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11 dezembro 2013

Aprendizado piesoso 81

"Por que estamos tão pouco reconciliados com o tempo é que ainda estamos surpresos com isso. 'Como ele cresceu!', exclamamos 'Como o tempo voa!', como se a forma universal de nossa experiência fosse novamente e novamente uma novidade. É estranho, como se um peixe ficasse repetidamente surpreendido com a umidade da água. E isso seria realmente estranho, a não ser, é claro, que o peixe estivesse destinado a tornar-se, um dia, um animal terrestre."
(C.S. Lewis, "Reflections on the Psalms")

03 dezembro 2013

Aprendizado piedoso 80

"Um dom inefável
O Infinito tornou-se finito. O Criador se tornou uma criatura. Ele (que fez todas as coisas a partir do nada) nasceu de uma mulher. Ele (a quem os céus não podem conter) estava contido no pequeno útero de uma mulher. O pão da vida estava com fome. A água da vida estava com sede. O maior descanso estava cansado. A maior alegria estava triste. A maior fúria e o maior favor se encontraram na cruz. O maior ódio e o maior amor se manifestaram na cruz. Infinita justiça foi satisfeita e infinita misericórdia foi garantida na cruz. Estamos enriquecidos por Sua pobreza, preenchidos por Seu vazio, exaltados por Sua desgraça, curados por Suas feridas, confortados por Sua dor, e justificados por Sua condenação.
'Graças a Deus pelo seu dom inefável!' (2 Coríntios 9:15)."
(Stephen Yuille, traduzido do original encontrado neste link.)

02 dezembro 2013

Aprendizado piedoso 79

"Não se preocupe com a tempestade quando você está navegando no navio de Cristo: nenhum passageiro nunca vai cair ao mar. Mesmo o passageiro com mais náusea, é certo que aportará em terra com segurança."
(Samuel Rutherford)

Buscador encontrado

Busquei incessantemente a verdade, desde quando tenho a consciência de buscador...
Busquei, acreditando encontrá-la apenas na explicação natural, de acordo com a lógica científica...
Busquei, certo de que as equações e os modelos da realidade física seriam suficientes para explicar...
Busquei, acreditando somente no poder da busca e no potencial das ferramentas humanas...
Busquei, maravilhando-me com as descobertas parciais sobre a extraordinária ordem da natureza...
Busquei, crente de que a minha curiosidade seria sanada e preenchida apenas desta forma...
Busquei com toda a veemência, com todo o rigor científico, com toda a capacidade da minha volição...
Busquei tanto, tanto, tanto... Até que fui encontrado... O “buscador encontrado”...
Só me deparei com a verdade última sobre a realidade, a partir do momento em que Ele me encontrou...
Desta forma, desde então, procuro conhecer cada vez mais profundamente a Sua verdade absoluta...
Dando graças a Ele por ter encontrado este cansado buscador, que estava perdido em suas buscas solitárias...
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á” (Mateus 7:7-8).


Link para o texto em PDF aqui.

24 novembro 2013

Reino invisível

É difícil crer no Reino de Deus, porque ele é invisível a olho nu?
Então também é difícil crer nos átomos, pois também são invisíveis a olho nu...
É difícil crer no Reino de Deus, porque ele é inodoro?
Então também é difícil crer na água, pois também é inodora...
É difícil crer no Reino de Deus, porque ele é imperceptível ao tato?
Então também é difícil crer no ar que respiramos, pois ele também é normalmente imperceptível ao tato...
É difícil crer no Reino de Deus, porque o ser humano tipicamente só experimenta os seus efeitos revelados no mundo visível?
Então também é difícil crer no sol, pois apesar dele não estar ao alcance humano, seus efeitos (calor e luz) são perceptíveis e visíveis...
Contudo, alguém consegue viver, ou sequer existir, sem os átomos, a água, o ar e o sol?

O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos de Colossos: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Colossenses 1:15-19).
O autor da carta aos Hebreus, escrevendo sobre Moisés: “Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível” (Hebreus 11:27).


23 novembro 2013

Deposito em Ti

A minha humanidade... Eu a deposito na Tua criação.
A minha dúvida... Eu a deposito na Tua certeza.
A minha angústia... Eu a deposito no Teu bálsamo.
A minha necessidade... Eu a deposito na Tua provisão.
A minha sede... Eu a deposito na Tua água viva.
A minha fome... Eu a deposito no Teu maná celestial.
A minha soberba... Eu a deposito na Tua humildade.
A minha pequenez... Eu a deposito na Tua grandiosidade.
A minha ignorância... Eu a deposito na Tua onisciência.
A minha fraqueza... Eu a deposito na Tua onipotência.
A minha ânsia por Ti... Eu a deposito na Tua onipresença.
A minha esperança... Eu a deposito no Teu amor.
A minha redenção... Eu a deposito na Tua misericórdia.
A minha segurança... Eu a deposito na Tua soberania.
A minha eternidade... Eu a deposito nas Tuas mãos.
Eu deposito em Ti a minha confiança, Senhor!
Louvado seja o Teu Nome!
Amém.

Link para o texto em PDF aqui.

20 novembro 2013

Institutas 19

"E é digna de ser lembrada a admoestação de Bernardo de que o nome de Jesus não seja apenas luz, mas alimento, que seja também o óleo, sem o qual é seco todo o alimento da alma, que seja o sal, sem o qual fica sem tempero tudo o que é proposto, e, por fim, mel para a boca, música para os ouvidos, júbilo para o coração, e ainda remédio e tudo o que se disputa seja insosso a não ser que ressoe aquele nome [Bernardo, Sermão 15, Sobre o Cântico dos Cânticos, 15, 6, PL 183, 340s]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 1)

"De fato, para que isso seja mais firmemente estabelecido entre aqueles que requerem o testemunho da Igreja antiga, citarei uma passagem de Agostinho em que ensina o mesmo: 'Incompreensível e imutável é a dileção de Deus'. 'De fato, não começa a ter dileção por nós a partir da reconciliação com Ele por meio do sangue de Seu Filho, mas manifestou essa dileção antes da constituição do mundo, para que também nós fossemos filhos com seu Unigênito, absolutamente antes de sermos algo. Portanto, somos reconciliados pela morte de Cristo, não de modo que Ele, desde a reconciliação por meio do Filho, começasse então a amar aqueles a quem odiava, mas fomos reconciliados já sob a dileção daquele com o qual, em razão de nossos pecados, nutríamos inimizade. Se o que digo for verdade, que o ateste o apóstolo: "Recomenda sua dileção por nós, pois, dado que ainda fossemos pecadores, Cristo morreu por nós" [Romanos 5:8]. Assim, ele teve caridade conosco mesmo que, exercendo a inimizade contra ele, realizássemos a iniquidade. Por isso nos tinha dileção de um modo admirável e divino, mesmo quando nos abominava: odiava em nós aquilo que ele não fizera, mas, uma vez que nossa iniquidade não esgotou por completo sua obra, sabia tanto odiar em cada um de nós aquilo que fizéramos quanto amar em cada um de nós o que ele fizera' [Agostinho, Tratado sobre o evangelho de João, 110, 6. PL 35, 1923s]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 4)

"Então, reconheçamos com confiança (como Ambrósio ensina com verdade) que, a não ser que nos envergonhe a cruz, a tristeza seja conveniente a Cristo [Ambrósio, Expositio Evang. sec. Lucam X, 56-62]. E, a menos que a alma fosse partícipe da pena, teria sido apenas um redentor para os corpos. Ora, foi preciso que lutasse para levantar os que jaziam prostrados. E tanto não é em nada afastado de sua glória celeste por isso que nunca é suficientemente louvada a bondade que refulge de não se ter recusado a receber em si nossas fraquezas. Donde também a consolação daquelas ansiedades e dores a nós proposta pelo apóstolo: 'Por isso o Mediador experimentou nossas fraquezas: para que fosse mais propenso a socorrer as misérias' [Hebreus 4:15]."
"Portanto, não há porque nos assustarmos com a debilidade de Cristo, à qual se sujeitou, não coagido pela violência ou pela necessidade, mas somente pelo amor e misericórdia de que, por nós, se reveste. Ora, tudo o que sofreu espontaneamente em nosso favor, em nada diminui sua força. Porém, esses detratores falham numa coisa: não reconhecem que a fraqueza em Cristo seja pura e vazia de todo vício e mancha, uma vez que Ele se manteve entre os limites da obediência. Pois, uma vez que a moderação não pode ser vista na depravação de nossa natureza, em que todas as afeições são excedidas com turbulenta impetuosidade, por essa fita medem erroneamente o Filho de Deus."
"E é esta nossa sabedoria: sentir integramente quanto custou ao Filho de Deus a nossa salvação."
"O que  ensina aquela celebre invocação, na qual clamou ante a violência da dor, 'Meu Deus, ó meu Deus, por que me abandonastes?' [Mateus 27:46]? Pois, ainda que sobremaneira angustiado, não deixou de chamar de seu o Deus do qual exclama estar afastado."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 12)

"Tanto dista que Cristo se tenha elevado ao tribunal para nossa condenação que surge a eminente consolação de que o Juízo esteja nas mãos daquele que já nos tinha destinado para si como consortes na honra do julgamento. Como perderia o povo o seu Príncipe clementíssimo? Como a Cabeça dissiparia os seus membros? Como o Advogado condenaria seus clientes? Pois se o apóstolo ousou exclamar 'Com a intercessão de Cristo, não pode haver quem condene' [Romanos 8:33], é muito mais verdadeiro que Cristo, o próprio intercessor, não haverá de condenar aqueles que recebe em sua fé e proteção. Com certeza não é pouca segurança que não nos apresentemos a outro tribunal que o de nosso redentor, de quem a salvação deve ser esperada [cf. Ambrósio, Sobre Jacó e a vida bem-aventurada, I, c.6]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 18)

"Se é buscada a salvação, pelo próprio nome de Jesus somos ensinados em poder de quem ela está [1Coríntios 1:30], se quaisquer outros dons do Espírito serão encontrados em sua unção; se a fortaleza, em seu domínio; se a pureza, em sua concepção; se a indulgência, em seu nascimento: ele profere que em tudo se fez semelhante a nós para aprender a se condoer [Hebreus 2:17]; se a redenção, em sua paixão; se a absolvição, em sua condenação; se a remissão da maldição, em sua cruz [Gálatas 3:13]; se a satisfação, em seu sacrifício; se a purgação, em seu sangue; se a reconciliação, na Sua descida aos infernos; se a mortificação da carne, em seu sepulcro; se a novidade da vida, em sua ressurreição; se a imortalidade, nela mesma; se a herança do reino celeste, em sua entrada nos céus; se o socorro, se a segurança, se a abundância e a faculdade de todos os bens, em seu reino; se a esperança segura do Juízo, no poder de julgar a ele transmitido. E, por fim, n'Ele estão os tesouros de todo o gênero de bens dos quais emana a saciedade, não em outro lugar."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 19)

"Concluímos disso que não tivesse um motivo próprio, o que ele afirma claramente ao dizer 'por eles me santifico' [João, 17:19]. E assim atesta que não adquire nada para si aquele que transfere para os outros o fruto de sua santidade. E por certo isto merece máxima observância: que Cristo, para se consagrar completamente à nossa salvação, de certo modo se esqueceu de Si."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVII, parágrafo 6)

18 novembro 2013

Institutas 18

"Quando se diz que o Verbo foi feito carne [João 1:14], não se deve entender que ou tivesse se convertido em carne ou tivesse sido confusamente misturado à carne, mas, tendo tomado para si, desde o ventre da Virgem, um templo no qual habitaria, de modo que aquele que era Filho de Deus, foi feito Filho do Homem; não por uma confusão da substância, mas pela unidade da pessoa. Assim asseverarmos que de tal maneira está unida a divindade com a humanidade, que cada uma retém integralmente suas propriedades, e, sem dúvida, ambas constituem Cristo."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XIV, parágrafo 1)

"E de fato, a nós, que somos regenerados na nova vida, é dignado o nome de filhos de Deus, mas o nome de verdadeiro e unigênito é conferido apenas a Cristo. Ora, de que modo seria único em meio a tantos irmãos a não ser que possuísse uma natureza que nós recebemos por dom?"
"Concedam então ser necessário que, tal como recebeu da mãe a causa pela qual é chamado Filho de Davi, assim tem do Pai a causa pela qual é Filho de Deus, e com isso é distinto e de uma natureza diferente da humana. A Escritura, em vários pontos, adorna-o com um duplo nome, chamando-o por vezes de Deus, por vezes de Filho do Homem; o segundo nome não poderia ter sido a Ele aplicado se não fosse do costume da língua hebraica ser dito 'filho do homem' o que é da descendência de Adão."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XIV, parágrafo 6)

"Portanto, para que a fé encontre em Cristo a matéria sólida da salvação, e assim n'Ele descanse, deve-se estabelecer o princípio de que conste de três partes o ofício a ele imposto pelo Pai, pois foi dado como Profeta, Rei e Sacerdote."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 1)

"De que então nos adiantaria sermos recolhidos sob o império de um rei celeste se não soubéssemos que seu fruto é estabelecido para além da vida eterna? Por isso, cumpre saber que tudo o que é prometido em Cristo para a nossa felicidade não subsiste em comodidades exteriores, para que levemos uma vida alegre e tranquila, para que tenhamos recursos em abundância, para que estejamos seguros de todo mal e gozemos das delícias que a carne costuma esperar, mas reside naquilo que é próprio da vida celeste. Ora, assim como no mundo o estado próspero e desejável de um povo está contido, em parte, na abundância de todos os bens e na paz doméstica e, em parte, em defesas válidas pelas quais esteja protegido contra a violência exterior, assim também Cristo locupleta os seus com tudo o que é necessário para a salvação eterna das almas, e os provê com a força pela qual permanecem inexpugnáveis contra qualquer ataque dos inimigos espirituais. Donde concluímos que Ele reina mais para nós que para si, interior e exteriormente, para que, repletos dos dons do Espírito, dos quais somos naturalmente vazios, conforme Deus considera convenientes, sintamo-nos verdadeiramente unidos ao Senhor para a perfeita bem-aventurança."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 4)

"De fato e em especial no respeitante à vida celeste, não há em nós uma gota de vigor senão quando a instila o Espírito Santo, que escolhe Cristo como sede, para que d'Ele jorrem com abundância para nós os dons celestes dos quais somos tão carentes."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 5)

"Logo, Cristo sustenta a pessoa do sacerdote, tanto para, pela eterna lei da reconciliação, tornar o Pai favorável e propício a nós como para nos acrescentar à sociedade de tamanha honra [Apocalipse 1:6]. Pois ainda que poluídos quanto a nós, n'Ele somos sacerdotes, oferecemos a nós e a tudo o que é nosso para Deus e ingressamos livremente no santuário celeste, para que sejam agradáveis e de bom olor diante de Deus os sacrifícios que provém com preces e louvores."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 6)

13 novembro 2013

Institutas 17

"Foi sobremaneira necessário que aquele que haveria de ser nosso Mediador fosse verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Se se indagar acerca da necessidade, certamente não foi simples nem absoluta, como se costuma dizer, mas emanou de um decreto celeste, do qual dependia nossa salvação. Tudo o mais que nos era útil e bom, estabeleceu o Pai clementíssimo. Como nossas iniquidades interpuseram-se entre nós e Ele, tal qual nuvens que nos afastassem irrevogavelmente do reino dos céus, ninguém, a não ser aquele que a Ele alcança, poderia ser um intérprete para a restituição da paz. Ora quem o alcançaria? Acaso algum desde os filhos de Abraão? Como, se todos eles, inclusive seu pai, tinham pavor da visão de Deus? Algum dos anjos? Mas também eles tinham necessidade de uma Cabeça, por cuja união aderissem sólida e indissoluvelmente a seu Deus. O que então? Era certamente um caso a ser lamentado a não ser que a própria majestade de Deus descesse até nós, uma vez que o ascender não nos cabia. Assim, foi preciso que o Filho de Deus fosse feito para nós um Emanuel, um 'Deus conosco', de tal maneira que, por uma conjunção mútua, sua divindade e natureza divina fossem reunidas entre si."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XII, parágrafo 1)

"O que se torna ainda mais claro diante da consideração de quanto não foi vulgar que exercesse o papel de Mediador; com efeito, restitui-nos de tal modo na graça de Deus que nos transformou, de filhos do homem, em filhos dele, de herdeiros de geena, em herdeiros do reino celeste. Quem teria tal poder, a não ser que o Filho de Deus fosse feito também filho do homem e recebesse o que é nosso para transferir para nós o que é seu? E o que erra seu por natureza, fazer nosso pela graça? Portanto, baseados nesse penhor, confiamos que somos filhos de Deus, uma vez que o Filho de Deus se apropriou de um corpo natural como o nosso corpo, de carne da nossa, de ossos dos ossos, para que fosse o mesmo que nós."
"... foi sobremaneira útil para essa causa que fosse tanto verdadeiro Deus como homem aquele que haveria de ser nosso futuro redentor. Cabia a Ele absorver a morte: quem o poderia senão a vida? Cabia a Ele vencer o pecado: quem o poderia senão a própria justiça? Cabia a Ele abater os poderes do mundo e dos ares: quem o poderia senão o que é superior em força tanto ao mundo como ao ar? Na posse de quem está a vida, ou a justiça, ou o império do céu e das potestades, senão somente em poder de Deus? Portanto, o clementíssimo Deus fez a si na pessoa do unigênito, o nosso Redentor, quando nos quis redimidos."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XII, parágrafo 2)

"Por fim, dado que nem Deus sozinho possa experimentar a morte, nem o homem possa sozinho superá-la, associou a natureza humana com a divina, para submeter a debilidade daquela à morte, para a expiação dos pecados, mantendo com a força desta a luta com a morte, para adquirir para nós a vitória."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XII, parágrafo 3)

"Por seu exemplo, exorta-nos à submissão, porquanto, sendo Deus, poderia propor imediatamente para o mundo sua claríssima glória, e no entanto abandonou o que era de seu direito e espontaneamente esvaziou-se a si, porque, vestindo a imagem de servo e satisfeito com aquela humildade, admitiu esconder com o véu da carne sua divindade [Filipenses 2:5-7]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XIII, parágrafo 2)

12 novembro 2013

A casa do meu Pai

Refletindo humildemente sobre a verdade de uma realidade sublime...

"Espelho, espelho meu"

Espelho, espelho meu, existe alguém mais justo do que eu...
...Poderia dizer um “fariseu” (ver Lucas 18:9-14 ou Mateus 23).
Espelho, espelho meu, existe alguém mais pecador do que eu...
...Poderia dizer um falso piedoso.
Espelho, espelho nosso, estamos sendo transformados, de glória em glória?
Diz o apóstolo Paulo aos coríntios: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3:18).
O mesmo apóstolo Paulo, diz aos romanos: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).


08 novembro 2013

Institutas 16

"... Se a alguém interessar, podemos ainda dar esta definição: que o Antigo Testamento do Senhor era apresentado envolto numa observação obscura e ineficaz das cerimônias e, por isso mesmo, tinha caráter temporário, estando como que em suspenso até que, apoiado por uma confirmação firme e substancial, fosse enfim feito novo e eterno, depois de consagrado e estabelecido pelo sangue de Cristo. Donde o Cristo chamar o cálice que oferece na Ceia aos discípulos de 'cálice do Novo Testamento em seu sangue' [Mateus 26:28], significando que constasse sua verdade, pela qual o Testamento de Deus se fez novo e eterno ao ser selado com o seu sangue."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 4)

"... Por isso, Paulo marca essa tenuidade do entendimento com a palavra 'puerícia', a qual o Senhor quis que exercitassem com os elementos deste mundo e com pequenas observações exteriores, como se fossem regras de uma disciplina infantil, até que brilhasse o Cristo, por intermédio de quem seria preciso que o conhecimento do povo fiel amadurecesse... Mas quando o Cristo pôde ser apontado com o dedo, foi aberta a porta do reino de Deus. De fato, nele estão expostos todos os tesouros de sabedoria e entendimento [Colossenses 2:3] pelos quais quase se penetra na própria cercania celeste."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 5)
 
"Agora, expliquemos a comparação do apóstolo por partes. O Antigo Testamento é literal, porque promulgado sem a eficácia do Espírito. O Novo, espiritual, visto que o Senhor o insculpiu no coração dos homens."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 8)

"... Se um camponês prescreve à sua família ofícios de inverno diversos dos de verão, não o acusemos por isso de inconstância, ou consideremos que se desvie da correta regra da agricultura que está unida à perpétua ordem da natureza... Que ele tenha mudado a forma e o modo exterior, não mostra que seja sujeito à mutação, mas em que medida se adapta à capacidade dos homens, que é variada e mutável."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 13)
 
"... Se um médico curar, por um método excelente, a um jovem da doença e, depois, já estando o paciente velho, o médico usar para ele outro tipo de cura, dizemos por isso que o médico repudia agora o método que antes lhe agradara? Ainda que persista naquele método, leva em conta a idade. Assim era preciso que Cristo, enquanto ausente, fosse figurado por outros signos como prenunciado e como o que haveria de vir, e que, agora, já revelado, seja representado por outros."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 14)

06 novembro 2013

Institutas 15

"... A aliança com todos os Patriarcas tanto não difere em nada da nossa, quanto à substância e à realidade, que elas são absolutamente uma e a mesma, ainda que variem quanto à administração."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 2)

"... O que, de fato, seria mais absurdo que Abraão, sendo o pai de todos os fiéis, não ter lugar certo entre eles? Com efeito, Abraão não pode ser retirado do número, ou melhor, do grau mais digno de honra sem que toda a Igreja seja abolida."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 11)

"... Eis por que Ele certamente não dissimula que, se os fiéis fixassem os olhos no estado presente das coisas, haveriam de ser abalados por uma gravíssima tentação, como se não houvesse nenhuma graça ou mercê da inocência junto de Deus, a tal ponto prospera e floresce para muitos a impiedade, enquanto a nação dos fiéis é premida pela ignomínia, pela pobreza, pelo desprezo e por todo gênero de cruzes."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 16)

"... Por isso, no início, quando a primeira promessa de salvação foi dada a Adão, saltaram como que centelhas tênues; depois que se deu a aproximação, maior amplitude de luz começou a se erguer, que emergiu mais e mais, e exibiu seu mais amplo fulgor até que por fim, todas as nuvens dissipadas, Cristo, o sol da justiça, iluminou plenamente todo o orbe terrestre."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 20)

"... De fato, o Senhor Cristo não promete hoje aos seus um reino dos céus diferente daquele em que se reclinarão com Abraão, Isaac e Jacó [Mateus 8:11]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 23)
 

04 novembro 2013

Aprendizado piedoso 78

"O Mediador"

ETERNO PAI CRIADOR,
Tenho destruído a mim mesmo,
minha natureza está corrompida,
as forças da minha alma estão degradadas;
sou vil, miserável, fraco,
mas minha esperança está em ti.
Se eu for salvo será por assombrosa e imerecida bondade,
 não pela misericórdia somente mas pela transbordante misericórdia
 não pela graça mas pela abundante riqueza da graça;
E assim tu tens revelado, prometido, demonstrado
 em pensamentos de paz, não de mal.
 Tu tens providenciado meios
 de socorrer-me da perdição do pecado,
 de restaurar-me a felicidade, honra, segurança.
Te bendigo pela aliança eterna,
 porque apontaste um mediador.
Regozijo porque ele não falhou, nem voltou atrás,
 mas completou a obra que tu lhe deste a fazer;
 e disse sobre a cruz: ‘Está consumado.’
Exulto em pensar que
 tua justiça está satisfeita,
 tua verdade estabelecida,
 tua lei magnificada,
 e o fundamento da minha esperança está posto.
Olhando para Cristo com um interesse pessoal e presente, digo:
 De fato ele suportou minhas mágoas, carregou minhas tristezas,
 conquistou minha paz, sarou minha alma.
Justificado por seu sangue, sou salvo pela sua vida,
Gloriado em sua cruz, me prostro perante seu cetro,
Tenho seu Espírito, possuo a sua mente.
 Senhor, concede que minha religião não seja ocasional e parcial,
 mas universal, influente, efetiva,
 e que eu possa sempre permanecer em tuas palavras e obras,
 até chegar em paz ao meu fim.

Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers & Devotions, editado por Arthur Bennett. Tradução: Márcio Santana Sobrinho.
Fonte: monergismo.com

31 outubro 2013

"Dia da reforma"

O dia 31 de outubro é significativo para a Reforma Protestante.
Para conhecer mais sobre a origem do termo "Protestante", acesse aqui.

30 outubro 2013

Aprendizado piedoso 77

Carta de João Calvino a Lutero:

"21 de Janeiro de 1545
Ao mui excelente pastor da Igreja Cristã, Dr. M. Lutero, meu tão respeitado pai... Eles têm me requisitado de enviar um mensageiro confiável até você, que pudesse registrar a sua resposta para nós sobre esta questão. Pois, penso que foi de grande consequência para eles ter o benefício de sua autoridade, para que não continuem vacilando; e eu mesmo estou convicto desta necessidade, estive relutante de recusar o que eles solicitaram... Agora, entretanto, mui respeitado pai, no Senhor, eu suplico a ti, por Cristo, que você não despreze receber a preocupação para sua causa e minha; primeiro, que você pudesse ler atentamente a epístola escrita em seu nome, e meus pequenos livros, calmamente e nas horas livres, ou que pudesse solicitar a alguém que se ocupasse em ler, e repassasse a substância deles a você. Por último, que você escrevesse e nos enviasse de volta a sua opinião em poucas palavras. De fato, estive indisposto em incomodar você em meio de tantos fardos e vários empreendimentos; mas tal é o seu senso de justiça, que você não poderia supor que eu faria isto a menos que compelido pela necessidade do caso; entretanto, confio que você me perdoará. Quão bom seria se eu pudesse voar até você, pudera eu em poucas horas desfrutar da alegria da sua companhia; pois, preferiria, e isto seria muito melhor, conversar pessoalmente com você não somente nesta questão, mas também sobre outras; mas, vejo que isto não é possível nesta terra, mas espero que em breve venha a ser no reino de Deus. Adeus, mui renomado senhor, mui distinto ministro de Cristo, e meu sempre honrado pai. O Senhor te governe até o fim, pelo seu próprio Espírito, que você possa perseverar continuamente até o fim, para o benefício e bem comum de sua própria Igreja."

Extraído de "Letters of John Calvin: Select from the Bonnet Edition with an introductory biographical sketch" (Edinburgh, The Banner of Truth Trust, 1980), pp. 71-73. Trad. por: Rev. E. B.Tokashiki.

29 outubro 2013

Aprendizado piedoso 76

"O Vale da Visão"

Senhor, santo e excelso, de forma submissa e humilde,
Fui trazido por ti ao vale da visão,
em cujas profundezas habito, mas vejo a ti nas alturas;
cercado pelas montanhas do pecado eu vejo a tua glória.
Permita-me aprender pelo paradoxo
que o caminho para baixo é o caminho para cima,
que ser humilde é ser elevado,
que o coração quebrado é o coração sarado,
que o espírito contrito é o espírito alegre,
que a alma arrependida é a alma vitoriosa,
que não ter nada é possuir tudo,
que suportar a cruz é usar a coroa,
que dar é receber,
que o vale é o lugar da visão.
Senhor, de dia podem ser vistas estrelas de lugares profundos,
e no mais profundo poço a luz da tua estrela brilha;
Deixa que eu encontre tua luz em minha escuridão,
tua vida em minha morte,
tua alegria em meu sofrimento,
tua graça em meu pecado,
tua riqueza em minha pobreza,
tua glória em meu vale.

Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers & Devotions, editado por Arthur Bennett. Tradução: Márcio Santana Sobrinho.
Fonte: monergismo.com

Aprendizado piedoso 75

“De tempos em tempos, os homens tropeçam na verdade, mas a maioria deles se levanta e segue adiante como se nada tivesse acontecido”. 
(Winston Churchill)

"Não tenho fé suficiente para ser ateu" 2

"Verdades sobre a Verdade":

  • “A verdade é descoberta, e não inventada (a lei da gravidade existia antes de Newton)”.
  • “A verdade é transcultural (2+2 = 4 para todo o mundo, em todo lugar, o tempo todo)”.
  • “A verdade é imutável (quando começamos a acreditar que a Terra era redonda, ao invés de plana, a verdade sobre a Terra não mudou; o que mudou foi nossa crença sobre a forma da Terra)”.
  • “As crenças não podem mudar um fato (alguém pode sinceramente acreditar que a Terra é plana, mas isso faz apenas a pessoa estar sinceramente errada)”.
  • “A verdade não é afetada pela atitude de quem a professa (uma pessoa arrogante não torna falsa a verdade... uma pessoa humilde não faz o erro se transformar em verdade)”.
  • “Todas as verdades são absolutas, inclusive as que parecem relativas  (‘Eu, Frank senti calor no dia 20/11/2003’, em pleno inverno)”.

(Extraído do capítulo 1 do livro "Não tenho fé suficiente para ser ateu", Norman Geisler & Frank Turek).

20 outubro 2013

Institutas 14

“Portanto, por mais que aquele unigênito, que hoje é para nós o esplendor da glória e marca da substância de Deus Pai, antigamente tenha sido conhecido pelos judeus, tal como em outro lugar apontamos desde Paulo que Ele fosse o condutor da antiga libertação, no entanto, é verdade que, em outro lugar, o mesmo Paulo ensina que agora reluzisse em nossos corações o Deus que ordenou que das trevas resplandecesse a luz, para que brilhasse o conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo [2Co 4:6], uma vez que, quando apareceu nessa sua imagem, de certo modo se fez visível em comparação ao que antes em sua aparência estava obscuro e sob sombras. Assim é mais torpe e detestável a ingratidão e a depravação daqueles que continuam cegos diante de uma luz meridiana.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo IX, parágrafo 1)

“Disso vem o que disse o Cristo: 'Daqui em diante, vereis os céus abertos, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem' [João 1:51]. Com efeito, ainda que se veja uma alusão à escada mostrada em visão ao patriarca Jacó, essa marca indica a excelência de seu advento, que abrirá uma porta dos céus para nós, para que o ingresso seja patentemente familiar.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo IX, parágrafo 2)

18 outubro 2013

"Não tenho fé suficiente para ser ateu" 1

Cerca de 400 páginas de evidências e argumentos racionais e apologéticos. Esta é a melhor forma de resumir o livro "Não tenho fé suficiente para ser ateu", de Norman Geisler & Frank Turek. Segue abaixo alguns trechos conclusivos, extraídos do final do último capítulo. Recomendo a leitura completa do livro.

Institutas 13

“Ao explicar a suma daquilo que é requerido quanto ao conhecimento verdadeiro de Deus, ensinamos que Ele não pode ser concebido por nós em sua magnitude sem que sua majestade imediatamente nos obrigue a seu culto. Quanto ao conhecimento de nós mesmos, colocamos precipuamente isto: que, esvaziados da sua opinião da própria virtude, despojados da confiança da própria justiça, aprendamos, pelo contrário, alquebrados e contundidos pela consciência da miséria, a sólida humildade e a expropriação de nós mesmos.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 1)

“Do mesmo modo e com muita verdade, Agostinho às vezes chama a obediência que é prestada a Deus de 'mãe e guarda de todas as virtudes' e noutras vezes a chama de 'origem' [A cidade de Deus, IV, 12...].”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 5)

“Por isso, pela primeira tábua ensina-nos a piedade e os ofícios próprios da religião, pelos quais sua majestade é louvada; pela segunda, prescreve de que modo devemos gerir a sociedade dos homens em razão do temor do seu nome. Razão pela qual nosso Senhor (como os evangelistas o chamam) uniu toda a suma da Lei em dois artigos: que amemos a Deus de todo o coração, de toda a alma, com todas as forças e que amemos o próximo como a nós mesmos [Mt 22:37; Lc 10:27].”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 11)

“Ainda que toda a Lei esteja contida em dois artigos, nosso Deus no entanto, pelo que tiraria todo o pretexto de desculpa, quis comentar em dez preceitos, mais ampla e pormenorizadamente, tanto o que diz respeito à sua honra, temor e amor, como o que diz respeito à caridade, a qual nos manda ter para com o shomens por causa d'Ele mesmo.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 12)

“Pela outra parte, é oferecida a promessa de que a misericórdia de Deus é propagada por mil gerações, a qual também aparece com frequência na Escritura, e é inserida na aliança da Igreja: 'Serei o teu Deus e o de tua semente depois de ti' [Gn 17:7]. Visando a isso, Salomão escreveu que os filhos dos justos haveriam de ser bem-aventurados após a morte deles [Pv 20:7], em virtude não apenas de uma santa educação (que não tomava como de pouca importância) mas da bênção prometida na aliança: que a graça de Deus resida eternamente na família dos pios.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 21)

“O fim deste preceito é: Deus deseja sacrossanta para nós a majestade de seu nome. A suma será que não a profanemos por tomá-la com menosprezo ou de modo irreverente. Interdito que segue da ordem do preceito que a veneração religiosa dela seja tomada por nós com zero e cuidado. Assim, ensina-nos a ser ponderados de alma e língua, para não falarmos do póprio Deus e de seus mistérios senão de modo reverente e muito sóbrio, parar que, ao avaliar suas obras, não concebamos senão o que é digno de honra diante d'Ele.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 22)

“Quanto ao mais, não há dúvida de que, com o advento do Cristo Senhor, tenha-se abolido o que aqui era cerimonial. Ele mesmo é a verdade, em cuja presença todas as figurações esvaecem; o corpo, em cuja visão as sombras dispersam; é Ele, digo, o verdadeiro complemento do sábado: pelo batismo fomos sepultados com Ele, estamos unidos à sua morte, para que, partícipes da ressurreição, andemos na novidade da vida [Rm 6:4].”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 31)

“Por que, pode-se dizer, não nos reunimos antes todos os dias, para que assim se suprima a distinção dos dias? Quisera isso se desse! Com certeza a sabedoria espiritual seria digna de dedicação diária de uma partícula de tempo. Mas, se não é possível obter da debilidade de muitos que se reúnam diariamente, e a regra da caridade não permite exigir mais deles, por que não nos submetermos à regra que vemos ser imposta para nós pela vontade de Deus?”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 32)

“Sustentemos aqui, então, que a nossa vida há de ser de todo conforme à vontade de Deus e ao prescrito pela Lei quando for o mais frutuosa aos irmãos em todas as formas possíveis. De fato, não se lê em toda a Lei uma sílaba que estabeleça para o homem uma regra sobre aquilo que há de ser feito ou omitido para a comodidade de sua carne.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 54)

“Tudo, até o menor ponto da Lei, com certeza é árduo e difícil para a nossa fraqueza. O Senhor é a nossa força, que Ele dê o que ordena e ordene o que quiser! [Agostinho, Confess., X, 29, 40; 31, 45, PL32, 796-8].”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VIII, parágrafo 57)

17 outubro 2013

De joelhos

De joelhos, o ser humano fica na metade do caminho entre o chão (a queda) e o estar em pé (o levantar)...
Talvez ele tenha caído, após ter ficado em pé, ou talvez ele esteja sendo levantado, após ter caído...
Para cair, normalmente basta tropeçar... Geralmente, sequer precisa haver a ajuda de outrem na queda...
Para levantar, depois de uma grande queda, precisa haver tipicamente o auxílio de uma mão forte...
De joelhos, o ser humano fica à meia altura e reconhece a sua pequenez, em uma visão “de baixo para cima”...
De joelhos, o cristão experimenta a humildade diante do Excelso...
De joelhos, o cristão reconhece que é barro, e não Oleiro...
De joelhos, o cristão reconhece que é criatura, e não Criador...
De joelhos, o cristão roga ao seu Pai Celestial...
De joelhos, o cristão dá graças ao seu Redentor... Que também orou, de joelhos, ao Pai...
De joelhos, o cristão ora.
Amém.
"E, saindo, foi, como de costume, para o monte das Oliveiras; e os discípulos o acompanharam.
Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não entreis em tentação.
Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos, orava..." (Lucas 22:39-41)

Link para o texto em PDF aqui.

Singular e Plural

Ela é singular em beleza e aroma...
Ela é plural em versatilidade e entusiasmo...
Ela é singular em preciosidade...
Ela é plural em sua vaidade feminina...
Ela é singular como esposa amorosa de 1 varão...
Ela é plural como mãe zelosa de 2 filhos...
Eu e ela somos singular: "uma só carne"...
Eu e ela somos plural: dois servos do Senhor...
Eu sou o seu varão. Ela é a minha varoa. Graças ao Deus Santo e Soberano...
"E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gênesis 2:23-24).


03 outubro 2013

Descansando na promessa do repouso

Estás abatida, minh’alma, diante da injustiça e da apostasia?
Estás desgastada, minh’alma, por causa das tribulações e provações desta vida?
Estás cansada, minh’alma, de ser vigilante e atenta, como exortam as Sagradas Escrituras?
“Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-vos” (1Coríntios 16:13).
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26:41 e Marcos 14:38).
Seu repouso, minh’alma, não está neste mundo, nem nesta vida, mas está na promessa de “novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2 Pedro 3:13).
“Portanto, resta um repouso para o povo de Deus” (Hebreus 4:9).
Lembra-te, minh’alma, das palavras do próprio Senhor Jesus Cristo (Mateus 11:28-30):
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. 
Não te esqueças, minh’alma, de dar graças a este Deus tão gracioso...


24 setembro 2013

Aprendizado piedoso 74

"O Trono"

Ó DEUS DO MEU DELEITE,
Teu trono de graça é a base do prazer da minha alma.
Aqui obtenho misericórdia em tempo de necessidade,
aqui vejo o sorriso da tua face reconciliada,
aqui profiro alegremente o nome de Jesus,
aqui afio a espada do Espírito,
cinjo a couraça da fé,
ponho o capacete da salvação,
colho o maná da tua palavra,
sou fortalecido em cada conflito,
jamais esquivando-me da batalha,
capacitado a vencer cada inimigo;
Ajuda-me a vir a Cristo
como a principal fonte de onde as bênçãos procedem,
como a larga porta aberta para um dilúvio de misericórdia.
Espanta-me minha insensata tolice,
que com tão ricos favores a meu alcance
eu seja lento para estender a mão e tomá-los.
Tem misericórdia do meu estado mortal em razão do teu nome.
Estimula-me, revolve-me, enche-me com santo zelo.
Fortalece-me para que eu possa me apegar a ti e não te deixa ir embora.
Que teu Espírito modele dentro em mim todas as bênçãos da tua mão.
Quando eu não avanço, retrocedo.
Faz-me andar humildemente por causa do bem omitido e do mal cometido.
Imprime sobre minha mente a brevidade do tempo,
a obra na qual se engajar,
a conta a ser prestada,
a proximidade da eternidade,
o temível pecado de desprezar teu Espírito.
Que eu nunca esqueça que teus olhos sempre vêem,
teus ouvidos sempre ouvem,
tua mão registradora sempre escreve.
Que eu nunca te dê descanso até que Cristo seja o pulsar do meu coração;
aquele que fala pelos meus lábios, a lâmpada dos meus pés.

Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers & Devotions, editado por Arthur Bennett. Tradução: Márcio Santana Sobrinho.
Fonte: monergismo.com

17 setembro 2013

Institutas 12

“Também é por uma razão muito válida que Agostinho responde que jamais nesta carne renderemos a Deus o legítimo amor que a Ele devemos. O amor, diz, deriva de tal modo do conhecimento que não pode amar perfeitamente a Deus quem antes não tenha conhecida sua bondade em plenitude. Enquanto peregrinamos no mundo, enxergamos por um espelho e em enigmas: portanto, conclui-se ser imperfeito o nosso amor [Agostinho, Sobre o espírito e a letra].”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VII, parágrafo 5)

“... Donde se faz mais afetuosa a graça de Deus, que nos socorre sem o subsídio da Lei, e mais amável Sua misericórdia, que a ela nos confere, pela qual aprendemos que Ele jamais se fatiga de nos abençoar e cumular com novos bens.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VII, parágrafo 7)

“... O apóstolo atesta como certo estarmos condenados pelo juízo da Lei, pelo qual toda boca se cala e o mundo inteiro se mostra sujeitado a Deus [Romanos 3:19]. Ensina ainda o apóstolo em outra passagem: que Deus encerra a todos sob a incredulidade, não para perder ou consentir que todos pereçam, mas para que tenha misericórdia de todos [Romanos 11:32], mas para que, abandonada uma insensata confiança em sua força, entendam ser mantidos e firmados unicamente pela mão de Deus, para que se refugiem, nus e vazios, à sua misericórdia, reclinando-se completamente nela, cravando-se nela arrependidos, tomando unicamente a ela pela justiça e pelos méritos, a qual é exposta em Cristo para todos aqueles que, por uma fé verdadeira, tanto a reclamam como esperam. E assim é que, nos preceitos da Lei, Deus é não só o remunerados da perfeita justiça, da qual somos todos destituídos, como também, em contrapartida, o juiz severo dos crimes. Mas, no Cristo, sua face plena de graça e de doçura reluz também diante dos miseráveis e indignos pecadores.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VII, parágrafo 8)

“Agostinho muitas vezes trata do bom êxito para que se implore a graça do auxílio, como quando escreve a Hilário: ‘A Lei nos obriga a, empenhados em fazer as obrigações e fatigados em nossa fraqueza sob a Lei, aprender a reclamar o socorro da graça’ [Agostinho, Ep. 157, c.9, PL 33, 677]. Igualmente a Asélico: ‘A utilidade da Lei é que o homem se convença de sua fraqueza e seja compelido a implorar o remédio da graça, que está em Cristo’ [Agostinho, Ep. 196, c.2, PL 33, 893]. Também a Inocêncio Romano: ‘A lei obriga; a graça subministra as forças para a ação’ [Agostinho, Ep. 177, PL 33, 766]. E a Valentino: ‘Deus obriga aquilo que não podemos para aprendermos o que devemos pedir d’Ele’ [Agostinho, De gratia et libero arbitrio, C.16, PL 44, 900]. E ainda: ‘A lei vos foi dada para tornar-vos réus; tornados réus, temereis; tementes, pedireis a indulgência – não sereis presunçosos sobre vossas forças’ [Agostinho, Comentário ao salmo 70, PL 36, 889]. Igualmente: ‘A lei foi dada para que, do grande, se fizesse o pequeno; para demonstrar que não tiveste por ti forças para a justiça, e assim, indigente, indigno e carente, te refugiaste na graça’. Depois, dirige a palavra a Deus: ‘Faz assim, ó Senhor misericordioso: ordena o que não possa ser cumprido, ou melhor, ordena o que não possa ser cumprido senão pela tua graça, para que, quando os homens não forem capazes de cumpri-lo por suas forças, toda a boca seja calada e ninguém veja a si como grande. Que todos sejam pequenos, e que o mundo inteiro seja feito réu diante de Deus’ [Agostinho, Comentário ao salmo 118, PL 37, 1581].”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VII, parágrafo 9)

“... Assim, não penetrou em tal estado de sabedoria ninguém que não pudesse, pelo aprendizado cotidiano da Lei, fazer progresso no conhecimento mais puro da vontade divina. Depois, como não carecemos apenas de doutrina, mas também de exortação, o servo de Deus também toma esta utilidade desde a Lei: ser estimulado, pela meditação frequente dela, para a submissão, e com isso se fortalecer e retrair de cair em falta.
... Ora, aqui proclama o profeta com quanta utilidade o Senhor ilustrava com os ensinamentos da Lei àqueles aos quais inspirava interiormente com a prontidão da submissão, e não aponta apenas os preceitos, mas, pelas ações realizadas, a promessa anexa da graça, a única que faz o amargo tornar-se doce.”
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VII, parágrafo 12)

13 setembro 2013

Institutas 11

"...com efeito, quem tem tamanha falta de juízo para pensar que o movimento do homem em nada difere do lançamento da pedra? [Cf. Cochlaeus, De libero arbitiro, I, B1a; C8bs] ...Razão pela qual Agostinho diz: 'Tu me dizes, então, que somos agitados, não agimos. Pelo contrário: tu ages e serás agitado; donde ages bem se agires desde o bem. O Espírito de Deus que age em ti é adjutor para os agentes. Prescreve o nome de adjutor para que, também tu, ajas de algum modo' [Agostinho, Sermões, 156, C.11, PL 38, 855s]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo V, parágrafo 14)

"E assim parece que a graça de Deus (como esse nome é tomado quando se fala da regeneração) seja a regra do Espírito para dirigir e moderar a vontade do homem. Não pode moderar sem que corrija, reforme, renove (pelo que dizemos que o princípio de regeneração seja abolir o que há de nosso) e sem, ao mesmo tempo, mover, agir, impelir, levar, manter. Donde podemos inferir que, com certeza, sejam d'Ele todas as ações que daí emanam. Paralelamente, não negamos que seja muito verdadeiro o que ensina Agostinho: que a vontade não seja destruída pela graça, mas, antes, por ela reparada [Agostinho, Sobre a graça e o livre-arbítrio, C.20, 41, PL 44, 905]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo V, parágrafo 15)

"...Assim, vem ao espírito aquela citação de Paulo: 'Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação' [1Co 1:21]. Ele chama de sabedoria de Deus este magnífico espetáculo do céu e da terra, indicado por inúmeros milagres, de cuja visão sabiamente chegava a conhecer a Deus, mas porque progredimos tão mal daí, nos chama para a fé em Cristo, que sob a imagem de loucura é o fastio do incrédulo. Por conseguinte, ainda que o intelecto humano não responda à pregação da cruz, é preciso entretanto que a abrace com humildade, se desejamos voltar a Deus, nosso criador e autor, de quem estamos afastados, para que comece novamente a ser um pai para nós."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VI, parágrafo 1)

"...Neste sentido, Irineu escreve que o Pai, que é imenso, seja finito no Filho, porque se acomodou ao nosso modo, para que não absorva nossa mente pela imensidão de sua glória [Irineu, Adv. haer., IV, 4,2,ed. Stieren, p.568]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo VI, parágrafo 4)

08 setembro 2013

Ouse crer

Apesar de não ser um especialista em etimologia, o estudo e a busca pela origem de algumas palavras tem se mostrado uma maneira interessante e, às vezes, até curiosa de compreender alguns conceitos importantes.
Ao refletir sobre o conceito de coragem, sendo esta uma característica cristã imprescindível, podemos conhecer alguns fatos curiosos sobre as palavras relacionadas a este tema, segundo a análise dos especialistas na origem das palavras.
A palavra “coragem” parece vir do latim “cor”, que significa “coração”, fazendo referência à metáfora típica para a força interior.
Na tentativa de definir também o oposto, ou seja, a “falta de coragem”, pode-se notar que a origem da palavra “pusilanimidade”, por exemplo, na forma do adjetivo “pusilânime”, vem do latim “pusillanimis”, que parece ser uma contração de “pusillis”+”animus”. A palavra “pusillis” significa “muito fraco ou pequeno”, e é um diminutivo de “pullus” (“animal jovem”), enquanto “animus” pode significar “espírito, coragem, alma racional ou mente”.
Um possível sinônimo para “coragem” poderia ser a palavra “intrepidez”. Na forma de adjetivo “intrépido”, é proveniente do latim “intrepidus”, que parece ser uma combinação de “in” (prefixo de negação) + “trepidus” (que significa “alarmado”). Em latim, a palavra para “trepidação” é “trepidationem”, que significa “agitação, alarme ou tremulação”. Portanto, a interpretação para o termo “intrepidus” poderia ser aquele que não tremula, ou que não fica alarmado. Outros sinônimos possíveis para “coragem” seriam as palavras “ousadia” e “audácia”, que por sua vez, parece ser proveniente do latim “audacia”. Na forma infinitiva do verbo (“audere”, em latim), parece ter o significado do verbo “ousar”, que na língua inglesa poderia ser traduzido como “to dare”.
No texto neotestamentário, segundo o léxico grego, a palavra “parrhesia” (número Strong: 3954) é usada no sentido de “ousadia”, “confiança livre e destemida”, “coragem entusiástica”, “liberdade e franqueza ao falar”, ou, “segurança (no sentido de certeza)”.
A palavra “parrhesia” foi usada, por exemplo, ao descrever a intrepidez de Pedro e João perante o Sinédrio (Atos 4:13), e na oração da igreja pedindo por intrepidez para anunciar a Palavra de Deus (Atos 4:29-31). No final do livro de Atos dos Apóstolos, a palavra “parrhesia” é usada para descrever a forma intrépida como o apóstolo Paulo pregava as coisas referentes ao Reino de Deus e ao Senhor Jesus Cristo (Atos 28:31).
O próprio apóstolo Paulo usa esta palavra, deixando clara a sua ousadia e franqueza ao escrever para os coríntios (2 Coríntios 3:12; 7:4). Novamente, falando agora aos efésios, o apóstolo usa a mesma palavra para dizer que a sua ousadia e confiança é proveniente da fé em Cristo Jesus (Efésios 3:8-12; 6:19-20). Quando escreve aos filipenses, Paulo também fala da sua ousadia por causa de Cristo (Filipenses 1:20).
O autor da carta aos hebreus, também usando a palavra “parrhesia”, torna lúcido e transparente o privilégio de acesso dos crentes à presença de Deus, ao escrever: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus” (Hebreus 10:19-21). Mais adiante, no mesmo capítulo, o autor aos hebreus usa a mesma palavra “parrhesia”, porém agora com o significado de “confiança” (Hebreus, 10:35-36). 
No capítulo quarto da carta aos hebreus, o autor usa a palavra “parrhesia” para descrever a confiança destemida que os cristãos devem ter para se aproximar de Jesus Cristo, o sumo sacerdote: “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente (“parrhesia”), junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:14-16).
Ouse crer no Evangelho da Graça...
Ouse crer na promessa da misericórdia e do socorro oportuno...
Ouse crer em Jesus Cristo, o Redentor.
Graças Te damos, Deus Vivo e Eterno, pela ousadia que nos concede através do teu Santo Espírito transformador, que é capaz de promover a mudança da condição de pusilanimidade para o esplendor da ousadia embasada nas promessas de um Salvador justo, poderoso e soberano, o Sumo Sacerdote que derramou o seu sangue por nós naquela cruz do Calvário, levando sobre Si os nossos pecados e a nossa culpa.
Em nome dEle, agradecemos com o júbilo acanhado de um coração submisso e com a certeza ousada (“parrhesia”) da compreensão clara de uma mente humilde diante da Tua excelsa e alvissareira Sabedoria. Amém.


07 setembro 2013

Aprendizado piedoso 73

Seguem abaixo as palavras de C.S. Lewis, em carta para o seu irmão Warren, que se encontrava em Changai, no ano de 1931:

"Quando me pede para orar por você, eu não sei se está levando a sério, mas a resposta é sim, eu oro. Pode não fazer-lhe nenhum bem, mas me faz muito, pois não posso pedir qualquer mudança a ser feita em você, sem a constatação de que o mesmo tem de ser feito em mim, o que me puxa também, colocando todos nós no mesmo barco..."

O original pode ser encontrado, em inglês, aqui.

Aprendizado piedoso 72

C.S. Lewis encontrou este poema abaixo em um velho caderno de notas, cujo autor é desconhecido. Ele trabalhou em cima deste texto várias vezes e o citou em cartas, como uma maneira de descrever suas crescentes convicções sobre o significado da oração em sua vida. Lewis achou mais adequado dar o nome "solilóquio" ao poema, ao invés de "sonho":

"Eles me dizem, Senhor, que quando eu pareço
Estar falando contigo,
Como apenas uma voz é ouvida, é tudo um sonho
Um orador imitando dois.

Algumas vezes é isto mesmo, embora não como eles
Imaginam; Em vez disso, eu
Busco em mim as coisas que eu esperaria dizer
E eis que! Minhas fontes estão secas.

Então, vendo-me vazio, você abandona
O papel de ouvinte e através
Dos meus lábios mudos sopra e acorda-os proferindo
Os pensamentos que eu jamais conheci.

E, desta forma, você nem precisa responder
Tampouco é possível; Assim, enquanto nós parecemos
Dois falantes, Tu és Um sempre, e eu sou
Não um sonhador, mas o Teu sonho."

(C.S. Lewis, "Letters to Malcolm", "Poems")
O original pode ser encontrado, em inglês, aqui.

03 setembro 2013

Imprescindível erudito

A palavra “imprescindível” representa o oposto de “prescindível”. Esta palavra (“prescindível”), por sua vez, está relacionada ao que “prescinde”, ou que “não depende de”, que “dispensa” ou “recusa”. Os especialistas em etimologia afirmam que a forma infinitiva do verbo (“prescindir”) tem origem no latim clássico, “praescindere”, que é uma combinação de “prea” (“pré”) + “scindere” (“dividir”, “cortar”, “separar”, “clivar” ou “rasgar”). Parece então que o significado da palavra “praescindere” é algo do tipo “pré-separado” ou “pré-dividido”, isto é, dando a entender que o indivíduo que “prescinde” (“não depende”) de algo, está “pré-separado” (“previamente separado”) deste algo. A título de ilustração, o tronco da palavra latina “scindere” também parece dar origem à palavra “scissors” na língua inglesa, que significa “tesoura”, ou seja, um objeto usado para “cortar” ou “dividir”.
Por outro lado, a palavra “erudito” parece ser proveniente do latim “eruditus”. Os etimologistas dizem que a forma infinitiva do verbo (“erudir”), que significa “ensinar”, “educar” ou “instruir”, tem origem do latim “erudire”, que é uma combinação de “ex” + “rudis” (“inculto”, “iletrado” ou “rude”). Em outras palavras, o “erudito”, em latim, significaria aquele que, um dia, já foi rude ou inculto, ou seja, que é um “ex-rude”, ou um “ex-inculto”.
Neste contexto, talvez possa acontecer que algum erudito, tendo recebido o chamado de Cristo através do Evangelho da Cruz, acredite que a sua erudição é imprescindível para o reino de Deus e para o avanço do cristianismo e, portanto, por isso teria sido chamado pelo próprio Senhor Deus, que resolveu aproveitar a erudição e o conhecimento deste ser humano.
Com o tempo, perseverando na piedade cristã, este imprescindível erudito pode ser convencido de que Jesus Cristo, a verdadeira “Sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24), é que de fato é imprescindível em sua vida...
Louvado seja o Senhor Jesus Cristo por Sua obra de restauração e redenção! Amém.

“Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?
Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação.
Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.
Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.
Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.” 
(1 Coríntios 1:20-31)


Aprendizado piedoso 71

Na noite do dia 23 de novembro de 1654, entre as dez e meia e a meia-noite e meia, o matemático e filósofo francês Blaise Pascal, aos 31 anos de idade, parece ter tido uma experiência marcante sobre a qual ele nunca mencionou a ninguém. Um texto foi registrado em um pedaço de papel, conhecido como "memorial", e foi mantido costurado em seu casaco, de onde o seu empregado somente o retirou após a sua morte. Um trecho deste “memorial” pode ser encontrado abaixo, onde foram acrescentadas as referências para as citações bíblicas.

27 agosto 2013

Montante e jusante

Segundo os especialistas em hidráulica, existem dois termos usados nesta área para definir pontos de referência em relação a um curso d’água. Montante é a palavra usada para definir um ponto referencial situado rio acima, ou seja, antes do ponto do observador, enquanto jusante é o termo utilizado para o ponto de referência localizado rio abaixo, ou seja, depois do ponto onde o observador se encontra. Desta forma, a foz de um rio, ou seja, o ponto onde ele deságua em outro corpo de água (outro rio, lago, lagoa, mar ou oceano), é o ponto mais a jusante deste rio, enquanto a nascente deste mesmo rio representa o ponto mais a montante dele.
Pensando nesta vida como um rio perene, cada ser humano sabe que o curso d’água pode ser sinuoso, cheio de curvas e quedas de cachoeiras, que de alguma forma, acabam desafiando o fluxo d’água a correr desde a nascente até a sua foz. Portanto, graças a Deus pela obra redentora de Jesus Cristo, que está a montante de todo cristão, no curso d’água que representa o rio de cada vida individual que O reconhece como Senhor e Salvador. Sim, os cristãos ainda têm que enfrentar muitas curvas e cachoeiras nesta jornada de peregrinação através do curso d’água desta vida, mas precisam perseverar fortalecidos na convicção de que a jusante deste exato ponto em que se encontram, está localizada a foz que deságua no abundante e eterno oceano da Glória do Deus Vivo e Soberano.
Rendemos graças a Ti, Senhor Criador dos novos céus e da nova terra (2Pedro 3:13; Apocalipse 21:1), pela esperança de que haverá um “rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro” (Apocalipse 22:1). 

“Tu visitas a terra e a regas; tu a enriqueces copiosamente; os ribeiros de Deus são abundantes de água; preparas o cereal, porque para isso a dispões, regando-lhe os sulcos, aplanando-lhe as leivas. Tu a amoleces com chuviscos e lhe abençoas a produção.
Coroas o ano da tua bondade; as tuas pegadas destilam fartura, destilam sobre as pastagens do deserto, e de júbilo se revestem os outeiros.
Os campos cobrem-se de rebanhos, e os vales vestem-se de espigas; exultam de alegria e cantam” (Salmos 65:9-13).

Link para o texto em PDF aqui.

22 agosto 2013

Institutas 10

"... A primeira parte da obra do bem é a vontade, a outra, o esforço válido no executar: de ambas, o autor é Deus."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo III, parágrafo 9)

"... a boa vontade do homem precede a muitos dons de Deus, entre os quais também ela está [Agostinho, Enchiridion, c.32, PL 40, 248]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo III, parágrafo 11)

"... Temos agora atestado, pela boca de Agostinho, o que quisemos obter antes: que a graça não é unicamente oferecida pelo Senhor para ser recebida ou para ser rejeitada segundo agrade a cada um, mas que é ela que forma no coração tanto a eleição como a vontade, para que tudo o que depois se seguir de boa obra seja seu fruto e efeito: não há vontade que a ela obedeça senão a que ela produziu. Também são de Agostinho as palavras de outro lugar: 'Toda boa obra em nós, não a faz senão a graça' [Epístola 105, Epístola 194]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo III, parágrafo 13)

"... em primeiro lugar, ensina que a vontade humana não alcança a graça pela liberdade, mas que pela graça alcança a liberdade. Que pela mesma graça é perpetuamente conformada pela afecção impressa do deleite. Que é fortalecida por uma força insuperável. Que enquanto aquela governar, jamais cai; quando desertar, prontamente desaba. Que pela misericórdia gratuita do Senhor tanto é convertida para o bem como, convertida, nele persevera. Que a direção da vontade humana para o bem, e, depois, a direção para a constância, pende unicamente pela vontade de Deus, e não por nenhum mérito do homem [Agostinho, Sobre a correção e a graça, C.8, 17, PL 44, 926]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo III, parágrafo 14)

17 agosto 2013

"Por que a ciência não consegue enterrar Deus" 2

Trezentas páginas de densa racionalidade e lógica argumentação. É assim que tento resumir a leitura do livro "Por que a ciência não consegue enterrar Deus", de John C. Lennox. O autor expõe suas idéias, de maneira solidamente embasada, a respeito do mito fabricado sobre o antagonismo entre fé e ciência. O verdadeiro antagonismo realmente ocorre ao nível das cosmovisões naturalista (ou materialista) e teísta. Recomendo a leitura completa do livro.

"Até aqui argumentei que, embora a ciência com todo o seu poder não possa tratar de algumas questões fundamentais que levantamos, mesmo assim o Universo contém certas pistas sobre nosso relacionamento com ele, pistas que são cientificamente acessíveis. A inteligibilidade racional do Universo, por exemplo, aponta para a existência de uma Mente que foi responsável tanto pelo Universo quanto por nossas mentes. É por esse motivo que nós podemos fazer ciência e descobrir as belas estruturas matemáticas latentes nos fenômenos que observamos. Não só isso, mas também nossa crescente percepção da sintonia fina do Universo em geral, e do planeta Terra em particular, é consistente com a muito difundida consciência de que fomos concebidos para estarmos aqui. A Terra é nossa casa.
Mas se há uma Mente por trás do Universo, e se essa Mente tenciona que estejamos aqui, a questão realmente importante é essa: Por que estamos aqui? Qual é o propósito de nossa existência? É essa questão, acima de tudo, que atormenta o coração humano. A análise científica do Universo não nos pode dar uma resposta, assim como uma análise científica do bolo da tia Matilde não saberia nos dizer por que ela fez o bolo... A resposta final, se é que ela existe, terá de vir de fora do universo, de algo ou de algúem que tenha com o Universo um relacionamento similar ao da tia Matilde em relação a seu bolo...
Concluindo, sugiro que, longe de a ciência ter enterrado Deus, os resultados científicos não apenas apontam para a sua existência, mas a própria iniciativa científica é validada pela existência dele.
É inevitável, obviamente, que todos nós, não apenas os que praticamos a ciência, temos de escolher o pressuposto com o qual vamos começar. Não há muitas opções - essencialmente apenas duas. Ou a inteligência humana deve sua origem à matéria desprovida de inteligência, ou há um Criador..."
(John C. Lennox, no epílogo do livro, intitulado "Além da ciência, mas não além da razão")

15 agosto 2013

Aprendizado piedoso 70

Quando a esposa do missionário Adoniram Judson disse-lhe que um artigo de jornal comparou-o a alguns dos apóstolos, Judson respondeu: 
"Eu não quero ser como um Paulo, ou qualquer mero homem. Eu quero ser como Cristo. Quero seguir apenas a Ele, copiar os Seus ensinamentos, beber do Seu espírito, e colocar meus pés em Suas pegadas. Oh, ser mais semelhante a Cristo!"
(traduzido do original, em inglês)

Institutas 9

"... No que está de acordo com o que disse Jerônimo: 'Nosso seja o começar, de Deus, porém, o aperfeiçoar; seja nosso o oferecer o que podemos, dele, completar o que não podemos' [Diálogo contra os pelagianos, III, 1, PL 23, 569]"
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 4)

"Sempre me agradou aquele dito de Crisóstomo: 'Que o fundamento da nossa filosofia seja a humildade' [Homilia sobre a perfeição do Evangelho, Paris, 1834ss, III, 360]. Mais ainda o de Agostinho: 'Do mesmo modo que foi perguntado àquele orador qual seria o primeiro preceito da eloquência, respondeu que fosse a expressão, qual seria o segundo, a expressão, qual o terceiro, a expressão [Quintiliano. A instituição da oratória, XI, 3,6], assim, se me perguntares sobre o preceito da religião Cristã, por primeiro, segundo e terceiro, também sempre quererei responder: a humildade' [Epístola 56, a Dióscoro, 118, c.3, 22, PL 33, 442]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 11)

"Concluindo: que se constate haver em todo o gênero humano a razão própria da nossa natureza, que nos distingue dos animais brutos, tal como eles, pela sensação, são diversos das coisas inanimadas... Quanto ao mais, nessa diversidade divisamos, entretanto, algumas marcas restantes da imagem de Deus, que distinguem o gênero humano de todas as outras criaturas."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 17)

"... Ora, viram de tal maneira que se não podiam dirigir-se à verdade, quanto mais poderiam alcançá-la! Tal qual o que peregrina em meio ao campo, no momento em que há o reluzir de um relâmpago noturno, vê longe e amplamente, mas com um aspecto tão esvaecido que é reabsorvido pela escuridão da noite antes de poder mover um pé, de modo que aquela repentina claridade não lhe serve para conduzi-lo pelo caminho certo."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 18)

"... Portanto, resta entendermos ser patente que não entra no reino de Deus a não ser aquele para quem o Espírito Santo, por sua iluminação, tenha constituído uma nova mente."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 20)

"... É excessivamente absurdo a um excelentíssimo intelecto tolerar uma dominação iníqua e por demais impositiva se dela puder se livrar de algum modo pela razão. Não é outro o juízo da razão humana: o quão seja servil e abjeta a alma que pacientemente a tolere e, de modo inverso, o quão seja honesto e inspirado o peito que a derrube."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 24)

"... Com frequência percebemos quantas vezes vacilamos apesar de nossa boa intenção. Nossa razão é oprimida por tantas formas de engano, é sujeita a tantos erros, encontra tantos obstáculos, é enredada por tantas angústias, que de muitos modos se afasta da direção correta... Agostinho reconheceu a tal ponto o defeito da razão para compreender o que é de Deus que reputou que a graça da iluminação não fosse menos necessária para a mente do que a luz do sol para os olhos. E, não contente, submeteu uma correção: que  nós mesmos abrimos os olhos para o discernimento da luz - ora, os olhos da mente, a não ser que sejam abertos por Deus, permanecem fechados [Sobre a pena e a remissão dos pecados, II, C.5, PL 44, 153s]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo II, parágrafo 25)

10 agosto 2013

Cinzenta massa

Pensa-te, cinzenta massa... Pensa intensamente nas implicações profundas da realidade ampla...
Investiga-te, cinzenta massa... Para buscar a verdade absoluta, não a verdade pessoal ou relativa...
Abre-te, cinzenta massa... Com disposição para avaliar as evidências livremente e racionalmente...
Liberta-te, cinzenta massa... Dos grilhões obscurantistas e dos mitos inventados...
Atenta-te, cinzenta massa... Para não dar um salto de fé no escuro, mas sim pela razão...
Entrega-te, cinzenta massa... Aceita as evidência que Ele abundantemente te apresenta...
Lembra-te, cinzenta massa... Para ter humildade em reconhecer o que não compreendes...
Exercita-te, cinzenta massa... Na gratidão pala graça e misericórdia que Ele derrama...
Regozija-te, cinzenta massa... Através da alegria consciente na Sua fiel promessa...
Concentra-te, cinzenta massa... Naquilo que está alinhado com a vontade dEle...
Fortalece-te, cinzenta massa... Estudando os ensinamentos encontrados na Sua Palavra...
Encoraja-te, cinzenta massa... Pois precisas perseverar atenta e vigilante durante a peregrinação...
Raciocina, sem medo, cinzenta massa... Pois foi para isto que fostes criada...


09 agosto 2013

Pensamento em citação 47

Melvin Calvin
(Prêmio Nobel em Química, 1961)

Aprendizado piedoso 69

"O coração da religião de Paulo é a união com Cristo. Isto, mais do que qualquer outra concepção. Mais do que a justificação, a santificação, mais até do que a reconciliação. É a chave que abre os segredos da sua alma. Dentro do Santo dos Santos, que foi revelado quando o véu se rasgou em dois, de alto a baixo, no dia de Damasco, Paulo contemplou Cristo convocando-o e acolhendo-o em amor infinito, através de uma união vital com Ele. Se alguém procura pelas frases mais características que o apóstolo já escreveu, elas serão encontradas, não onde ele está refutando os legalistas, ou justificando o seu apostolado, ou meditando sobre esperanças escatológicas, ou dando orientação éticas práticas para a Igreja, mas onde a sua intensa intimidade com Cristo é expressa. Tudo o que a religião significava para Paulo se concentra para nós em tão grandes palavras como estas: 'logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim' (Gálatas 2:20a). 'Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus' (Romanos 8:1). 'Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele' (1 Coríntios 6:17)."
(James S. Stewart, "A Man in Christ: The Vital Elements of Paul's Religion")

08 agosto 2013

"Por que a ciência não consegue enterrar Deus" 1

A leitura do livro "Por que a ciência não consegue enterrar Deus", de John C. Lennox, tem sido muito esclarecedora e reflexiva. Segue um pequeno trecho, onde ele usa uma simples ilustração de um bolo para um argumento interessante. Recomendo a leitura completa do livro.

Duro músculo

Pulsa-te, duro músculo... Pulsa intensamente na presença dEle...
Vira-te, duro músculo... Para contemplar aquela cruz, e o sangue dEle, derramado por ti...
Amolece-te, duro músculo... Não resiste à graça e à misericórdia que Ele te oferece...
Abre-te, duro músculo... Expulsa os tesouros que as traças corroem, e deixa a luz dEle entrar...
Liberta-te, duro músculo... Arrebenta os grilhões enrijecidos e desgastados...
Arrepende-te, duro músculo... Volta teu caminho para a direção dEle...
Entrega-te, duro músculo... Confia nEle, sem demora...
Lembra-te, duro músculo... Que já pulsou antes sem um propósito...
Regozija-te, duro músculo... Na alegria supra-circunstancial da comunhão com Ele...
Atenta-te, duro músculo... Para não se desviar nas veredas da jornada...
Fortalece-te, duro músculo... Com o escudo da fé e a espada da Sua Palavra...
Encoraja-te, duro músculo... Pois a peregrinação é longa, e precisas perseverar pulsando...
Ama, sem medo, duro músculo... Pois foi para isto que fostes feito... E é assim que pulsas melhor...


07 agosto 2013

Aprendizado piedoso 68

“É uma frase gloriosa - ‘Ele levou cativo o cativeiro’ (Salmos 68:18). Os próprios triunfos de seus adversários, isto é, Ele usou para a sua derrota. Ele compeliu suas realizações sombrias para subservirem ao Seu fim, não ao deles. Eles o pregaram ao madeiro, sem saber que, por este ato eles estavam trazendo o mundo aos Seus pés. Deram-lhe uma cruz, não sabendo que Ele a tornaria um trono. Eles O atiraram fora dos portões para morrer, sem saber que, naquele momento, eles estavam levantando todos os portões do universo, para que o Rei pudesse entrar. Eles pensavam ter erradicado Suas doutrinas, sem saber que eles estavam implantando imperecivelmente nos corações dos homens o próprio Nome que pretendiam destruir. Eles pensaram que tinham derrotado a Deus, encurralando-O contra a parede, preso e impotente e derrotado: eles não sabiam que era o próprio Deus que os tinha seguido e capturado. Ele não venceu apesar do sombrio mistério do mal. Ele venceu através dele.”
(James S. Stewart, no livro “The Strong Name”)

“Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens” (Efésios 4:8).

"O que é fé?"

Seguem abaixo alguns trechos do edificante livro "O que é fé?", de R. C. Sproul:

"... Esta é a dinâmica da fé. Como disse antes, a fé não é crer que há um Deus. A fé é crer em Deus. A fé é confiar na fidelidade de Deus. Quando eu sou fiel, estou confiando naquele que considero perfeitamente fiel."

"Muitas pessoas acham que o conflito atual entre ciência e religião é um conflito entre razão e irracionalidade. Mas a Bíblia não nos chama a crer no ato divino da criação simplesmente por meio de um salto de fé, ou de uma crucificação do intelecto pela qual ignoramos o que a razão pode nos ensinar. Os grandes teólogos da história da igreja - homens como Agostinho, Tomás de Aquino, por exemplo - fizeram distinção entre fé e razão, mas insistiram no fato de que aquilo que aceitamos pela fé nunca é irracional."

"Quando você luta por sua fé, quando se depara com a noite sombria da alma, quando não tem certeza de onde está em relação às coisas de Deus, corra para as Escrituras. É de suas páginas que Deus, o Espírito Santo, lhe falará, abençoará sua alma e fortalecerá a fé que ele mesmo lhe deu."

02 agosto 2013

Aprendizado piedoso 67

"Quando eu falo do mistério de uma personalidade, estou pensando na coalescência surpreendente de contrariedades que você encontra em Jesus. Ele era o mais manso e humilde de todos os filhos dos homens. Contudo, Ele disse que viria sobre as nuvens do céu na glória de Deus. Ele era tão austero que os maus espíritos e demônios gritaram de terror, na Sua vinda. Contudo, Ele era tão genial, cativante e acessível que as crianças gostavam de brincar com Ele, e os pequeninos se aconchegavam em Seus braços. E, Sua companhia, na alegria inocente de um casamento de aldeia, era como a luz do sol. Ninguém jamais foi tão bondoso ou compassivo para com os pecadores. Contudo, ninguém falou de forma tão abrasadora, incandescendo palavras sobre o pecado. Ele não esmagará a cana quebrada, e Sua vida toda foi amor. Contudo, em uma ocasião Ele questionou os fariseus como eles escapariam da condenação do inferno. Ele era um sonhador e um visionário. Contudo, com Seu absoluto e objetivo realismo, Ele venceu os auto-intitulados “realistas”. Ele foi o servo de todos, lavando os pés dos discípulos. Contudo, Ele magistralmente entrou no Templo, e os vendedores ambulantes e comerciantes caíram uns sobre os outros durante sua fuga em disparada, para fugir do fogo que eles viram brilhando em Seus olhos. Ele salvou aos outros. Contudo, no final, a Si mesmo não iria salvar. Não há nada na história, como a união de contrastes que confronta você nos Evangelhos. O mistério de Jesus é o mistério de uma personalidade."
(James S. Stewart, no livro “The Strong Name”)

24 julho 2013

Soseiquenadasou

Sei de algumas coisas... Não sei de muitas...
Sei um pouco de quase tudo... Sei bastante de quase nada...
Sei um tanto disso e daquilo... Não sei nada de um monte daquilo outro...
Sei que sou um ser humano falho e limitado, com minhas próprias idiossincrasias...
Sei que sou um pecador redimido pela soberana vontade do Deus Trino, Vivo e Eterno...
Sei que sou um necessitado da Sua maravilhosa graça e da Sua extraordinária misericórdia...
Soseiquenadasou sem a justificação e o amor de Deus...
Soseiquenadasou sem meu Redentor e Salvador...
Soseiquenadasou sem Jesus Cristo de Nazaré...
Não sei de tantas coisas... Mas sei que preciso ter uma mente humilde e um coração grato.
Graças Te damos, Pai, em nome do Teu Filho, o Senhor Jesus (Colossenses 3:15-17). Amém.