"[...] juntamente com uma valiosa coleção de cartas, selecionadas e preparadas por ele mesmo [George Whitefield] para publicação; nas quais se manifestam aquele espírito e simplicidade inatos, tão eminentemente evidentes em sua vida e conduta. Seus amigos, e até mesmo seus inimigos (caso existam), contemplarão abertamente sua incansável diligência, inabalável firmeza, nobre desinteresse e extraordinária utilidade na obra do ministério, bem como sua notável fidelidade na amizade, exemplar piedade, e fervoroso zelo pela prosperidade da religião [fé cristã] pura e imaculada."
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25 junho 2025
Livro: "Cartas de George Whitefield (1734-1742)"
Trecho introdutório do livro "Cartas de George Whitefield, para o período 1734-1742" (título trad.):
06 abril 2025
Livro: "D.Martyn Lloyd-Jones: Cartas 1919 - 1981"
Trechos do livro "D.Martyn Lloyd-Jones: Cartas 1919 - 1981" (Seleção e Anotações por Iain H. Murray) [Editora PES - Publicações Evangélicas Selecionadas]:
*Trechos de DADOS BIOGRÁFICOS:
1899 - Nasce [David Martyn Lloyd-Jones] em Cardiff, Gales do Sul, em 20 de dezembro.
1916-21 - Estudante de Medicina no Hospital S. Bartolomeu.
1921 - Torna-se Assistente do Médico da Corte, Sir Thomas Horder.
1925-26 - Conflitos sobre o chamado para pregar.
1927 - Casa-se com Bethan Phillips, e se torna Ministro de Sandfields, Aberavon, Porto Talbot.
1938 - Depois de 11 anos de pastorado em Sandfields, torna-se assistente temporário do pr. G. Campbell Morgan, na Capela de Westminster, Londres.
1939 - A Segunda Guerra Mundial começa na véspera do dia em que M. Lloyd-Jones foi formalmente recebido como co-pastor da Capela de Westminster. Lloyd-Jones se torna presidente da Associação Inter-Varsity de Estudantes (Inter-Varsity Fellowship of Students).
1943 - O pr. Campbell Morgan se aposenta, e Lloyd-Jones assume o pastoreio da Capela de Westminster.
1945 - Inauguração da Biblioteca Evangélica de Londres, que tem M. Lloyd-Jones como apoiador.
1947 - M. Lloyd-Jones se torna presidente da Associação Internacional de Estudantes Evangélicos (International Fellowship of Evangelical Students - IFES).
1950 - Dá início à série sobre o Sermão do Monte.
1953 - Lloyd-Jones é atacado no Semanário Britânico (Br'itish Weekly) pela publicação do seu discurso à Associação Inter-Varsity: "Mantendo a Fé Evangélica Hoje".
1959 - "Estudos no Sermão do Monte" ("Studies in the Sermon on the Mount"), primeiro grande volume de sermões expositivos.
1968 - Após 3 décadas de ministério na Capela de Westminster, M. Lloyd-Jones se aposenta, com sua tricentésima septuagésima segunda (#372) exposição no livro de Romanos.
1969 - Última visita aos Estados Unidos [da América], com palestras sobre "Pregação", posteriormente publicadas em "Pregação e Pregadores" ("Preachers and Preaching").
1970 - Publicação do primeiro volume da sua série sobre "Romanos" ("Romans").
1971 - Última visita ao Continente, com discurso em favor da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (IFES): "Que é um Evangélico?".
1980 - M. Lloyd-Jones prega pela última vez, em junho.
1981 - Falece em Ealing, em primeiro de março.
*Trechos da INTRODUÇÃO [Iain H. Murray, Edimburgo, setembro de 1994]:
'Hoje o Dr. Lloyd-Jones é bem conhecido no mundo por seus livros e, todavia, o último papel em que ele jamais pensou para si foi o de escritor. Quando um artigo sobre a sua vida foi publicado em 1939, ele considerou esse fato com muito humor. Ele verdadeiramente pensava a seu respeito como "um mero pregador". Nunca usou uma máquina de escrever e escrevia muito pouco. Nenhum de seus trabalhos publicados veio à luz com esse fim em vista. Eles foram publicados como sermões ou palestras, e nunca teriam sido impressos, não fossem as transcrições taquigráficas e as gravações que sobreviveram, tornando isso possível. A comparação da data em que a mesma matéria [sermão/palestra] era proferida pela primeira vez, com a data da sua primeira impressão, quase sempre dez ou vinte anos mais tarde, torna isso muito claro. Pelo menos uma razão pela qual ele nunca atendia ao pedido de uma autobiografia era que sentar-se para escrever estava fora dos seus hábitos a vida toda. Sabe-se que a sua dedicação era ao púlpito, acrescentando-se, porém, que ele sempre teve grande entusiasmo pelo recurso da palavra falada, seja na conversação pessoal ou pelo telefone. Ambos desempenharam importante papel em sua vida. Em contraparte, a caneta era seu último recurso.
[...] O fato é que havia muitos fatores que constantemente anulavam a sua relutância em pegar a caneta. O primeiro era a sua intensa afeição por sua esposa e por sua família. Se ele ficava longe de Bethan por mais de um dia ou dois, ele sempre escrevia, e geralmente com alguma extensão. Ela era, em todos os sentidos, uma companheira em tudo o que ele fazia. Não obstante ser uma médica, ela alegremente dedicou sua vida a ajudá-lo na pregação e a cuidar do lar. A mãe dele também recebeu muitas cartas suas. Ele sempre mantinha contato com ela quando ela estava fora do seu lar em Londres, geralmente em sua amada Cardiganshire. Nessas ocasiões ele, em geral, escrevia a ela semanalmente. Desde os seus primeiros anos de vida, as suas filhas Elizabeth e Ann recebiam bilhetes dele quando ele estava fora, e quando elas se tornaram estudantes em Oxford, elas recebiam cartas praticamente cada semana. Isso continuou para Elizabeth, quando ela se casou em 1954, e se mudou para o norte da Inglaterra. Quarenta anos mais tarde, ela recorda como ficava esperando pela terça-feira, o dia em que sua carta chegava. Tenho muita esperança em que essas cartas, incluídas neste livro, revelem quanto todas essas relações familiares significavam para ele. Qualquer negligência de ministros e missionários, para com as suas famílias, ele considerava como uma falta contra o cristianismo bíblico.'
Um coração de pastor era outro fator que constantemente tornava a correspondência uma necessidade para ele. Como as páginas seguintes mostram, simpatia e interesse pelas pessoas, fossem quem fossem, transparecem em muitas de suas cartas. Ele estava sempre dando orientação e conselho, e creio que ele nunca deixou de atender a nenhum pedido dessa espécie. E, de nenhum modo, o seu aconselhamento era estereotipado. Quando ele [Lloyd-Jones] conhecia o indivíduo preocupado, a opinião que dava era sempre sabiamente relacionada com o seu agudo conhecimento da personalidade da pessoa. Ele sempre elogiava tão generosamente os pontos em que ele percebia força [no destinatário com quem estava se correspondendo] que constantemente dava às pessoas a certeza de que os seus problemas e dificuldades seriam superados.
[...] Ao longo desta coleção, [estão incluídos] extratos das quase setenta cartas que subsistiram daquelas que o Dr. Lloyd-Jones escreveu a [rev.] Philip Hughes. Conquanto não haja nenhuma coleção paralela da sua pena a ninguém mais, estas e outras que constam no presente volume [livro] são típicas das muitas que foram motivadas pelo zelo em ajudar colegas e animar os jovens. Em toda a Grã-Bretanha, e fora dela, havia homens no ministério cuja obra e constância se devia mais do que eles poderiam dizer à amizade que ele [Lloyd-Jones] lhes proporcionava. A maior parte do seu ministério, neste aspecto, era feito por meio de entrevistas pessoais e telefonemas, mas um bom número das cartas aqui impressas dá-nos uma permanente indicação da razão pela qual o seu aconselhamento significava tanto para muitos.
Na maioria, as cartas ora publicadas foram escritas à mão. Só em 1946 ele começou a fazer uso dos serviços de um secretário de tempo parcial. Aos poucos, daquela data em diante, ele passou a ditar as cartas; nunca as cartas para a família, e só de vez em quando para os amigos chegados. Não se pode deixar de admitir que, em termos de legibilidade, há um mundo de diferença entre as cartas que ele redigia e as que ele ditava! Não obstante, o seu punho era muito apreciado por seus correspondentes, entre outras coisas por causa do alto senso de realização pessoal por parte dos que dominavam, ou julgavam dominar, os seus manuscritos! Conta-se que a esposa de um ministro de Gales primeiramente tomou uma nota quase indecifrável, que lhe chegou pelo correio, como sendo um recado da lavanderia chinesa. Um exame mais cuidadoso revelou que vinha do Dr. Lloyd-Jones informando a hora em que ele ia chegar para cultos que seriam realizados celebrando um aniversário...
[...] Devo esclarecer que esta é apenas uma seleção representativa da correspondência ainda existente. Deliberadamente não utilizei todas as suas cartas já publicadas em sua biografia, todavia este volume [livro] ficaria muito empobrecido se algumas das mais importantes não fossem incluídas aqui. Ao fazer a seleção, procurei mostrar a amplitude dos seus interesses. Há, por exemplo, considerável contraste entre o conteúdo das cartas à sua mãe [que amava sua terra natal], com sua prosa sobre pessoas, lavouras, fazendas e cavalos, e as cartas enviadas a correspondentes que desejavam saber coisas como a sua opinião sobre [Karl] Barth ou [Reinhold] Niebuhr! Sempre se renova a impressão que me causa o quanto do seu caráter como cristão transparece de tantas maneiras incidentais nessas cartas. Em parte, é por essa razão que essas cartas são inalteráveis. Embora se pudesse tirar algumas sentenças sem nenhum prejuízo, preferi deixar isso ao juízo do leitor. As cartas, diversamente das biografias, prestam-se para a inclusão de coisas comuns, mas, em alguns aspectos, isso é vantagem para nós [leitores], pois, como diz Pascal: "Não se julga a virtude de um homem pelas grandes ocasiões, e sim, por sua vida comum".
Nos sermões e palestras do Dr. Lloyd-Jones, já publicados, vê-se uma prontidão à firmeza e, se necessário, a ficar sozinho pela verdade, à semelhança de [Martinho] Lutero. No entanto, aqui se vêem, de mil modos, indicações da atração exercida pela sua humanidade na vida diária, e especialmente da sua bondade e consideração para com os outros. Esta última característica chega a explicar porque tantas vezes ele conservou a amizade e a estima até daqueles dos quais divergia. O leitor verá, por exemplo, nestas páginas, uma carta em que fez críticas ao [...] professor Donald MacKay. Foi o próprio professor MacKay que nos forneceu essa carta, anexando-lhe o seu testemunho de quanto significava para ele o ministério de Martyn Lloyd-Jones.
[...] Há também nessas cartas a presença adicional de informações de considerável significado histórico. Nada teve maior impacto sobre mim [Iain H. Murray], quanto à diferença entre os dias do escritor [Martyn Lloyd-Jones] e os nosso dias, do que as referências aos cultos de meio de semana que ele dirigia em muitas partes da Grã-Bretanha. Tais cultos de meio de semana, frequentados por centenas, e às vezes, milhares de pessoas, desapareceram. Razões sociais podem explicar parcialmente a mudança, porém, fundamentalmente, a diferença está relacionada com um declínio do interesse pela pregação da Palavra de Deus. Foi-se uma era. Mas essas cartas nos fazem lembrar que quando Deus levanta um homem cujo coração está cheio de amor e cujos lábios foram tocados pelo fogo celestial, sempre haverá prontidão para ouvir...'
*Trecho da conclusão [Iain H. Murray], depois da última carta:
'Estas cartas de 11 de fevereiro [1981], acima, foram provavelmente as últimas que ele [D.M. Lloyd-Jones] ditou. Sua mente continuava perfeitamente lúcida, e ele nunca ficou confinado ao leito, mas já em 24 de fevereiro ele estava tão fraco que mal podia falar. Poucos dias depois, ficou sem fala. Com mão trêmula, ele escreveu num pedaço de papel para Bethan [esposa] e família: "Não orem pedindo cura. Não me retenham da glória". Por meio de sorrisos e gestos, ele pôde continuar a expressar-se, até que na manhã de domingo, dia primeiro de março de 1981, o dia raiou e todas as sombras se foram.
"Este é o meu conforto e consolação final neste mundo. A minha única esperança de chegar à glória está no fato de que a totalidade da minha salvação é obra de Deus." [Lloyd-Jones, "Santificados pela Verdade" ("Sanctified Through the Truth")]
"É graça no princípio, graça no fim. De modo que, quando eu e você estivermos em nossos leitos de morte, a única coisa que há de confortar-nos, ajudar-nos e fortalecer-nos é a que nos ajudou no princípio. Não o que fomos, não o que fizemos, mas a graça de Deus em Jesus Cristo, nosso Senhor. A vida cristã começa com a graça, deve continuar com a graça, e termina com a graça. Graça, maravilhosa graça. <Pela graça de Deus sou o que sou> <Todavia não eu, mas a graça de Deus, que estava comigo>." [Lloyd-Jones, "Depressão Espiritual, Suas Causas e Sua Cura" ("Spiritual Depression: its Causes and Cure")]'
Glória somente a Deus, por tudo, sempre!
18 dezembro 2024
Cartas de Samuel Rutherford
Trechos preciosos da biografia de Samuel Rutherford, traduzidos à partir da parte inicial ("sketch") do livro "Letters of Samuel Rutherford" (várias edições):
'Não temos provas de que ele tenha passado por conversão [à fé cristã] em um período anterior, mas sim o oposto [conversão tardia após os 25 anos de idade]. Ele [Samuel Rutherford (1600-1661)] escreve: "Como um tolo como eu era, deixei meu sol estar alto no céu, e perto da tarde, antes mesmo de eu passar pelo portão no final". E novamente, "Eu teria permanecido seguro, se na minha juventude eu tivesse considerado a Cristo como a minha base". As nuvens retornaram após a chuva; provações familiares e outras relações semelhantes da Providência, combinadas para formar seu caráter como um homem de Deus e como um pastor.'
'A igreja em Anwoth não tinha uma grande vila por perto. As pessoas [ovelhas] estavam espalhadas por um distrito montanhoso, e eram um rebanho tipicamente rural. Contudo, seu pastor [Samuel Rutherford] sabia que o Pastor Chefe [Senhor Jesus Cristo] as considerava dignas de cuidado; ele [Samuel Rutherford] não era alguém que pensava que seu aprendizado e talentos seriam mal gastos se fossem empregados na busca por salvar almas obscuras e desconhecidas. Veja-o saindo para visitar [o rebanho]! Ele havia acabado de deixar de lado a leitura de um de seus livros eruditos, para estar entre seu rebanho. Veja-o passando por aquele campo, e subindo aquela colina a caminho de alguma cabana, seus "olhos atentos" ocasionalmente olhando para os objetos ao redor, mas seu "rosto para cima", na maior parte do tempo, como se estivesse olhando para o céu. Ele teve tempo para visitar, pois se levantava às três da manhã e, naquela hora, encontra seu Deus em oração e meditação, e teve espaço para estudar também. Ele tirava dias ocasionais para catequese [ensino de catecismo]. Ele nunca deixava de ser encontrado nos leitos de enfermos entre o seu povo. Os homens diziam dele: "Ele está sempre orando, sempre pregando, sempre visitando os doentes, sempre catequizando, sempre escrevendo e estudando". Ele era conhecido por adormecer à noite falando de Cristo, e até mesmo falar Dele durante o sono. De fato, ele mesmo falava de seus sonhos sendo os de Cristo.'
'Sua pregação não podia deixar de prender a atenção. Embora sua elocução não fosse boa, e sua voz fosse um tanto estridente, ele [Samuel Rutherford] era, no entanto, "um dos pregadores mais comoventes e afetuosos de seu tempo, ou talvez de qualquer época da igreja". "No púlpito (diz um de seus amigos), ele tinha uma elocução [fala] incomum — um tipo de grito, que eu nunca ouvi igual. Muitas vezes, pensei que ele [Samuel Rutherford] teria levantado voo, do púlpito, quando falava de Jesus Cristo".'
'Anwoth [igreja] era querida para ele [Samuel Rutherford], mais como a esfera [campo, missão, chamado] designada a ele por seu Mestre, do que por causa dos frutos dos seus labores. Dois anos depois de se estabelecer lá, ele escreveu: "Vejo frutos extremamente pequenos do meu ministério. Eu ficaria feliz por uma alma, para ser uma coroa de alegria e regozijo no Dia de Cristo". Seu povo era "como ferro quente, que esfria quando sai do fogo". Em um sermão sobre Cantares 2:8, ele se queixa de ser espiritualmente inverno [Cantares 2:11] em Anwoth. "O próprio reparo da casa de Deus, em nossa própria igreja, é uma prova. Não é preciso ir muito longe. A madeira da casa de Deus apodrece, e não podemos mover uma igreja inteira a investir vinte ou trinta libras escocesas na casa de Deus, para mantê-la seca". Ainda assim, ele trabalhou com esperança, e trabalhou muitas vezes quase além de suas forças. Uma vez, ele disse: "Tenho um coração aflito diariamente em meu chamado". Em outro momento, ele fala de seu peito dolorido na noite de um dia do Senhor [domingo], quando seu trabalho estava concluído.'
'Ele [Samuel Rutherford] tinha um coração [amor] pelos jovens de todas as classes [idades], dizendo, a respeito de dois filhos de um de seus amigos, "Eu oro por elas pelo nome", e poderia, assim, gastar tempo para anotar, "Sua filha deseja uma Bíblia e um vestido. Espero que ela use bem a Bíblia, o que, se fizer, o vestido também lhe será concedido". Ele lamentou sobre os poucos que clamavam "Hosana" em sua juventude. "Cristo é um 'Cristo desconhecido' para os jovens; e, portanto, eles não O buscam, porque não O conhecem".'
'Ele [Samuel Rutherford] lidou com crentes [ovelhas] individuais tão de perto, e tão pessoalmente, a ponto de ser capaz de apelar a eles sobre sua fidelidade neste assunto [fé cristã]. Ele se dirigiu a um deles, Jean M'Millan: "Fiz o que pude para colocá-lo nas garras de Cristo; ensinei-lhe o testamento e a última vontade de Cristo claramente". Ele [Samuel Rutherford] os carregava tanto em seu coração (como o sacerdote fazia com as doze tribos em seu peitoral [Êxodo 39:8-14]), que pôde declarar a Gordon de Cardoness: "Os pensamentos de sua alma não se afastam de mim em meu sono" [...] "Minha alma foi levada enquanto outros dormiam, como ter Cristo prometido a uma noiva naquela parte da terra", a saber, Anwoth [igreja local]. Ele [Samuel Rutherford] orou tanto sobre eles, e por eles, que não temia dizer: "Lá eu lutei com o anjo e prevaleci [Gn 32:22-32]. Bosques, árvores, prados e colinas são minhas testemunhas de que fiz uma 'disputa justa' entre Cristo e Anwoth [igreja local]".'
'É relatado que, ao chegar pela primeira vez à igreja, havia um pedaço de terra na fazenda Mossrobin, na encosta de uma colina, onde nas tardes de domingo as pessoas costumavam jogar futebol. Em uma ocasião, ele [Samuel Rutherford] foi até aquele local, e apontou o pecado daquelas pessoas, chamando solenemente os objetos ao redor para serem testemunhas contra elas, especialmente três grandes pedras [rochas] próximas, na encosta da colina, duas das quais ainda permanecem lá, e são chamadas de "Testemunhas de Rutherford".'
'Suas cartas [Samuel Rutherford] seriam suficientes para demonstrar que sua amizade e conselho eram procurados pelas pessoas piedosas de todos os lugares.'
'Há uma tradição de que o Arcebispo [James] Usher, passando por Galloway, se afastou em um sábado para aproveitar a agradável companhia de Rutherford. Ele veio, no entanto, disfarçado, e sendo recebido como um convidado, tomou seu lugar com o resto de uma família, quando eles foram catequizados, como era de costume, naquela noite. Ao estranho [Arcebispo Usher] foi feita a pergunta: "Quantos mandamentos existem?". Sua resposta foi "Onze". O pastor [Samuel Rutherford] o corrigiu, mas o estranho manteve sua posição, citando as palavras de nosso Senhor: "Um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros". Eles se retiraram para descansar, todos interessados no estranho. A manhã de domingo raiou. Rutherford levantou-se, e se dirigiu - como era seu costume - para meditação em uma caminhada que beirava uma floresta, mas se assustou ao ouvir a voz da oração — oração também do coração, e em nome das almas das pessoas que se reuniriam naquela ocasião. Não era outro senão o santo Arcebispo Usher; e logo chegaram a uma explicação, pois Rutherford começou a suspeitar que havia "entretido anjos sem saber". Com grande amor mútuo, eles conversaram, e a pedido de Rutherford, o Arcebispo subiu ao púlpito, conduziu o culto habitual do pastor presbiteriano, e pregou sobre "o Novo Mandamento".'
'Em 1634, ele [Samuel Rutherford] compareceu ao notável leito de morte de Lord Kenmure [esposo de uma das principais destinatárias das cartas de Rutherford], uma narrativa que ele publicou quinze anos depois, em "The Last and Heavenly Speeches and Glorious Departure of John Viscount Kenmure" ["Os Últimos e Celestiais Discursos e a Gloriosa Partida do Visconde John Kenmure"].'
'Enquanto isso, ele [Samuel Rutherford] perseverou no estudo, bem como nos trabalhos, e sem sucesso. Ele experimentou uma guinada metafísica [percepção espiritual], bem como uma grande prontidão em usar o aprendizado acumulado anteriormente. Pode ser instrutivo indagar por que é que onde quer que a piedade seja saudável e progressiva, quase invariavelmente encontramo-la acompanhada de aprendizado na Igreja de Cristo; enquanto, por outro lado, a negligência do estudo é acompanhada mais cedo ou mais tarde pela decadência da piedade vital. Não que todos sejam instruídos em tais tempos, mas sempre há um elemento deste tipo, no círculo daqueles a quem o Senhor está usando. A disposição [boa vontade] envolvida no conhecimento de Deus na alma leva ao estudo de tudo o que provavelmente será útil na defesa ou propagação da verdade; enquanto, por outro lado, quando a decadência está em ação, e a falta de vida prevalece, a preguiça e a facilidade se infiltram, e o aprendizado teológico é desprezado como desinteressante e seco. Com Samuel Rutherford e seus contemporâneos, encontramos o aprendizado lado a lado com a piedade vital e singularmente profunda.'
'Ao deixar Anwoth, ele [Samuel Rutherford] dirigiu seus passos por Irvine, passando uma noite lá com seu amado amigo David Dickson. Que noite deve ter sido! Ouvir esses dois conversando solenemente! Um talvez não conseguisse tocar harpa tão bem quanto o outro; pois David Dickson conseguia expressar os anseios cansados de sua alma e suas esperanças consoladoras em tais melodias como aquela [música/hino] que tornou seu nome conhecido na Escócia, "O mother dear Jerusalem" [***"Ó mãe querida Jerusalém"***]; mas Rutherford, no entanto, tinha tanta poesia e entusiasmo sublime em sua alma, que qualquer poeta poderia simpatizar com ele ao máximo. Muitas de suas cartas "do palácio de Cristo em Aberdeen" são realmente demonstrações de verdadeira poesia. O que mais é uma efusão como esta, quando, erguendo-se nas asas de águias, ele [Samuel Rutherford] exclama: "Uma terra que tem mais de quatro verões ao ano! Que vida cantante existe lá! Não há um pássaro mudo em todo aquele grande campo, mas todos cantam e respiram céu, alegria, glória, domínio, para o Excelso Príncipe daquela terra recém-descoberta. E, na verdade, a terra é mais doce que Ele seja a glória daquela terra" [...] "Ó quão doce é ser totalmente de Cristo e estar totalmente em Cristo; habitar na terra elevada e abençoada de Emanuel, e viver naquele ar mais doce, onde nenhum vento sopra, exceto as respirações do Espírito Santo, nenhum mar nem inundações fluem, exceto a água pura da vida que flui de debaixo do trono e do Cordeiro, nenhuma plantação há, exceto a árvore da vida que produz doze tipos de frutos a cada mês! O que fazemos aqui, senão pecar e sofrer? Ó, quando a noite partirá, as sombras fugirão e a manhã do longo, longo dia, sem nuvem ou noite, amanhecerá? O Espírito e a noiva diz: 'Vem!' Ó, quando a esposa do Cordeiro estará pronta, e o Noivo dirá 'Vem'?". Quem comparar tais suspiros com o hino de David Dickson verá quão agradáveis eram seus sentimentos e suas esperanças, e até mesmo seu modo de expressar o que sentiam e esperavam, embora um usasse prosa e o outro tentasse versos mais memoráveis.'
*** Mais informações sobre o hino de David Dickson, "O mother dear Jerusalem" ***:
'O clero e os eruditos aproveitaram a oportunidade da chegada [em Aberdeen, 1636] de Rutherford para começar uma série de ataques às doutrinas especiais da graça, que ele sustentava. Mas, na disputa, ele [Samuel Rutherford] os frustrou; e quando muitos começaram a se sentir atraídos por ele, em consequência de suas conversas sérias e exortações privadas, houve uma proposta para removê-lo da cidade. "Tão frio", ele escreve, "é o amor do norte!" [...] "Mas Cristo e eu o suportaremos", ele acrescentou, sentindo profundamente sua união com Aquele que disse a Paulo: "Por que me persegues?" Muitas vezes, nas ruas, ele [Samuel Rutherford] era apontado como "o ministro [da Palavra] banido", e ao ouvir isso, ele observava: "Não tenho vergonha da minha guirlanda". Ele tinha visitantes de Orkney e de Caithness, para grande aborrecimento de seus perseguidores.'
'Era um ditado dele mesmo [Samuel Rutherford]: "Ouro pode ser ouro, e levar o selo [estampa real comum em moedas] do Rei sobre ele, quando é pisoteado [como numa prensa de moedas] pelos homens". E isso era verdade para ele. Contudo, ele saiu de sua provação não apenas ileso, porém, como suas muitas cartas de Aberdeen demonstraram, também muito edificado em todas as graças.'
'[...] quando pregando, em 1644, diante da Câmara dos Comuns em Londres, ele [Samuel Rutherford] exclama: "Ó, pelo descanso da eternidade, para contemplá-Lo, para banquetear-se com a visão de Sua face! Ó, pelo longo 'dia de verão' de eras sem fim, para ficar ao lado Dele e apreciá-Lo! Ó tempo, ó pecado, seja removido do caminho! Ó dia! Ó, o mais belo dos dias, amanheça!"'
'No ano de 1640, ele [Samuel Rutherford] se casou [depois de ficar viúvo da primeira esposa] com sua segunda esposa, Jean M'Math, "uma mulher", alguém disse, "de tal valor, que nunca conheci nenhum homem que o excedesse, nem nenhuma mulher que a excedesse. Aquele que ouvisse qualquer um deles orar ou falar, poderia ter aprendido a lamentar sua própria ignorância. Oh, quantas vezes fui convencido, ao observá-los, do mal da falta de seriedade para com Deus, e da falta de sabor no discurso".'
'Em julho de 1643, a Assembleia de Westminster iniciou suas sessões, e ele [Samuel Rutherford] foi enviado como um dos Comissários da Igreja da Escócia. Um esboço de um "Catecismo Mais Curto" ["Breve Catecismo"] existe em MS [manuscrito], na biblioteca da Universidade de Edimburgo, com a caligrafia de Rutherford, sendo muito parecido com o [Breve] Catecismo atual; de onde se infere que ele [Samuel Rutherford] teve um papel principal em elaborá-lo para a Assembleia [de Westminster]. Ele continuou, por quatro anos, participando das sessões deste famoso sínodo [Assembleia de Westminster], e foi de grande utilidade em suas deliberações. Ele [Samuel Rutherford] teve um papel tão proeminente [na Assembleia], que o grande [John] Milton o destacou para o ataque em suas linhas, "Sobre os novos promotores de consciência, sob o Longo Parlamento". Milton o conhecia apenas como um oponente de seus princípios sectários e independentes, e assim poderia desprezar medidas propostas por "Mere A.S. e Rutherford". Contudo, se ele [John Milton] tivesse conhecido a alma do homem [Samuel Rutherford], não teria Milton encontrado uma sublimidade de pensamento e sentimento em seu adversário, que poderia até se aproximar de sua própria poesia elevada? Quão interessante, sob qualquer ponto de vista, encontrar o devoto pastor [Samuel Rutherford] de Anwoth, nas ruas de Londres, cruzando o caminho do maior poeta [John Milton] da Inglaterra.'
'Em seguida, ele [Samuel Rutherford] foi deposto de todos os seus cargos [ofícios]; e, por último, foi intimado a responder no próximo Parlamento a uma acusação de alta traição. Contudo, a convocação [intimação] veio tarde demais. Ele já estava em seu leito de morte e, ao ouvir sobre isso, calmamente comentou que havia recebido outra intimação perante um Juiz superior, e enviou a mensagem: "Devo responder à minha primeira intimação; e, antes que o seu dia [a próxima reunião do Parlamento] chegue, estarei onde poucos reis e grandes pessoas tem acesso [a glória!]".'
'No último dia de sua vida [29 de março de 1661], à tarde, ele [Samuel Rutherford] disse: "Esta noite fecharei a porta, e fixarei minha âncora dentro do véu, e irei dormir às cinco horas da manhã". E assim foi. Ele entrou na "terra de Emanuel" naquela mesma hora, e agora está (como ele mesmo teria dito) "dormindo no seio do Todo-Poderoso", até que o Senhor venha.'
'Dois de seus biógrafos registram que suas últimas palavras foram: "Glória, glória habita na terra de Emanuel!", como se ele [Samuel Rutherford] estivesse vislumbrado o topo de suas montanhas.'
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