículas elementares. Hoje, despedaçam-se essas partículas elementares em outras partículas elementares e por aí vai... Até que chega um momento em que nos deparamos com alguma coisa que foi a causa primeira. Filosoficamente, o cientista que é sincero e que quer ir até o fim com sua racionalidade percebe que chega uma hora em que não pode avançar mais. Então é muito mais fácil acreditar que houve um princípio. Esse é o momento em que a ciência se entremeia com a filosofia e daí com a teologia...”

Doutor Chagas, já estamos chegando ao final e gostaríamos de saber como o senhor conseguiu conciliar uma atividade internacional tão intensa com sua vida no Instituto de Biofísica. Porque o senhor sempre esteve presente aqui, mesmo com tantas atribuições lá fora.
Bem, há aí dois fatores. O primeiro deles é que eu tive sempre a minha mulher para me ajudar. Ela nunca me exigiu nada. O segundo fator é que o nome de meu pai me ajudou muito.

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Uma boa biografia do dr. Carlos Chagas Filho pode ser encontrada no Canal Ciência, ou no artigo:
Ciência, política e paixão: o arquivo de Carlos Chagas Filho”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol.12 no.1, Rio de Janeiro, Jan./Apr. 2005

Para resumir um pouco, o dr. Carlos Chagas Filho (1910-2000) é filho do dr. Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (1878-1934). O dr. Carlos Chagas (pai), em suas pesquisas desenvolvidas no Instituto Oswaldo Cruz, destacou-se ao descobrir o protozoário Trypanosoma cruzi (cujo nome foi uma homenagem ao seu amigo Oswaldo Cruz) e a tripanossomíase americana, conhecida como doença de Chagas. Ele foi o primeiro e até os dias atuais permanece o único cientista na história da medicina a descrever completamente uma doença infecciosa: o patógeno, o vetor, os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia.